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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Pesquisas ainda não refletem quadro favorável à esquerda em SP

Terminadas as convenções eleitorais, já é possível desenhar o quadro construído nos estados para o pleito de 2010. Em São Paulo, a disputa local reflete, em certa medida, a disputa presidencial, com uma polarização entre o PSDB com seus aliados de direita de um lado e o PT com seus aliados do outro. As pesquisas, por enquanto, dão vantagem ao PSDB, mas há uma nova correlação de forças e um sentimento de mudança no eleitorado que pode ameaçar a hegemonia tucana.

por Cláudio GonzalezPalanques presidenciais

São Paulo é palco privilegiado para a disputa presidencial. É o maior colégio eleitoral do país e uma grande diferença de votos aqui pode ser decisiva para a derrota ou a vitória de uma candidatura ao Palácio do Planalto. Além disso, o candidato presidencial da oposição, José Serra (PSDB), é ex-governador de São Paulo. O presidente Lula, que não é candidato mas é peça chave na disputa, também tem sua carreira política construída no Estado. E Michel Temer --vice de Dilma Rousseff-- é do PMDB paulista.

Os palanques paulistas onde vão subir os candidatos à Presidência já estão montados. Serra terá o suporte do palanque sustentado pela candidatura do tucano Geraldo Alckmin, com quem já travou disputas internas intensas. Até agora, o tucano tem feito muito pouco para ajudar Serra. A candidata do governo Lula à Presidência, Dilma Rousseff (PT), terá como palanque principal a candidatura do petista Aloizio Mercadante. O candidato do PSB a governador, Paulo Skaf, também indicará o voto em Dilma para a Presidência. Já Celso Russomano, do PP, deve oscilar entre a neutralidade e o apoio velado a Dilma. E a presidenciável do PV, Marina Silva, terá espaço no palanque do ex-tucano Fábio Feldman que, isolado, sem estrutura e sem muitas perspectivas, concorre ao governo estadual pelo PV.

Os caciques tucanos prometeram trabalhar para que Serra tenha uma vantagem de 4 milhões de votos em São Paulo sobre Dilma, repetindo o feito de Alckmin contra Lula no primeiro turno de 2006. Mas as pesquisas mais recentes indicam que não será uma tarefa fácil. Mesmo com a avalanche de propaganda institucional que o governo paulista promove há meses na TV, Dilma já empata com Serra no Sudeste e pode acabar empatando com o tucano também em São Paulo. A "fórmula" de sucesso das campanhas eleitorais, que preconiza ganhar com grande vantagem onde se ganha e perder de pouco onde se perde, parece que não vai funcionar para a candidatura Serra.

Governo estadual: eleitorado quer mudança e tucanos não deixaram marcas

Na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, o quadro também está definido. Há 16 anos no comando do Estado, os tucanos farão de tudo para não perder o poder em seu principal reduto. Geraldo Alckmin, de perfil ultraconservador, tenta voltar ao governo paulista depois de tê-lo administrado entre os anos de 2001 e 2006.  Por enquanto, as pesquisas lhes são favoráveis e indicam que o tucano, com 51% das intenções de voto, pode até vencer no primeiro turno. Mas pela primeira vez na história das disputas estaduais, o candidato da situação terá que enfrentar um rival petista apoiado por uma ampla coligação.

Outro problema para os tucanos é que pesquisas qualitativas indicam que o eleitorado paulista quer mudança e o PSDB, neste momento, não oferece nada mais do que mera continuidade. Estas mesmas pesquisas indicam também que os sucessivos governos do PSDB no Estado não deixaram marcas fortes. Quando os eleitores são perguntados o que Serra e Alckmin fizeram de importante para o povo de São Paulo, quase ninguém sabe apontar alguma realização relevante. Apenas o Rodoanel, que começou com Mário Covas, é lembrado com mais frequência.

Além disso, a candidatura de Alckmin, queira ele ou não, está fortemente atrelada à candidatura presidencial de José Serra, que atualmente está em franca decadência. Alckmin não une o PSDB. Muitos tucanos ligados a Serra não queriam que ele fosse candidato. E seus principais aliados, DEM e PMDB, também não vão carregá-lo com entusiasmo. O DEM entrou na coligação a contragosto, pois desejava que o candidato da direita fosse o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. E o PMDB está dividido, só a ala ligada a Orestes Quércia apóia os tucanos.

