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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Após escândalo do Wikileaks, Chávez diz que Hillary deveria renunciar

Para Chávez, Hillary se sente
superior a Obama porque é "branca"

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta segunda-feira que o "império ficou nu" após a divulgação de informações sigilosas dos Estados Unidos feita pelo site de denúncias Wikileaks.
O venezuelano também pôs em xeque as condições psicológicas da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e disse que ela deveria renunciar. "Alguém deveria estudar o equilíbrio mental da senhora Clinton", disse Chávez, em reunião de Conselho de ministros transmitida pelo canal estatal.
O comentário faz referência à divulgação de comunicados da Embaixada dos EUA em Buenos Aires, nos quais Hillary questiona a saúde física e mental da presidente argentina Cristina Fernandez Kirchner.
Chávez disse que com as revelações do Wikileaks a "pequena máscara" que os Estados Unidos tinham, caiu. "Eles mandam investigar até os aliados (...). É o império nu", disse.
O presidente venezuelano contou que chegou a comentar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Clinton seria um problema como chanceler, porque a seu ver, ela sente superior a Obama, porque é "branca".
"Ela se sente superior a Obama, uma vez eu disse isso a Lula", afirmou.
Entre os trechos de 250 mil mensagens trocadas entre diplomatas americanos aparece a iniciativa de tentar isolar o governo de Hugo Chávez dos demais países da região.
"Uma das coisas que ficou demonstrado são as tentativas dos Estados Unidos de isolar a revolução bolivariana este soldado que está aqui", disse. "Só que não conseguiram, nem conseguirão, muito menos agora", acrescentou.
Chávez disse que diante do escândalo, Clinton deveria renunciar ao cargo.
"Ai, ai, você deveria renunciar, senhora (Clinton) e toda essa rede de espiões e delinquentes que há no Departamento de Estado", disse Chávez, ao comentar as declarações da secretária de Estado, quem acusou a Wikileaks de "roubo" de documentos.
“Sei que muita gente aplaudiu esses irresponsáveis. Então quero ser clara: não há nada de nobre em colocar em risco a vida de inocentes. E não há nada de bravo em sabotar as relações pacíficas entre nações que dependem da nossa segurança conjunta.”
Asilo
Além de Chávez, que parabenizou a "coragem" de Julian Assange, fundador do Wikileaks, o governo do Equador, foi além e disse que poderá oferecer asilo a Assange para que ele possa se expressar "livremente".
"Estamos abertos a oferecer residência em Equador, sem nenhum tipo de problema, sem nenhum tipo de condicionamento", afirmou Lucas ao portal Ecuadorinmediato.
Segundo Lucas o governo equatoriano está preocupado com as informações obtidas pelo Wikileaks, em especial, sobre seu país e América do Sul.
"Vamos tentar convidá-lo para que venha a Equador e possa expor livremente, não somente por meio da internet (...) a informação que ele tem e todos os documentos", afirmou.
Cerca de 1,6 mil documentos dos 250 mil que foram revelados, se referem ao Equador.
Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil

Leandro: Johnbim, o ministro X-9

abe o Morales ?

Publicado no blog Brasília, eu vi de Leandro Fortes:

O ministro X-9


Por Leandro Fortes

Uma informação incrível, revelada graças às inconfidências do Wikileaks, circula ainda impunemente pela equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff: o ministro da Defesa, Nelson Jobim, costumava almoçar com o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil Clifford Sobel para falar mal da diplomacia brasileira e passar informes variados. Para agradar o interlocutor e se mostrar como aliado preferencial dentro do governo Lula, Jobim, ministro de Estado, menosprezava o Itamaraty, apresentado como cidadela antiamericana, e denunciava um colega de governo, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, como militante antiyankee. Segundo o relato produzido por Clifford Sobel, divulgado pelo Wikileaks, Jobim disse que Guimarães “odeia os EUA” e trabalha para “criar problemas” na relação entre os dois países.

