Calma, eu não fiquei maluco. Nada isso aconteceu, é evidente. Quem perdeu o senso, ao que parece, foi o Datafolha, a julgar pelos números divulgados hoje pela Folha de S. Paulo. Depois eu trato do restante, mas quero logo apontar o absurdo que se revela na estratificação por região da pesquisa do da empresa do grupo Folha, que 11 entre dez estatísticos sérios apontariam como algo que só poderia derivar de um erro – intencional ou não – nos fundamentos ou na execução de um levantamento de opinião pública ou, se fosse verdade, numa sucessão de eventos como os que imaginei acima.
A pesquisa Datafolha realizada no final de março atribuía à Região Sul do Brasil a fonte de boa parte do salto que permitia a Serra abrir nove pontos – e depois, 10 – sobre Dilma. Transcrevo o relatório do Datafolha:
“Apesar de ter crescido em todas as regiões, foi o Sul do Brasil que mais contribuiu para a variação positiva do candidato do PSDB. Serra ganhou dez pontos na região quando comparado com a pesquisa do mês passado, e agora tem 48% das intenções de voto contra 20% de Dilma, que perdeu quatro pontos. Também contribuiu para o crescimento do tucano a diminuição no número de indecisos (16% para 5%).”
Esta diferença foi “confirmada” pela pesquisa feita em abril no Rio Grande do Sul pelo Datafolha, que dava 21 pontos de vantagem para Serra e que, na ocasião, já disse aqui que só podia ser algo “fora da casinha”, que é uma expressão gaúcha para alguém que precisa urgentemente de um parafuso a mais, uma vez que outros institutos, já desde o final de 2009, apontavam ali uma situação de empate.
Bom, agora que o Datafolha precisou ajustar seus números à realidade, uma vez que falhou sua ofensiva sobre as demais instituições da pesquisa, parece que o Negrinho do Pastoreio operou um de seus milagres na terra sulista. Serra “despencou” dez pontos, passando a apenas 38% e Dilma “disparou” 15 pontos, passando a 35% e estabelecendo um virtual empate nas intenções de voto.
Daí porque resolvi abrir este post com o “delírio” do primeiro parágrafo. Porque só assim para explicar uma mudança de intenção de voto desta magnitude.
O Databranda pensou que podia ser a Globo do século 21 e mudar, com os números que divulgava, a realidade. Isso passava por submeter as outras instituições de pesquisa a repetir, pouco mais ou menos, o que dizia a “Roma” da estatística.
Não deu. Perdeu, como dizemos aqui no Rio. Houve gente que não aceitou ficar naqueles murmúrios de tautologias do tipo “pesquisa é o retrato do momento” e lhe apontou as manipulações da amostra estatística. Houve gente que não se acoelhou e teve coragem de dizer que os fatos não eram aqueles. E foi a internet, a blogosfera, o campo de batalha desta luta.
Infelizmente, o Ministério Público Eleitoral não parece prestar atenção nisso, e prefere caçar manifestações subjetivas de Lula em apoio a Dilma.
A Folha teve que seguir o conselho do folclórico técnico de futebol de praia Neném Prancha e “arrecuá os arfe para evitar a catastre”.
E, no próximo post, vou demonstrar que a “explicação” de que foi o programa de televisão o que justificou a “mudança” dos resultados da pesquisa da Folha. Não foi, e seus próprios números o confessam
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