Uma mão lava a outra
Por Evaldo Novelini – 19 de maio de 2009, em seu blog
Uma mão lava a outra.
Foi essa a maneira que o jogador de futebol Ronaldo Nazário, do Corinthians, encontrou para definir a sua relação com os veículos de comunicação da Rede Globo.
Utilizou a expressão durante sabatina realizada pela Folha de S. Paulo, aqui, provocado pelo competentíssimo e imprescindível Juca Kfouri.
- Eu jogo o futebol, que interessa a eles. E, quando quero atingir o público, a Globo é o caminho. Uma mão lava a outra. Por isso sempre fazemos coisas juntos.
Perfeito!
Difícil crer que, mesmo após exaustivas pesquisas em todos os compêndios existentes nas faculdades de comunicação espalhadas pelo país, algum teórico tenha encontrado melhor explicação para o poder exercido pela Rede Globo no Brasil.
De repente, Ronaldo – com as mesmas simplicidade e facilidade com que domina uma bola com precisão e, num simples olhar, percebe que o goleiro adiantado não conseguirá defender um chute por cobertura – elucida o enigma da esfinge do jornalismo global.
Uma mão lava a outra. Claro.
Claríssimo: jornalismo na Globo é um dos tentáculos do negócio. É meio, não fim. Existe para adular parceiros e destruir adversários.
A engrenagem funciona em todos os departamentos, seja na política, na economia ou nos esportes.
Os parceiros militares estão no poder, matando e torturando nos porões?
Estão, mas ao mesmo tempo distribuem verbas e favores que garantem a expansão da rede pelo Brasil.
Portanto, silêncio.
Uma mão lava a outra.
Leonel Brizola, candidato a governador do Rio de Janeiro, tem como uma das prioridades de sua plataforma administrativa fechar a Rede Globo?
Sim. Então a ordem é transformá-lo em inimigo público número um e utilizar todos os veículos do grupo, aqui, para destruí-lo e fazer campanha para o adversário amigo da casa.
Uma mão lava a outra.
Vanderlei Luxemburgo, alçado a técnico da seleção brasileira de futebol, decide dispensar tratamento isonômico a todos os jornalistas, acabando com o privilégio destinado aos repórteres da Vênus Platinada?
Pior para ele, que passará a ser alvo de uma campanha sórdida, com acusações vindas de todos os lados.
Anos depois, destituído do cargo e ciente de quem manda, Luxemburgo aceita ser comentarista da Rede Globo?
Esqueçamos, portanto, do passado. Bola para frente. Quem sabe, aliás, Luxemburgo não seja o nome ideal para substituir Dunga no comando da seleção?
Uma mão lava a outra.
Afinal, quem este treinador gaúcho pensa que é para tratar mal os nossos repórteres?
Ele ainda não aprendeu que uma mão lava a outra?
Fonte: Vi o mundo
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