Os jornais El País,The New York Times e Washington Post publicaram em seus sites na noite deste domingo (24) uma série de documentos secretos que revelam informações detalhadas sobre a base militar norte-americana de Guantânamo. Os três veículos tratam de fichas de 759 dos 779 presos que passaram pela prisão.
Com data entre 2002 e 2009, os registros revelam que o governo dos Estados Unidos usou a prisão de Guantânamo ilegalmente para obter informação dos detidos, independentemente de serem suspeitos ou não. Informam também que parte dos prisioneiros afegãos e paquistaneses eram inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos durante operações de inteligência em zonas de guerra.
O El País cita como exemplo de presos inocentes o diretor de escola sudanês Al Rachid Raheem, o afegão Mahngur Alijan que estava pedindo carona para comprar remédios e o iraniano Bajtiar Bamari, que vivia no Afeganistão na época em que os EUA procuravam Osama Bin Laden. Bajtiar Bamari passou dois anos presos na base militar, mesmo sem ter vínculos com a Al Qaeda ou com o Talebã.
"Os 759 relatórios secretos revelam os abusos em Guantânamo. Os documentos mostram que a principal finalidade da prisão foi explorar todas as informações dos presos, apesar da reconhecida inocência de muitos deles. Sessenta porcento foram levados para a base militar sem ser uma ameaça provável", escreveu o jornal espanhol.
O El País cita ainda o caso de um homem de 89 anos preso em Guantânamo. Ele sofria de demência senil, artrite e depressão. Foi detido porque os soldados encontraram um telefone no complexo de casas onde ele vivia que continha números de pessoas "suspeitas" de ligação com o Talebã. O idoso não sabia de quem era o telefone, tampouco sabia manusear o aparelho. Tempos depois, as autoridades concordaram que ele não sabia de nada e que não oferecia perigo.
Um dos presos foi um adolescente afegão de 15 anos que não era apenas inocente, como também uma vítima do "inimigo". Antes de ser detido pelos EUA, um grupo armado talebã sequestrou e estuprou o jovem.
Com base nos documentos, o jornal concluiu que o pressuposto de inocência não existe em Guantânamo. O prisioneiro é que precisa demonstrar que não é terrorista, nem talebã. Não havia provas contra o afegão Yamatollah Abdul, por exemplo, mas ele é suspeito porque "quando pressionado para explicar sua história em detalhes ele não colabora". "É evasivo e reticente em reconhecer certas coisas", consta em uma ficha.
Em nenhum momento as autoridades norte-americanas informam em que circunstância os presos admitiram suas culpas, constatou o El País.
De acordo com as fichas, os EUA criaram na prisão de Guantânamo "um sistema policial e penal sem garantias no qual só importavam duas questões: quanta informação se obteria dos presos, embora fossem inocentes, e se podiam ser perigosos no futuro”.
A estratégia era privar o preso de liberdade ainda que ele não tivesse cometido nenhum delito ou crime de guerra. Assim, se soubesse de algo, de alguma relação de seus familiares com o terrorismo, revelaria às autoridades.
Os documentos mostram ainda que 130 dos 172 prisioneiros que deixaram a base de Guantânamo eram considerados "de alto risco" - uma ameaça para os Estados Unidos e seus aliados. Porém, eles foram libertados sem terem sido "reabilitados ou com a supervisão necessária".
Crítica oficial
Após a divulgação dos documentos pelos jornais, o Departamento de Estado e o Pentágono lamentaram o vazamento na noite de domingo por meio de comunicado.
"É triste que várias organizações midiáticas tenham tomado a decisão de publicar vários documentos obtidos de forma ilegal pelo WikiLeaks relacionados com o centro de detenção de Guantânamo", afirmou o governo norte-americano.
"Esses documentos contêm informação confidencial sobre detidos atuais e passados de Guantânamo e condenamos categoricamente o vazamento desta informação sensível", ressaltou o comunicado.
Desde a criação da prisão norte-americana, em 2002, morreram sete presos no local, segundo dados oficiais. Sua manutenção não encontra amparo em nenhuma convenção internacional e, portanto, não há como fiscalizar o que acontece em seu interior, motivo pelo qual os EUA são criticados por organizações de direitos humanos. Os EUA também não permitem que a ONU (Organização das Nações Unidas) inspecione as condições da base e do tratamento recebido pelos detidos.