Para quem não sabe, Samuel Pinheiro Guimarães, vice-chanceler do Brasil na época em que Jobim participava de convescotes na embaixada americana em Brasília, é o atual ministro-chefe da Secretaria Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE). O Ministério da Defesa e a SAE são corresponsáveis pela Estratégia Nacional de Defesa, um documento de Estado montado por Jobim e pelo antecessor de Samuel Guimarães, o advogado Mangabeira Unger – com quem, aliás, Jobim parecia se dar muito bem. Talvez porque Unger, professor em Harvard, é quase um americano, com sotaque e tudo.

Após a divulgação dos telegramas de Sobel ao Departamento de Estado dos EUA, Jobim foi obrigado a se pronunciar a respeito. Em nota oficial, admitiu que realmente “em algum momento” (qual?) conversou sobre Pinheiro com o embaixador americano, mas, na oportunidade, afirma tê-lo mencionado “com respeito”. Para Jobim, o ministro da SAE é “um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil”, e que Sobel o interpretou mal. Como a chefe do Departamento de Estado dos EUA, Hillary Clinton, decretou silêncio mundial sobre o tema e iniciou uma cruzada contra o Wikileaks, é bem provável que ainda vamos demorar um bocado até ouvir a versão de Mr. Sobel sobre o verdadeiro teor das conversas com Jobim. Por ora, temos apenas a certeza, confirmada pelo ministro brasileiro, de que elas ocorreram “em algum momento”.

Mais adiante, em outro informe recolhido no WikiLeaks, descobrimos que o solícito Nelson Jobim outra vez  atuou como diligente informante do embaixador Sobel para tratar da saúde de um notório desafeto dos EUA na América do Sul, o presidente da Bolívia, Evo Morales. Por meio de Jobim, o embaixador Sobel foi informado que Morales teria um “grave tumor” localizado na cabeça. Jobim soube da novidade em 15 de janeiro de 2009, durante uma reunião realizada em La Paz, onde esteve com o presidente Lula. Uma semana depois, em 22 de janeiro, Sobel telegrafava ao Departamento de Estado, em Washington, exultante com a fofoca.

No despacho, Sobel revela que Jobim foi além do simples papel de informante. Teceu, por assim dizer, considerações altamente pertinentes. Jobim revelou ao embaixador americano que Lula tinha oferecido a Morales exame e tratamento em um hospital em São Paulo. A oferta, revela Sobel no telegrama a Washington, com base nas informações de Jobim, acabou protelada porque a Bolívia passava por um “delicado momento político”, o referendo, realizado em 25 de janeiro do ano passado, que aprovou a nova Constituição do país. “O tumor poderia explicar por que Morales demonstrou estar desconcentrado nessa e em outras reuniões recentes”, avisou Jobim, segundo o amigo embaixador.

Não por outra razão, Nelson Jobim é classificado pelo embaixador Clifford Sobel como “talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil”. Não é difícil, à luz do Wikileaks, compreender tamanha admiração. Resta saber se, depois da divulgação desses telegramas, a presidente eleita Dilma Rousseff ainda terá argumentos para manter Jobim na pasta da Defesa, mesmo que por indicação de Lula. Há outros e piores precedentes em questão.

Jobim está no centro da farsa que derrubou o delegado Paulo Lacerda da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), acusado de grampear o ministro Gilmar Mendes, do STF. Jobim apresentou a Lula provas falsas da existência de equipamentos de escutas que teriam sido usados por Lacerda para investigar Mendes. Foi desmentido pelo Exército. Mas, incrivelmente, continuou no cargo. Em seguida, Jobim deu guarida aos comandantes das forças armadas e ameaçou renunciar ao cargo junto com eles caso o governo mantivesse no texto do Plano Nacional de Direitos Humanos a idéia (!) da instalação da Comissão da Verdade para investigar as torturas e os assassinatos durante a ditadura militar. Lula cedeu à chantagem e manteve Jobim no cargo.

Agora, Nelson Jobim, ministro da Defesa do Brasil, foi pego servindo de informante da Embaixada dos Estados Unidos. Isso depois de Lula ter consolidado, à custa de enorme esforço do Itamaraty e da diplomacia brasileira, uma imagem internacional independente e corajosa, justamente em contraponto à política anterior, formalizada no governo FHC, de absoluta subserviência aos interesses dos EUA.

