SÃO PAULO (Reuters) - Acionistas que compõem a Valepar, entidade que controla a mineradora Vale, indicaram na segunda-feira Murilo Ferreira para ser o novo presidente-executivo da companhia, em substituição a Roger Agnelli.
Ferreira, um administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas, com especialização em fusões e aquisições pela IMD Business School, trabalhou na Vale durante 10 anos, de 1998 a 2008.
"Murilo Ferreira foi indicado pelos acionistas controladores a partir de uma lista tríplice preparada por empresa internacional de seleção de executivos, em conformidade com as normas e o Estatuto da Valepar", informou a Vale em comunicado.
No período em que permaneceu na mineradora, ele chegou à diretoria executiva de níquel e metais de base, comandando também a subsidiária da empresa no Canadá (ex-Vale Inco), justamente a posição ocupada atualmente por Tito Botelho Martins, executivo que era tido como favorito para substituir Agnelli.
O nome de Ferreira, de 58 anos, não deixa de ser uma surpresa no processo, já que além de Tito também se comentava a eventual indicação do diretor de Marketing e Estratégia, José Carlos Martins, ou ainda algum nome com ligação mais forte com o Planalto.
A indicação ainda terá que ser aprovada pelo Conselho de Administração da Vale e, apesar de não ser esperada, possivelmente terá a chancela dos investidores e analistas pelo perfil técnico e a experiência no setor de mineração acumulada por Ferreira.
Em seu período na Vale, o executivo também atuou no setor de alumínio, como diretor da antiga Aluvale (Vale do Rio Doce Alumínio).
No novo posto, ele terá que lidar com os desejos do governo federal de uma atuação da companhia mais próxima das políticas de desenvolvimento industrial do Planalto, ponto em que Agnelli fracassou.
O governo federal ainda possui grande influência na mineradora, privatizada na década de 80, por meio das participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos fundos de pensões de empresas estatais.
No comunicado, os acionistas controladores também agradeceram os serviços de Agnelli nos últimos dez anos, período em que a Vale registrou um forte crescimento, no embalo do aumento da demanda por minério de ferro de economias emergentes, mais notadamente a China.
"Nesta oportunidade, os acionistas da Valepar reiteram seu reconhecimento ao Roger Agnelli pelo sucesso na condução da Vale nesses últimos anos, contribuindo para que a Vale alcançasse a posição de destaque que desfruta atualmente, no país e no exterior", informou a nota.
Murilo Ferreira, se aprovado pelo Conselho, deverá assumir a presidência executiva da mineradora em 22 de maio.
(Por Marcelo Teixeira, com reportagem adicional de Denise Luna, no Rio de Janeiro)
Por Denise Luna
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vale inicia na gestão de Murilo Ferreira uma nova fase, mas evidenciada pelos fatos que levaram à demissão de Roger Agnelli, que comandava a empresa desde 2001 seguindo uma via de crescimento não comprometida com as ações de governo.
A partir de agora, avaliam analistas e autoridades do próprio governo , a relação entre as duas partes deverá ter mais sintonia. O que se espera é que em um primeiro momento a companhia tenha que acelerar os projetos siderúrgicos que estão em andamento.
O ritmo lento do projeto do Pará, por exemplo, foi um dos motivos que agravaram a já então abalada relação de Agnelli com o governo, que considerou pequeno o empenho do executivo em uma obra que, se acelerada, poderia trazer ganhos políticos para o governo petista no Estado (o PSDB acabou ganhando a última eleição para o governo).
O projeto siderúrgico do Espírito Santo, conhecido como Ubu, recebeu em março licença ambiental e poderá ter um ganho em velocidade de implementação nas mãos de Martins, acreditam analistas, mesmo que a Vale não encontre nenhum sócio. A companhia também está desenvolvendo, junto com as coreanas Posco e Dongkuk, uma usina no Ceará.
Contratado durante um governo neoliberal, Agnelli fez a Vale virar uma gigante do setor e está a um passo da liderança entre rivais do porte de BHP e Rio Tinto.
Segundo dados do site da Vale, entre 2001 e 2010 a empresa criou 154,5 bilhões de dólares de valor aos acionistas e distribuiu 17,4 bilhões de dólares em dividendos e juros sobre o capital próprio. O retorno total aos acionistas foi de 38,2 por cento ao ano entre 2001 e 2010, "o mais elevado entre as maiores empresas de mineração", segundo o site.
