Dizer na cara deles

Se tivesse que escolher uma única palavra para definir o que sinto neste momento, escolheria nojo. Chego a me perguntar quanto mais posso suportar dessa epidemia de hipocrisia que contaminou este país.
Não sei se é devido à situação de minha filha, que se agrava a cada dia, mas chego a achar que não agüentarei mais ler, ver e ouvir políticos, jornalistas, artistas e todo aquele que tem acesso à comunicação de massa e a usa para mentir, para defender barbaridades como se defendesse a causa mais justa.
Estou farto, enojado, revoltado. É tanta mentira, tanto escárnio da impotência de quem vê tudo isso e não tem como contestar que sinto uma ponta de desânimo se insinuando em meu íntimo.
Gente que não vale o que come. Bando de sem-vergonhas.
São capazes de se dizer isentos apesar de que o partidarismo lhes pula do olhar, dos atos e das palavras. Chegam a dizer que o programa eleitoral do PT foi propaganda e o do DEM, não foi. Ou que Dilma faz campanha e Serra, não. Têm a coragem de afirmar que um bando de nerds civis e de ambos os sexos poderiam ameaçar de alguma maneira o temível exército israelense…
Eu não agüento mais!
Você não tem como contestar e se sente impotente, pequeno, inútil. Em seguida, vai ao seu blog e escreve furiosamente para alguns milhares em um país de centenas de milhões. Mas, para atingir com a verdade uma mísera fração do que eles atingiram com a mentira, sabe que demorará semanas, talvez meses, por vezes anos.
Quando uma colunista de jornal casada com o marqueteiro do PSDB usa sua coluna para atacar o PT todo dia e depois se diz isenta, você tem que desmascará-la publicamente e na cara, pois ela engana as pessoas. É estelionato intelectual, no mínimo.
Quando eles mentem ou omitem ou distorcem no Jornal Nacional, haveria que entrar ali, naquela faixa do espectro radioelétrico, e acusar com argumentos e com fatos. Na hora. Se não for, depois eles se fazem de surdos, de cegos, de mudos, de desmemoriados, diante de argumentos para os quais não têm respostas.
Por não terem respostas a montanhas de questões, tomam cuidado para só participarem de eventos públicos nos quais possam controlar quem se manifesta e quem não se manifesta. Como não têm respostas, escondem as perguntas.
Estou cansado, desanimado, triste de ver a filha sofrer, mas minha cabeça continua intacta e pensante. E é preciso pensar muito. Primeiro, sobre como dizer os fatos tão alto quanto eles dizem as suas mentiras, e sobre como driblar a censura.
Bem, acho que tive uma idéia. Assim que minha filha melhorar, mostrarei, de novo, que eles não são tão poderosos assim, mesmo sendo muito poderosos. Eles não perdem por esperar.

Fonte: Cidadania