Recebo mais informações sobre o estranho "renascimento" - na "grande imprensa" - da "Operação Castelo de Areia" (a Polícia Federal investigou doações - muitas seriam ilegais - da empreiteira para políticos).
Vários leitores - como eu - estranharam o fato de a revista "Veja" ter publicado a informação apenas em sua edição "on line" da última semana. A "Época", não. Publicou na edição impressa. O curioso: as duas deram juntas a mesma história!
Uma fonte, com quem conversei, garante-me que o jornalismo de "Época" estava há vários meses apurando as informações sobre esse caso. Ali, ao que parece, não houve um "dossiê" que caiu do céu. No caso da "Época", o que teria caído do céu - ou do "aquário" dos chefes - foi a ordem: vamos publicar essa semana!
O repórter de "Época", então, fez o que é normal: foi a campo, para ouvir o "outro lado" - ou seja, para ouvir os acusados. A consequência: gente no governo de São Paulo ficou sabendo que a "Época" daria a reportagem.
Por conta disso, "Veja" (que, ao que tudo indica, também tinha o material há mais tempo) teria sido avisada - de última hora - que a concorrente (são concorrentes ou co-irmãs?) daria a reportagem. O jeito foi publicar na edição "on line".
O material, na "Veja", funcionaria como uma espécie de "vacina" contra o que seria publicado na "Época" e/ou em outros órgãos de imprensa. Sobre isso, eu já escrevi aqui
Mas algumas dúvidas ainda persistem:
- por que "Época" decidiu dar o material (que é desfavorável ao PSDB) justamente na semana em que Serra entrou em choque com Miriam Leitão, jornalista muito querida pela direção das Organizações Globo? Serra e a Globo experimentam uma crise em seu relacionamento carnal?
- por que "Veja" destacou Aloysio Nunes Ferreira em seu título? Por que circunscreveu o caso a Alysio e seu "homem-bomba"?
Mais à frente, talvez, isso fique mais claro.
No primeiro texto que escrevi sobre esses fatos, inclui - como uma espécie de nota de rodapé - o caso de um jornalista que teria sido citado no relatório da PF.
Leitores informam-me que um blog confirmou (talvez de forma involuntária) a informação que me fora passada por uma fonte. O tal blog publicou até a planilha da Camargo Corrêa (material que estava em segredo de Justiça, mas ao qual minha fonte tivera acesso) em que o nome desse jornalista aparece ao lado do nome de um politico tucano, e de uma anotação 50.000,00 (revista "A").
Isso é fato. Está na planilha. Não é crime jornalista (ou veículo de imprensa) receber (ou pedir) dinheiro de empresas ou empresários. Mas não é estranho? Não acham que há muitas coincidências nesse caso? A publicação da planilha acaba por desnudar os bastidores das relações entre políticos, jornalistas e empresas. Cumpre uma função didática, eu diria. Fico satisfeito por ter colaborado pra isso.
Afinal, que revista é essa, identificada por Revista "A". A investigação da Polícia Federal, aparentemente, não revela detalhes.
Pra mim, o importante é saber: por que "Veja" escondeu essa informação de seu público? Por que "Veja" fez uma cobertura tão seletiva do caso? Importante, caros leitores, é a batalha selvagem travada pela chamada "grande mídia" - que se transformou já há algum tempo em partido e em exército conservador.
Nessa guerra, não importa tanto quem são os cabos ou os sargentos mal-humorados. Os generais é que contam: os Civita, os Frias, os Marinho. Eles é que importam.
O resto é nota de rodapé, e dessa forma seguirá sendo tratado aqui.
Fonte: Escrevinhador
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