O principal opositor de Alckmin na disputa é o senador petista Aloizio Mercadante. Em 2006, Mercadante disputou a eleição em situação precária: firmou-se como candidato após uma desgastante disputa interna no PT; contava com uma coligação de apenas quatro partidos (PT, PCdoB, PL e PRB); enfrentou José Serra, que saíra de uma eleição vitoriosa para a prefeitura de São Paulo e ainda contava com o recall da disputa presidencial de 2002; o campo de apoio ao governo Lula, sobretudo o PT paulista, sofria na época com os rescaldos do chamado “escândalo do mensalão”; um outro episódio barulhento envolvendo a suposta tentativa de compra de um dossiê anti-tucano também abalou a candidatura de Mercadante na reta final da campanha. Mesmo com todos estes problemas, conseguiu 32% dos votos --a maior votação que um petista já alcançou para governador em SP-- no primeiro e único turno da disputa, vencida por Serra.

Agora, em 2010, Mercadante volta a disputar o governo paulista em situação completamente diferente: as tendências petistas estão unidas em torno de seu nome; conseguiu costurar uma ampla aliança de 11 partidos para apoiá-lo, o que lhe garante tempo de TV, suporte político e capilaridade na campanha pelo interior; o PSDB, partido de seu principal adversário, sofre com o desgaste de quase duas décadas no comando do estado e com poucos resultados para mostrar; já a popularidade do governo Lula é enorme e há muitas realizações feitas em São Paulo com ajuda do governo federal. Além dos 11 partidos que integram oficialmente a coligação encabeçada pelo PT, a candidatura de Mercadante conta ainda com apoio de lideranças dissidentes do PMDB, PPS, PTB, PSB e até do DEM. Tudo isso garante um ponto de partida muito positivo para sua campanha e lhe dá motivos para vislumbrar a possibilidade de virada nas pesquisas no decorrer da corrida sucessória. É uma oportunidade histórica para que as forças populares e democráticas que compartilham o projeto nacional do governo Lula possam desalojar o tucanato do Palácio dos Bandeirantes.

Outra candidatura que promete fazer algum barulho é do atual deputado federal Celso Russomano, candidato a governador pelo PP de Paulo Maluf. Em 2006, Russomano elegeu-se deputado com mais de 573 mil votos. Tentando retroalimentar uma popularidade conquistada como repórter de um programa de TV que defende os direitos dos consumidores, Russomano conta com uma aliança nanica (PP-PTC), mas entra na disputa confiante que irá herdar o voto malufista. Porém, faz tempo que o malufismo paulista já não garante a eleição de ninguém, a não ser do próprio Maluf quando este elegeu-se deputado federal em 2006 como o mais bem votado de São Paulo. Apesar de o seu partido integrar a base de apoio do PSDB na Assembleia Legislativa, Russomano afirma que vai mostrar o que chama de "burrice gerencial" dos tucanos, principalmente nas áreas de segurança pública, educação e saúde, temas que pretende atacar.

Outro candidato importante na disputa é o ex-presidente da poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, recém-filiado ao PSB. Sua candidatura só foi mantida por insistência pessoal e por mostrar viabilidade econômica. Mas não conseguiu o apoio de nenhum aliado de peso. Além de isolado, coligado apenas com o nanico PSL, Skaf entra na disputa com problemas no próprio partido. Duas importantes lideranças do PSB, Luiza Erundina e Gabriel Chalita, já declararam que não irão apoiá-lo. Por outro lado, o empresário recrutou o publicitário Duda Mendonça e orçou sua campanha em R$ 35 milhões, mostrando que não entrou na disputa para ser coadjuvante. É uma peça no xadrez eleitoral que não pode ser desprezada e que interessa ao campo progressista, pois tem potencial para tirar votos do PSDB.

Já os demais candidatos de partidos menores farão o papel de sempre: oferecer-se para servir de garoto de recados e fazer o jogo sujo para candidatos maiores ou apenas participar do jogo para acumular algum cacife eleitoral para futuras disputas. Mas, em geral, nem isso conseguem. Em 2006, nada mais nada menos que 16 candidatos disputaram a chave do Palácio dos Bandeirantes. Fora Serra e Mercadante, que polarizaram a disputa, e Quércia que ficou em terceiro, quase ninguém lembra quem foram os outros 13 candidatos.

A média das últimas pesquisas de intenção de voto para governador de São Paulo mostra Alckmin com cerca de 50% dos votos, Mercadante com 18%, Russomano com 12% e Skaf com 2%. Mas este quadro tem grandes chances de evoluir para um crescimento paulatino de Mercadante, garantindo um segundo turno desfavorável aos tucanos.