Foi preciso oito anos para o país se livrar da imagem infame do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer tirando os sapatos no aeroporto de Miami, em dezembro de 2002, para ser revistado por seguranças americanos.

De certa forma, os telegramas de Clifford Sobel nos deixaram, outra vez, descalços no quintal do império.


Para Jobim, embaixador americano ou WikiLeaks mente

Só ele desmentiu o WikiLeaks. Que proeza !
O ministro da defesa (dos EUA) Nelson Johnbim foi o primeiro personagem de um vazamento do WikiLeaks que contestou a veracidade de informação ali contida. 

O que só não é mais grave do que falar mal da diplomacia brasileira, e de um colega ministro, ou revelar uma inconfidência de um chefe de Estado estrangeiro (Evo Morales) a um embaixador estrangeiro.

Ninguém ousou dizer que a informação do WikiLeaks é falsa.

Só o Johnbim.

Ou ele acha que o embaixador americano é um cretino ?

Que ouve inconfidências irresponsáveis do ministro da defesa do Brasil e manda um telegrama errado para Washington.

O Johnbim pensa que o americano é burro ?

Ou que o presidente Lula é burro ?

Ou que o amigo navegante é burro ?

Ainda bem que na noite da vitória, a presidente Dilma Rousseff avisou que só seria ministro dela quem jogasse no time dela.

Quem estivesse do lado dela.

Leia o que disse o Johnbim :

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Crime organizado entra em debate na Câmara dos Deputados

A reunião de líderes que definirá a pauta de votação desta semana da Câmara dos Deputados, que acontece nesta terça-feira (30/11), deverá incluir o PL 6578/2009, que torna mais rígidas as ações de combate ao crime organizado no país.

A proposta, resultante do projeto substitutivo do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do Bloco de Apoio ao Governo no Senado, cria o estatuto da delação premiada, estabelece as prerrogativas do Ministério Público e das polícias Civil e Federal no processo de investigação, e define critérios de segurança para os agentes infiltrados e seus familiares.

Num momento que em todas as atenções se voltam para guerra travada contra o criminalidade no Rio de Janeiro, o projeto de combate ao crime organizado deverá receber prioridade para votação no Plenário da Câmara. Há mais de um ano, a proposta aguarda por relatório na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.

O substitutivo de Mercadante tipifica todos os tipos de crime, desde tráfico de armas, drogas, corrupção, contrabando e ação de milícias. Neste caso, explicou o líder, por se tratar de organização militar paralela ao Estado, os integrantes também poderão ser tipificados como organizações criminosas. Um grupo de três ou mais pessoas que se juntam para praticar alguma espécie de crime será considerado como organização. Em caso de comprovada a participação de funcionário público ou parlamentar em organização criminosa, o projeto prevê que o juiz poderá afastá-lo do cargo ou mandato.

"A lei que nós aprovamos dá importantes instrumentos ao Estado brasileiro no combate às organizações criminosas. Essas facções se alastraram em todo o mundo e aqui dominam vários presídios. Nos últimos anos, atacaram o Estado, mataram soldados, agentes penitenciários, policiais militares e civis. Não podemos aceitar essa situação e o Senado deu uma resposta", enfatizou o senador.

Consenso Inédito

Nos últimos seis meses, Mercadante participou de diversas reuniões entre os membros do Ministério Público e das polícias Civil e Federal, tendo em vista fechar um acordo para estabelecer o papel de cada um no processo de investigação. "Todos eles têm o mesmo objetivo comum, que é combater o crime organizado, mas havia algumas restrições entre eles. Mas o importante é que chegamos a um acordo inédito", afirmou o líder.

A partir de agora, o Ministério Público poderá participar da fase de investigação, mas terá prazo e procedimentos a seguir, formalizando nos autos todas as informações solicitadas a que tiver acesso. Depois disso, na fase do inquérito, poderá dirigir isoladamente o processo.

