A coluna da “ombusdwoman” da Folha de S. Paulo de hoje é um primor de arrogância. Trata de um assunto que é, em si, de menor importância. É grave, gravíssimo, porém, no que ele revela sobre a atitude moral que parece presidir a cúpula do jornal da Barão de Limeira.
Fala do epiosódio da publicação errônea de anúncio de um supermercado lamentando a saída do Brasil da Copa do Mundo, quando acabáramos de vencer o jogo com o Chile. No primeiro comentário que fiz sobre o assunto, ressaltei: “tudo bem, isso acontece. Mas é bom para a Folha tirar um pouco a máscara de perfeição, de quem fica apontando impiedosamente qualquer defeito nos outros”.
Mas a Folha, a começar por sua “ombudswoman” não tirou a máscara de perfeição e, ao contrário, destilou veneno e arrogância.
Primeiro, começa transferindo para o seu cliente publicitário as razões do seu erro, ao dizer que o anúncio era “confuso”, “ocupava um espaço estreito” e que o problema seria o fato de que a troca exporia “algo que os publicitários não gostam de admitir: de que precisam trabalhar também com o pior cenário”.
A admissão do erro vem – não poderia deixar de vir – em seguida: “É um procedimento corriqueiro, mas, por falha humana, foi colocado o anúncio do fim do sonho do hexa, dando a impressão -terrível para qualquer anunciante- de que torcia contra os brasileiros.”
Mas aí a D. “Ombudswoman” passa a atacar as redes sociais e os blogs, a quem ela já chamou de “trogloditas de espírito”, e atribui ao “fuzuê” na rede o fato de Abílio Diniz ter tuitado uma resposta dura, indignado com o jornal.
Embora ela tenha passado a reconhecer a força da web – um progresso para quem, há poucos meses, dizia que iria dar atenção essecialmente aos leitores dos “290 mil exemplares diários da Folha” – pretende absolver o jornal por uma matéria colocada no caderno “Mercado”, onde se admite o “erro, a mancada”. Bom, se ainda fosse num caderno “Supermercado”, vá lá.
Mas o erro foi cometido numa das seções de maior leitura de todos os jornais – as páginas de esporte – e certamente a mais lida num período de Copa, mais ainda depois de uma vitória do Brasil – e ali tudo se limitou a um quadrinho, mínimo, redigido em linguagem seca e burocrática, no padrão “erramos”. Aliás, no dia seguinte, saiu um anúncio do supermercado, de página inteira, no primeiro caderno, sem qualquer menção ao fato, o que deve ter sido um acerto comercial entre a Folha e o cliente, para prevenir futuras indenizações.
Como eu disse antes, o importante neste episódio não é o erro, o anúncio ou o supermercado. Tudo isso faz parte de uma relação privada entre o jornal e seus anunciantes. Relevante é a postura de donos da verdade que o jornal e, infelizmente, sua “ombuswoman” assumem diante dos leitores.
Ela diz que a postura é estóica. Afora a doutrina filosófica, estoicismo quer dizer “rigidez de princípios morais” e “resignação diante do sofrimento, da adversidade, do infortúnio”, segundo o Houaiss. Já arrogância, diz o mesmo dicionário – eu não tenho problemas em recorrer a um, para ser exato - é o “caráter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; orgulho ostensivo, altivez”.
A “ombudswoman” encerra o artigo com o indisfarçado prazer de ainda louvar o jornal de quem se pretende imparcial fiscalizadora, dizendo que “na ressaca da sexta-feira, quando o Brasil foi de fato eliminado, o apresentador Marcelo Tas postou: “Está confirmado. Folha é o jornal do futuro”.
Julgue o leitor do Tijolaco.com se a esta atitude cabe o nome de estoicismo ou o de arrogância.
Fonte: Tijolaço
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