Atualmente, há 172 detidos. O máximo de prisioneiros que ficou no local foi 779 em 2003.
Fonte: Opera Mundi
Fonte: Vermelho
Com data entre 2002 e 2009, os registros revelam que o governo dos Estados Unidos usou a prisão de Guantânamo ilegalmente para obter informação dos detidos, independentemente de serem suspeitos ou não. Informam também que parte dos prisioneiros afegãos e paquistaneses eram inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos durante operações de inteligência em zonas de guerra.
O El País cita como exemplo de presos inocentes o diretor de escola sudanês Al Rachid Raheem, o afegão Mahngur Alijan que estava pedindo carona para comprar remédios e o iraniano Bajtiar Bamari, que vivia no Afeganistão na época em que os EUA procuravam Osama Bin Laden. Bajtiar Bamari passou dois anos presos na base militar, mesmo sem ter vínculos com a Al Qaeda ou com o Talebã.
"Os 759 relatórios secretos revelam os abusos em Guantânamo. Os documentos mostram que a principal finalidade da prisão foi explorar todas as informações dos presos, apesar da reconhecida inocência de muitos deles. Sessenta porcento foram levados para a base militar sem ser uma ameaça provável", escreveu o jornal espanhol.
O El País cita ainda o caso de um homem de 89 anos preso em Guantânamo. Ele sofria de demência senil, artrite e depressão. Foi detido porque os soldados encontraram um telefone no complexo de casas onde ele vivia que continha números de pessoas "suspeitas" de ligação com o Talebã. O idoso não sabia de quem era o telefone, tampouco sabia manusear o aparelho. Tempos depois, as autoridades concordaram que ele não sabia de nada e que não oferecia perigo.
Um dos presos foi um adolescente afegão de 15 anos que não era apenas inocente, como também uma vítima do "inimigo". Antes de ser detido pelos EUA, um grupo armado talebã sequestrou e estuprou o jovem.
Com base nos documentos, o jornal concluiu que o pressuposto de inocência não existe em Guantânamo. O prisioneiro é que precisa demonstrar que não é terrorista, nem talebã. Não havia provas contra o afegão Yamatollah Abdul, por exemplo, mas ele é suspeito porque "quando pressionado para explicar sua história em detalhes ele não colabora". "É evasivo e reticente em reconhecer certas coisas", consta em uma ficha.
Em nenhum momento as autoridades norte-americanas informam em que circunstância os presos admitiram suas culpas, constatou o El País.
De acordo com as fichas, os EUA criaram na prisão de Guantânamo "um sistema policial e penal sem garantias no qual só importavam duas questões: quanta informação se obteria dos presos, embora fossem inocentes, e se podiam ser perigosos no futuro”.
A estratégia era privar o preso de liberdade ainda que ele não tivesse cometido nenhum delito ou crime de guerra. Assim, se soubesse de algo, de alguma relação de seus familiares com o terrorismo, revelaria às autoridades.
Os documentos mostram ainda que 130 dos 172 prisioneiros que deixaram a base de Guantânamo eram considerados "de alto risco" - uma ameaça para os Estados Unidos e seus aliados. Porém, eles foram libertados sem terem sido "reabilitados ou com a supervisão necessária".
Crítica oficial
Após a divulgação dos documentos pelos jornais, o Departamento de Estado e o Pentágono lamentaram o vazamento na noite de domingo por meio de comunicado.
"É triste que várias organizações midiáticas tenham tomado a decisão de publicar vários documentos obtidos de forma ilegal pelo WikiLeaks relacionados com o centro de detenção de Guantânamo", afirmou o governo norte-americano.
"Esses documentos contêm informação confidencial sobre detidos atuais e passados de Guantânamo e condenamos categoricamente o vazamento desta informação sensível", ressaltou o comunicado.
Desde a criação da prisão norte-americana, em 2002, morreram sete presos no local, segundo dados oficiais. Sua manutenção não encontra amparo em nenhuma convenção internacional e, portanto, não há como fiscalizar o que acontece em seu interior, motivo pelo qual os EUA são criticados por organizações de direitos humanos. Os EUA também não permitem que a ONU (Organização das Nações Unidas) inspecione as condições da base e do tratamento recebido pelos detidos.
Atualmente, há 172 detidos. O máximo de prisioneiros que ficou no local foi 779 em 2003.
Fonte: Opera Mundi
Fonte: Vermelho
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