"Para chegarmos ao entendimento entre o Ministério Público e as polícias tivemos importante participação dos membros da OAB, da Receita Federal do Brasil, do Banco Central, do Supremo Tribunal de Justiça, da Procuradoria Geral da República e do Ministério da Justiça. O Estado brasileiro está coeso e apoiando essa iniciativa", sustentou.

Penas

Para o líder Aloizio Mercadante, a progressão da pena, ou seja, o aumento de três a dez anos da pena que estará sujeito o integrante da organização criminosa, funcionará como poderoso instrumento da Justiça no combate ao crime. Mercadante lembrou que, se a lei estivesse em vigor, o traficante Fernandinho Beira–Mar, condenado a 15 anos, teria sua pena acrescida de mais dez anos por liderar uma organização.

Delação Premiada

O estatuto da delação premiada dará garantias para o integrante da organização que vai colaborar com as investigações, pois todas as informações que possam lhe incriminar serão resguardadas.

Convenção de Palermo

A Convenção de Palermo, da Organização das Nações Unidas (ONU), é uma recomendação para que todos os países do mundo avancem nas suas legislações para dar mais instrumentos para as polícias e o Ministério Público, Receita Federal, Banco Central, no combate à lavagem de dinheiro, narcotráfico, tráfico de drogas, corrupção, de maneira sistêmica e eficiente.
Agentes Infiltrados - A extensão do projeto é ampla e estabeleceu, inclusive, regras de proteção para os agentes infiltrados e seus familiares. "Também incluímos no projeto a ação controlada. Se a polícia e o Ministério Público querem apreender um grande carregamento de drogas, por exemplo, haverá regras de como proceder e guardar o momento oportuno para dar início à ação, fazendo parte do trabalho de inteligência da polícia", explicou Mercadante.


Fonte: Liderança do PT no Senado
Fonte: Vermelho

Laurindo Leal: Donos da mídia estão nervosos


Veja andou atrás do blogueiro Renato Rovai querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
por Laurindo Lalo Leal Filho, em Carta Maior
O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
À essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores.
O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.
Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda.
Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade.
Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.
Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a possibilidade de entendê-los com muita clareza.
Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais, dispensando intermediários.
Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim do mandato.
Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo do mundo.
Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país, participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos. Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo.
Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela o presidente foi para o sacrifício.
Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O descompasso será enorme.
As inúmeras conquistas alcançadas ficariam escondidas se o presidente não fosse às ruas, às praças, às conferências setoriais de nível nacional, aos congressos e reuniões de trabalhadores para contar de viva voz e cara-a-cara o que o seu governo vinha fazendo. A NBR, televisão do governo federal, tem tudo gravado. É um excelente acervo para futuras pesquisas.
Curioso lembrar as várias teses publicadas sobre a sociedade mediatizada, onde se tenta demonstrar como os meios de comunicação estabelecem os limites do espaço público e fazem a intermediação entre governos e sociedade.
Pois não é que o governo Lula rompeu até mesmo com essas teorias. Passou por cima dos meios, transmitiu diretamente suas mensagens e deixou nervosos os empresários da comunicação e os seus fiéis funcionários, abalados com a perda do monopólio da transmissão de mensagens.
Está dada, ao final deste governo, mais uma lição. Governos populares não podem ficar sujeitos ao filtro ideológico da mídia para se relacionarem com a sociedade.
Mas também não pode depender apenas de comunicadores excepcionais como é caso do presidente Lula. Se outros surgirem ótimo. Mas uma sociedade democrática não pode ficar contando com o acaso.
Daí a importância dos blogueiros, dos jornais regionais, das emissoras comunitárias e de uma futura legislação da mídia que garanta espaços para vozes divergentes do pensamento único atual.
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).
Fonte: Vi o mundo

