Mandou equipes enormes para a África do Sul, montou equipamentos de última geração. Tudo para mostrar que ela teria a maior capacidade para transmitir todos os detalhes da Copa, de vários ângulos exclusivos com Câmeras que marcam até a velocidade que cada jogador está correndo. Mas ela não contava com o livre arbítrio dos jogadores e seu treinador em dar as tais “entrevistas exclusivas” que garantiriam ou não o seu primeiro lugar no ibope.
Revelando que estrutura está para autoridade econômica assim como credibilidade está para autoridade jornalística; essa regrinha de três está tirando o sono, ou melhor, a audiência da emissora que precisava ganhar dinheiro antes do Brasil chegar à final.
Os números do Ibope mostram que o JN ganhou 1 ponto de audiência desde que a Copa começou.
Muito pouco para tanto investimento, não? Já o Jornal da Record, apresentado por Ana Paula Padrão e Celso Freitas, ganhou dois pontos no mesmo período mesmo não tendo o direito de transmitir os jogos da Copa. Com base nestes números fica evidente que mesmo que a Globo tivesse acesso exclusivo à seleção, se manteria como líder de audiência. O público não está interessado somente em quem chega primeiro com a notícia, mas quem chega com a notícia mais coerente.
Quem assistiu ao jogo do Brasil contra a Costa do Marfim viu que a seleção brasileira estava apanhando tanto que nem Jesus Cristo teria paciência para receber tanta porrada e ainda dar a outra face. Foi o que fez Kaka, apenas se defendeu. Ninguém viu o Kaka dando cotovelada no “tal jogador”, só o Galvão Bueno. Já começava aí a retaliação da Rede Globo contra a seleção brasileira da decisão do técnico Dunga de negar à Globo acesso exclusivo aos jogadores da seleção.
A sugestão de Luiz Carlos Azenha do portal viomundo é que à emissora do Jardim Botânico crie uma seleção cenográfica lá no Projac. Ele garante que pouca gente vai notar a diferença. Penso que não. O povo já deu mostras de que está impondo limites à essa “autoridade jornalística” ao preferir outras maneiras de se informar que não seja pela Globo. Saudemos à rede mundial de computadores que manda o Galvão calar a boca, ao rádio que mostra em tempo real o que está acontecendo de fato no campo, sem precisar da interpretação de nenhum narrador de TV cheio de juízo de valor (comercial).
Outro exemplo do que “poderia ser” autoridade jornalística foi a matéria apresentada pelo Fantástico sobre o acidente com o vôo 1907 da Gol há três anos e sete meses. O programa se apropriou do fato se valendo de reconstruções da realidade para relatar o acontecimento com base na sua autoridade jornalística. A narrativa é apresentada como verdade absoluta dos fatos, utilizando-se da memória coletiva de um passado compartilhado que os torna os porta-vozes confiáveis e legítimos do mundo real. Com isto, juízos de valores são passados de forma velada. É preciso estar muito atento aos detalhes sórdidos de manipulação das informações.
Por que ela fez isso, não sei... Mas que a apuração foi no mínimo leviana não há dúvidas. Bastar fazer uma pesquisa nas notícias da época para ver que não é possível encontrar um culpado, se assim fosse, os pilotos do Legacy já estariam presos, processados, sem brevê etc. No entanto, continuam vivendo e trabalhando normalmente e nem se trata de justiça brasileira. Também não estamos falando de uma corte somente. Várias instituições estão envolvidas nas investigações. Mas do jeito que a Globo publicou a matéria, os pilotos do Legacy deveriam ser execrados publicamente por assassinato em massa e ponto final.
Segundo Barbie Zelizer para entender como os media se estabelecem como porta-vozes autorizados da história é necessário que se compreenda de um modo genérico os meios de ação da autoridade cultural principalmente no que tange a autenticação interna dos grupos sociais citando como exemplos as noções de autoridade de alguns autores como Émile Durkheim que vê nas comunidades de antropólogos, folcloristas, sociólogos, por exemplo, um ritual que consolida estas autoridades.
Zelizer empregou uma análise textual diacrônica das narrativas tiradas da imprensa e dos livros desde 1963. Seus estudos revelam além de outros pontos, como os incidentes críticos contribuem para a importância do discurso e da narrativa na formação da comunidade através dos tempos. Segundo seus estudos, é a partir destes momentos que a sociedade avalia seus próprios valores ganhando autonomia para decidir em quem acreditar ou o quê questionar.
Enviado por Dine Estela
Fonte: Nassif
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