20 de maio de 2010 | 18h24
Sílvio Guedes Crespo
A revista britânica The Economist tenta responder a questão do momento sobre a economia brasileira: o País consegue crescer com força sem gerar inflação?
A reposta dada pela publicação talvez irrite os empresários que brigam por taxas de juros menos estratosféricas: “Ainda que [o Brasil] esteja crescendo como a China, o Brasil não é a China”, diz a revista, após informar que a economia do País deve ter crescido 10% nos últimos seis meses em taxa anualizada.
Em texto intitulado “Brasil voa alto demais para se manter seguro”, a economia brasileira está parecendo os carros da Toyota que, uma vez em movimento, não paravam de acelerar. A reportagem cita os incentivos do governo como fator que impulsionou a economia depois da crise. “O problema, dizem os críticos, é que muitos dos gastos extras do governo são permanentes”, afirma o texto.
A Economist lembra que a inflação nos últimos 12 meses foi de 5,3%, acima do centro da meta do governo (4,5%), e diz que as importações devem passar as exportações neste ano, pela primeira vez desde 2000.
A revista conta que os cortes de gastos propostos pelo governo, de R$ 10 bilhões anunciados em maio e R$ 21 bilhões em março, servem para a previsão Orçamentária e, mesmo se implementados na íntegra, vão “simplesmente reduzir o ritmo de aumento dos gastos do governo”.
‘Dor na Europa é a alegria de Meirelles’
Contrapondo ao pessimismo verificado na Economist, a agência Bloomberg publicou nesta quinta-feira uma reportagem mostrando que investidores já estão menos temerosos em relação ao crescimento descontrolado do Brasil.
A agência notou que os aplicadores estão apostando em taxas de juros não tão altas para os títulos públicos brasileiros. O retorno esperado de alguns papéis vem caindo ininterruptamente há cinco dias. É um sinal de que os investidores acham que o BC não precisará elevar o juro básico tanto quanto os especialistas vinham supondo. O motivo apontado pela agência é a crise na Europa, que reduzirá preços de commodities e também o ritmo de crescimento mundial. Como consequência, limitará a expansão brasileira e diminuirá a pressão inflacionária.
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