domingo, 28 de novembro de 2010

A cor da tragédia no Rio


Sábado, fim da manhã, dou uma escapada do escritório. Fui trabalhar em um dia que costumo dedicar ao descanso porque precisava “preparar” a viagem de negócios que começo a fazer no dia seguinte.
Preciso almoçar. Café e cigarros, ininterruptamente – consumo um e outro sem perceber, quando trabalho ou escrevo –, fizeram-me cair a pressão.
O bar serve uma das feijoadas mais honestas da região da Vila Mariana. De carro, chego lá em 5 minutos.  Gasto mais cinco esperando pela comida e mais dez para comer. Antes da uma estarei de volta.
Meu escritório está na região há quase 15 anos. Vários conhecidos freqüentam o estabelecimento em que matarei a fome. Ao chegar lá, cumprimentam-me e me convidam a sentar à mesa repleta de garrafas de cerveja vazias.
Hesito. São pessoas que têm por costume fazer comentários que me desagradam. A educação, porém, fala mais alto e aceito. Encaro a turma que têm os olhos injetados pelo álcool.
Alguns dos homens, estando todos na mesma faixa etária que eu, mencionam a entrevista com Lula e começam a fazer piadinhas próprias da mentalidade política e ideológica que infesta a parte de São Paulo em que vivo.
Permaneço impassível e calado. Percebem que não estou achando graça. Um deles, menos grosseiro, resolve mudar de assunto:
– E o Rio, hein! Que tragédia!
Percebo que é outro tema que não vai prestar e me abstenho de comentários. Dedico-me à excelente batidinha de limão que servem ali.
Um outro decide escancarar a bocona: “Sabe qual é o problema do Rio?”. Percebendo que vem pedrada, mas já começando a me irritar, pergunto qual seria o “problema do Rio”.
– Pretos, cara. Notou que são todos pretos?
– Todos, quem, cara-pálida?
– Todos. Bandidos, moradores da região. Tudo preto. Esse é o problema do Rio.
Reflito, antes de responder. Ao menos em uma coisa esse demente tem razão: a tragédia carioca tem cor. Realmente, bandidos e população atingida por eles são negros em expressiva maioria. Então respondo:
– Mas a culpa não é deles, é sua. São racistas como você que fizeram com que mesmo depois de mais de um século do fim da escravidão os negros continuassem mergulhados nessa tragédia…
– Mas…
– Aqueles traficantes quase todos negros, um dia foram crianças que se inebriaram pelo poder que os bandidos exercem sobre essas comunidades.
A mesa com seis homens de meia idade fica em silêncio, perplexa com o que acabara de ouvir. Levanto-me, vou até o caixa, pago pela comida que não comi, subo no carro, sem me despedir de ninguém, e vou embora sem almoçar.
Já não havia mais fome.
Levo comigo, porém, uma certeza: a tragédia no Rio tem cor. Existe por conta dessa cor.
Aquelas populações, pela cor da pele, foram mantidas em guetos miseráveis, longe das preocupações dos setores exíguos e preconceituosos da sociedade que fingem que a culpa é dos governantes.
Fonte: Cidadania

sábado, 27 de novembro de 2010

Dilma podia ouvir Comparato sobre Ley de Medios

A Ministra Ellen Gracie resolveu re-escrever, sozinha, a Constituição
O emérito professor Fábio Comparato entrou no Supremo com uma ADIN por Omissão para obrigar o Congresso a legislar sobre os três artigos da Constituição de 1988 que até hoje não foram regulamentados. Clique aqui para ler.

A causa foi patrocinada por duas entidades de âmbito nacional, com pertinência temática, como exige a Constituição: a Fenarj, a Federação dos Jornalistas, e a Fitert, a Federacao dos Radialistas.

A ADIN, por obra e graça do Reino da Treva, caiu nas mãos da Ministra Ellen Gracie, aquela que, por anos, se recusou a abrir os dados do HD do Daniel Dantas, com um argumento notável: Dantas não é Dantas, mas Dantas !

O que fez a Ministra ?

Negou o pedido.

E re-escreveu a Constituição.

Determinou que a Fenarj e a Fitrert NÃO são entidades nacionais.

De onde a Ministra tirou isso, não se sabe.

Mas, tirou.

O professor Comparato não se intimidou – clique aqui para ler – com a redatora da Constituiçãoo.

(Alias, ela é discípula do Ministro serrista Nelson Jobim, que confessou ter escrito ele próprio, solitariamente, um artigo da Constituição. Quem pode pode.)

Comparato recorreu e o plenário do Supremo decidirá.