Nos últimos 10 anos a empresa abandonou áreas como navegação (Docenave), alumínio e siderurgia, mas abriu outras frentes como níquel, cobre e fertilizantes.
Ferreira, um administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas, com especialização em fusões e aquisições pela IMD Business School, trabalhou na Vale durante 10 anos, de 1998 a 2008.
"Murilo Ferreira foi indicado pelos acionistas controladores a partir de uma lista tríplice preparada por empresa internacional de seleção de executivos, em conformidade com as normas e o Estatuto da Valepar", informou a Vale em comunicado.
No período em que permaneceu na mineradora, ele chegou à diretoria executiva de níquel e metais de base, comandando também a subsidiária da empresa no Canadá (ex-Vale Inco), justamente a posição ocupada atualmente por Tito Botelho Martins, executivo que era tido como favorito para substituir Agnelli.
O nome de Ferreira, de 58 anos, não deixa de ser uma surpresa no processo, já que além de Tito também se comentava a eventual indicação do diretor de Marketing e Estratégia, José Carlos Martins, ou ainda algum nome com ligação mais forte com o Planalto.
A indicação ainda terá que ser aprovada pelo Conselho de Administração da Vale e, apesar de não ser esperada, possivelmente terá a chancela dos investidores e analistas pelo perfil técnico e a experiência no setor de mineração acumulada por Ferreira.
Em seu período na Vale, o executivo também atuou no setor de alumínio, como diretor da antiga Aluvale (Vale do Rio Doce Alumínio).
No novo posto, ele terá que lidar com os desejos do governo federal de uma atuação da companhia mais próxima das políticas de desenvolvimento industrial do Planalto, ponto em que Agnelli fracassou.
O governo federal ainda possui grande influência na mineradora, privatizada na década de 80, por meio das participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos fundos de pensões de empresas estatais.
No comunicado, os acionistas controladores também agradeceram os serviços de Agnelli nos últimos dez anos, período em que a Vale registrou um forte crescimento, no embalo do aumento da demanda por minério de ferro de economias emergentes, mais notadamente a China.
"Nesta oportunidade, os acionistas da Valepar reiteram seu reconhecimento ao Roger Agnelli pelo sucesso na condução da Vale nesses últimos anos, contribuindo para que a Vale alcançasse a posição de destaque que desfruta atualmente, no país e no exterior", informou a nota.
Murilo Ferreira, se aprovado pelo Conselho, deverá assumir a presidência executiva da mineradora em 22 de maio.
(Por Marcelo Teixeira, com reportagem adicional de Denise Luna, no Rio de Janeiro)
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Por Denise Luna
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vale inicia na gestão de Murilo Ferreira uma nova fase, mas evidenciada pelos fatos que levaram à demissão de Roger Agnelli, que comandava a empresa desde 2001 seguindo uma via de crescimento não comprometida com as ações de governo.
A partir de agora, avaliam analistas e autoridades do próprio governo , a relação entre as duas partes deverá ter mais sintonia. O que se espera é que em um primeiro momento a companhia tenha que acelerar os projetos siderúrgicos que estão em andamento.
O ritmo lento do projeto do Pará, por exemplo, foi um dos motivos que agravaram a já então abalada relação de Agnelli com o governo, que considerou pequeno o empenho do executivo em uma obra que, se acelerada, poderia trazer ganhos políticos para o governo petista no Estado (o PSDB acabou ganhando a última eleição para o governo).
O projeto siderúrgico do Espírito Santo, conhecido como Ubu, recebeu em março licença ambiental e poderá ter um ganho em velocidade de implementação nas mãos de Martins, acreditam analistas, mesmo que a Vale não encontre nenhum sócio. A companhia também está desenvolvendo, junto com as coreanas Posco e Dongkuk, uma usina no Ceará.
Contratado durante um governo neoliberal, Agnelli fez a Vale virar uma gigante do setor e está a um passo da liderança entre rivais do porte de BHP e Rio Tinto.
Segundo dados do site da Vale, entre 2001 e 2010 a empresa criou 154,5 bilhões de dólares de valor aos acionistas e distribuiu 17,4 bilhões de dólares em dividendos e juros sobre o capital próprio. O retorno total aos acionistas foi de 38,2 por cento ao ano entre 2001 e 2010, "o mais elevado entre as maiores empresas de mineração", segundo o site.
Nos últimos 10 anos a empresa abandonou áreas como navegação (Docenave), alumínio e siderurgia, mas abriu outras frentes como níquel, cobre e fertilizantes.
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