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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Liberdade para quem, cara pálida?

Li hoje no Estadão que as entidades patronais da imprensa brasileira vão convidar os principais candidatos à presidência a assinar a Declaração de Chapultepec, uma carta de princípios sobre a liberdade de imprensa, feita a pedido da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), uma organização que representa os interesses dos grandes meios de comunicação.

A SIP é uma espécie de grande Instituto Milleniun continental. Está sempre pronta a levantar a voz contra ataques à liberdade das empresas jornalísticas, mas alguns de seus representantes já estiveram envolvidos em golpes de Estado, como no caso da Venezuela e de Honduras.

Ignorando estes aspectos, os candidatos à presidência, ou melhor a candidata Dilma Rousseff, já que José Serra tem todo o apoio e consideração da mídia brasileira, deveriam aproveitar o convite para exigir dos meios o compromisso com a verdade e com uma cobertura equilibrada das eleições. Que usem seus editoriais para atacar ou defender  quem quer que seja, mas que não manipulem, nem conduzam  o tom das matérias que publicam do dia a dia.

Até agora não é isso que a gente tem visto. Os donos de jornais querem um compromisso com a liberdade de imprensa, mas que liberdade é essa? A de tentar desqualificar uma candidatura, usando uma ficha falsa como a Folha de S.Paulo fez ao tentar chamar a então ministra Dilma de terrorista. A de enxergar só um lado da questão, de acordo com seus interesses, e condenar o apoio estatal a uma manifestação de 1º de maio, enquanto ignora apoio semelhante ao seu candidato predileto? A de se esforçar até se expor ao ridículo ao tentar minimizar a escolha do presidente do país como o líder mais influente do mundo?

Com isso, nenhum candidato deveria se comprometer. A imprensa tem um papel essencial na vida de qualquer país e deve exercê-lo com responsabilidade. Não existe nenhum tipo de censura à imprensa no país e as insuspeitas Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) reconhecem isso. Transcrevo literalmente o que está na matéria do “Estadão”, onde se afirma que ambas “consideram que há plena liberdade de expressão no país”. Como explicar, então, as palavras da presidente da ANJ, D. Judith Brito, executiva do grupo Folha”, dizendo que “os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”.  

O grande temor dos meios é de um controle social da mídia, o que representaria um grande avanço do sistema democrático. Mas disso eles não querem ouvir falar. A liberdade que desejam é puramente empresarial, como se a comunicação de massas e o próprio jornalismo não tivessem uma função social,  fossem apenas uma atividade comercial como outra qualquer.

Fonte: Tijolaço

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