E entrou com a mesma ADIN, agora patrocinada pelo PSOL.

Mas, não é só isso.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicação e Publicidade, filiada à UGT, num ato de coragem, entendeu o obstáculo que a Ministra opos à luta de Comparato, e aderiu à causa.

Comparato vai em breve entrar com a mesma ADIN, agora patrocinada por uma Confederação Nacional, com pertinência temática.

Vamos ver o que dirá a redatora da Constituição, a Ministra Ellen Gracie.

A ADIN trata dos artigos constitucionais que impoem:

- o fim do monopólio ou do oligopólio na Comunicação;

- a regionalização da programação;

- e o direito de resposta.

Só isso.

E só isso basta para o Ministro Paulo Bernardo iniciar os trabalhos de uma Ley de Medios. 

Aliás, para irritar o PiG (*), de vez, o Ministro e a Presidente Dilma poderiam convidar para uma conversa o professor Comparato, a Confederação dos Trabalhadores em Comunicação e os blogueiros sujos do Instituto Barão de Itararé, que encampou a batalha do professor Comparato.

(Aliás, o professor Comparato tentou fazer a OAB patrocinar a ADIN. Mas, o presidente da OAB, que entende de tudo, preferiu dedicar-se  ao ENEM.)

Aliás, já estará na mesa da Presidente Dilma a determinação que dara à Advocacia Geral de União sobre a matéria.

Quando a ADIN do professor Comparato chegar ao plenário do Supremo, a AGU terá de se pronunciar.

Será uma magnífica oportunidade para se ver até que ponto a Presidente está, de fato, comprometida com uma Ley de Medios.

O Ministro Franklin Martins já disse que considera um absurdo o Congresso sentar-se desde 1988 em cima desses três artigos da Constituição (com medo da Globo, diria este ordinário blogueiro).

O proprio professor Comparato sentiu na pele o voto da AGU a favor da Lei da Anistia que absolveu os torturadores do regime militar.

O professor estava e está do outro lado da cadeira do dragão: ao lado dos torturados.

Observe-se também que um projeto de Lei da Presidencia da República tem prioridade absoluta na tramitação no Congresso.

Bem que a presidente Dilma poderia conversar com o professor Comparato e, com ele, fazer um PL para mandar ao Ministro Paulo Bernardo.

O Barão de Itararé, que apanhou tanto da polícia política do Getúlio, lá das entranhas do Rio Grande do Sul dedicaria à Presidente Dilma a capa do seu Almanhaque.

Clique aqui para ler sobre notável conferência do Ministro Ayres Britto: “o Judiciário é o maior obstáculo à liberade de imprensa”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

E agora PIG? FHC repete discurso de Franklin Martins: diz que tem que haver regulação da mídia

Passada as eleições, o ex-presidente FHC resolveu falar o mesmo que Lula, Dilma, Franklin Martins, o PT, o PCdoB, o PSB, nós da blogosfera estamos falando há tempos: que a mídia tem que ter regulamentação.

O ex-presidente disse que é "impossível" não ter regulação, e completou:

"No debate atual, existe uma certa confusão. Estamos misturando a necessidade eventual da organização dos meios de difusão, inclusive por causa das novas tecnologias e da convergência entre plataformas, que requerem alguma regulação, com aquilo que não requer regulação, que é o conteúdo".

Repetiu extamente o que disse Franklin Martins no recente Seminário de Convergência de Mídias.

FHC "derrapa", e esquece a Constituição de 88, que assinou

O ex-presidente só derrapou e confundiu ao dizer que o conteúdo não tem que ter regulação. Tem sim. Não tem que ter censura, mas tem que ter regulação de limites de programação estrangeira, cotas de programação regional, e outras coisas da Constituição de 88, da qual FHC participou como constituinte.





Jornalismo engajado existe no mundo inteiro. A velha mídia, por exemplo, foi engajada para derrubar Getúlio Vargas e Jango, foi engajada no apoio à ditadura, foi engajada na eleição de Collor e FHC, e foi engajada por Alckmin e Serra, e foi engajada para tentar derrubar o governo Lula. Só que é corrupta, quando quer se apresentar como "isenta" e "apartidária". Corrompe a informação e engana (ou tenta enganar) seus leitores desavisados.

No entanto o articulista do Correio Braziliense, Lúcio Vaz, se julga no direito de querer censurar o nosso blog de poder entrar no Palácio do Planalto, para participar de entrevista com blogueiros, por causa do título do blog ser "Os Amigos do Presidente Lula".

O Correio Braziliense, teve momentos que lhe cairia bem o nome de "Os amigos de José Roberto Arruda" (*), dado o cheiro de panetone exalado pelo jornal na cobertura inicial do "Mensalão do DEM".

Teve outros momentos que lhe cairia bem o nome de "Os amigos de Joaquim Roriz", como neste vídeo:





Em seu artigo, Lúcio Vaz, continua a criticar o nosso blog:

O seu representante tratou de se apresentar antes de fazer a primeira pergunta: “Blogs ativistas como o nosso nasceram ainda no seu primeiro mandato, inspirados para combater as tentativas de golpear o seu governo”.

Ora, fomos apenas explicitamente honestos com os leitores e internautas que assistiam. Nosso blog foi engajado para combater as tentativas da velha mídia derrubar o presidente, enquanto outros jornais, como o Correio Braziliense, foram engajados em tentar derrubar o governo, fabricando escândalos, forjando crises, querendo desgastá-lo, querendo impedir a reeleição em 2006 e a sucessão por Dilma em 2010.

Nosso blog é autêntico e honesto, a começar pelo título. Não esconde nossa posição do leitor, nem de ninguém. Os jornalões como o do articulista não são honestos com o leitor, porque não explicitam sua posição demo-tucana.

O presidente já concedeu mais de 900 entrevistas à velha mídia. Agora concedeu uma a blogueiros que fazem contraponto à esta velha mídia. Entre 10 blogs convidados pela comissão organizadora dos blogueiros (e não por escolha do Planalto), um deles foi o nosso, não pelo nome, mas pela relevância, pelo trabalho, por ser um dos pioneiros, por ser muito lido e ter se tornado influente, a ponto do candidato José Serra nos imputar acusações falsas, e chegar ao ponto de revelar em entrevista ter pedido ao Presidente da República para tirá-lo do ar, imaginando erroneamente que o blog era ligado ao Presidente.

Mesmo com mais de 900 entrevistas para velha mídia, contra apenas uma para estes blogs autônomos, o articulista prega a censura à diversidade e à liberdade de imprensa para os outros. Quer apenas a liberdade de imprensa para o cartel do seu patrão.

(*) José Roberto Arruda (ex-DEMos/DF), quando governador, comprou de mais de 5.000 assinaturas do jornal, inflando a tiragem com dinheiro público.

Fonte: Amigos do Presidente Lula

Beltrame precisou do Jobim e o Jobim falhou

Quem manda ? O Jobim ou o Exército ?
O presidente Lula quer transformar o Ministro serrista Nelson Jobim no Marechal Lott da Dilma.

Clique aqui para ler sobre esta hipótese desastrosa.

Se o ínclito Marechal Lott fosse Ministro da Defesa do presidente Lula, o corajoso Secretário Beltrame teria entrado no Alemão mais cedo.

Três anos atrás, quando primeiro fez uma operação maciça no Alemão, Beltrame percebeu a fragilidade do Caveirão.

O Caveirão nada mais é que um carro blindado adaptado.

O Caveirão não entra numa favela estreita e nem enfrenta as barricadas de concreto com que os traficantes fecham as ruas da favela.

Há três anos pede os blindados do Exército.

E o Exército, nada.

E o Jobim, nada.

O argumento para a inação era preservar a ordem constitucional: o soldado não pode ser policial e o policial não pode dirigir um blindado do Exército.

A Constituição também proíbe o Estado de comprar blindado.

O que fez Beltrame ?

Aproximou-se da Marinha e passou a fazer intercâmbio técnico.

E a Marinha modernizou os carros de combate da polícia do Rio.

A operação para entrar na Vila Cruzeiro e no Alemão só não foi feita antes porque Beltrame não tinha como subir o morro com os blindados.

Até que a Marinha, tão subordinada ao serrista Jobim quanto o Exército, aceitou oferecer os blindados diante da decisão do presidente Lula de invocar a preservação da ordem pública e deixar os anfíbios da Marinha subirem a Vila Cruzeiro.

Subitamente, o Exército correu para oferecer ajuda, depois que a Marinha já tinha entrado no morro.

Pergunta-se: 

- o Jobim manda no Exército ?

- a Marinha desobedeceu o Jobim ?

- o Exército manda no Jobim ?

- o Jobim quer ser o Marechal Lott ?


Paulo Henrique Amorim



Lula quer que o Jobim seja
o Marechal Lott da Dilma



O Lott de hoje não é do PTB. É tucano
Saiu no O Globo, página 4:

“Convencida por Lula, presidente eleita se reune com Jobim. Dilma já considera possível mantê-lo no Ministério da Defesa.”

“Lula tem dito a Dilma que Jobim é fundamental para evitar crise numa área delicada.”





NAVALHA



obim é o ministro Serrista do Lula.
Jobim detonou o plano de defesa dos direitos humanos e a revogação da Lei da Anistia.
Jobim produziu uma babá eletrônica e demitiu o grande brasileiro Paulo Lacerda.
Jobim substituiu o grande brasileiro Waldyr Pires e, ao assumir o Ministério da Defesa, foi grosseiro e anti-republicano.
O Marechal Lott foi quem deu posse a Juscelino.
Foi quem garantiu o mandato de Juscelino.
E se impôs como candidato à sucessão de Juscelino.
Lula quer enfraquecer a presidente eleita ao colocar a Espada do Lott atrás da porta do gabinete da Dilma.
A Dilma não é uma presidente fraca.
Ela não se elegeu com menos de 50% dos votos, como o JK.
Ao contrário.
Ela teve 56% num segundo turno em que derrotou José Serra, o Papa, o PiG e a Treva.
A Dilma não precisa do Lott.

Militância Serrista - requentada e ranzinza


O Luis Nassif já fez uma crítica ao artigo "Militância Digital", de Dora Kramer, colunista do Estadão, onde ela fala mal do encontro do Presidente Lula com os blogueiros.

Então acrescento apenas algumas observações complementares, em relação à minha pergunta.

A colunista do PiG, diz:

"... [O presidente] Dissertou sobre enormes resistências à reforma política sem que lhe perguntassem quais são elas. Não foi questionado sobre a razão de ter aprofundado velhas práticas contra as quais agora promete lutar ao 'desencarnar' da Presidência".

Dona Dora... deixe de ser ranzinza. Não tem muito sentido gastar perguntas naquele tempo que era exíguo, para requentar notícias velhas, já exauridas. Isso é coisa para velha mídia, que vive requentando factóides, em vez de buscar informações relevantes e novas que interessam ao leitor.

Qualquer jornalista político sabe (e o presidente já falou em dezenas de entrevistas) quais foram as resistências à reforma política. Foi amplamente noticiado e está nos arquivos de seu jornal. A última tentativa de aprovar financiamento exclusivamente público e voto em lista no Congresso, teve o apoio do PT e do DEMos na Câmara (o relator foi Ronaldo Caiado do DEMos), mas o PSDB e outros partidos foram contra. Isso não era a informação buscada pela pergunta.

Tampouco havia o que perguntar sobre "velhas práticas" (que não foram "aprofundadas" como a colunista diz), pois todo mundo também sabe que governo progressista no poder executivo, com Congresso majoritariamente conservador, exige alianças para formar maioria, para ter governabilidade.

Por fim, o que ela acha defeito, nós achamos virtude: o entrevistador perguntar e deixar o entrevistado responder. Só faz sentido interromper, quando o entrevistado esquiva da pergunta, ou quando começa a dizer algo novo revelador e não conclui.

Por fim, o jornal e agência de notícias do patrão de Dora Kramer fez matéria a partir da resposta do presidente Lula, o que demonstra a relevância jornalística da pergunta e da resposta obtida.