Senado: direita paulista pode ficar sem representação

A eleição ao Senado promete ser mais acirrada que a disputa pelo governo estadual. Quatro candidatos competitivos brigam pelas duas vagas, atualmente ocupadas pelo senador Aloísio Mercadante, que não disputa a reeleição pois é candidato a governador; e Romeu Tuma (PTB, ex-DEM), que vai tentar a reeleição, mas em situação fragilizada, pois entra na campanha como candidato avulso do PTB, já que não foi contemplado pela chapa da direita encabeçada por Alckmin. E ainda terá que pedir votos explicando a suposta relação de seu filho Romeu Tuma Jr. com um contrabandista chinês. Os outros três candidatos a senador com condições de brigar pela vaga são Marta Suplicy (PT) --ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra do Turismo; Netinho de Paula (PCdoB) --cantor, apresentador de TV e vereador em São Paulo; e Orestes Quércia (PMDB), ex-governador de São Paulo e presidente do PMDB paulista.

Os demais candidatos, entre eles o tucano Aloysio Nunes Ferreira, até agora não demonstraram competitividade. Outras duas pré-candidaturas que poderiam ser competitivas foram abortadas: Gabriel Chalita (PSB) e Soninha Francine (PPS) foram obrigados a mudar de planos e ao invés do Senado disputarão cadeiras na Câmara dos Deputados. No lugar de Chalita, o PSB lançou o nome do empresário Alexandre Serpa para senador, mas com chances quase nulas de sucesso.

A última pesquisa divulgada para o Senado em São Paulo mostra Marta Suplicy com 38%, em seguida aparecem Netinho e Quércia empatados com 17% e depois Romeu Tuma com 16%. O tucano Aloysio Nunes vem bem atrás, com 6%.

Pelo que mostram as pesquisas até agora, é quase certo que Marta ocupe a primeira vaga do Senado. A segunda cadeira será freneticamente disputada pelos demais postulantes. Quércia e Romeu Tuma têm votos assegurados no interior e nos setores mais conservadores. Mas a força da candidatura de Netinho de Paula tem surpreendido tanto os aliados quanto os adversários. O vereador comunista possui vários trunfos para desbancar os concorrentes: tem exercido um mandato muito ativo e bem avaliado na Câmara Municipal, tem enorme identidade com a população da periferia, um carisma que empolga multidões onde quer que esteja, a retaguarda de uma sólida coligação partidária, além de figurar nos materiais de campanha ao lado de nomes como Marta Suplicy, Mercadante e Dilma.

A eventual vitória de Marta e Netinho será uma dura derrota para a direita paulista, que ficará pelo menos quatro anos sem representantes no Senado, já que a terceira cadeira está ocupada até 2014 pelo senador Eduardo Suplicy, do PT. Por isso, é de se esperar uma disputa acirrada e um jogo bastante pesado pela conquista das vagas ao Senado.

Câmara Federal: esquerda tem chances de eleger grandes bancadas

São Paulo tem cerca de 41 milhões de habitantes, 28 milhões de eleitores e, por isso, elege 70 deputados federais. Em 2006, os partidos em SP elegeram as seguintes bancadas: PCdoB (1), PDT (3), DEM ex-PFL (5), PL* (2), PMDB (3), PP (5), PPS (2), PRONA* (1), PSC (1), PSB (4), PSDB (18), PSOL (1), PT (14), PTB (4), PTC (1) e PV (5). *PL fundiu com o PRONA e virou PR

A coligação da qual o PCdoB participou (PT-PCdoB) elegeu 15 deputados em 2006, sendo 14 do PT e um do PCdoB. O mais votado foi João Paulo Cunha (PT) com 177 mil votos e o último eleito foi Devanir Ribeiro (PT) com 92 mil votos. Nesta eleição de 2010, o PT estima que será eleito deputado por SP na coligação quem tiver, em média, 120 mil votos. Na proporcional, a chapa será composta pelo PT, PCdoB, PRB, PR e PTdoB e esperam eleger 20 deputados federais, 16 do PT e os outros quatro dos demais partidos.

O PCdoB lançou 11 nomes na disputa. Quatro deles com grande potencial eleitoral: o deputado Aldo Rebelo, que tenta a reeleição; o delegado da polícia Federal, Protógenes Queiroz; o ex-coordenador de Programas do Ministério da Cultura, Célio Turino; e o ex-presidente da UNE e ex- secretário de Esporte de Campinas, Gustavo Petta.

O PSB também entra na disputa proporcional com uma chapa forte e tem como meta dobrar o número de deputados eleitos pelo partido em SP, chegando a 10 deputados federais. Para isso, apostam que Gabriel Chalita será o grande puxador de votos do PSB.

Assembléia legislativa: Leci Brandão é nome de destaque na chapa comunista

Já a disputa pela Assembléia Legislativa de São Paulo, que tem 94 deputados estaduais, vai depender muito do desempenho dos candidatos ao executivo. Atualmente, o governo tucano tem ampla maioria na Assembléia.

O PCdoB lançou chapa própria para deputado estadual com 86 candidatos. Em 2006, perdeu as duas vagas que tinha na Assembléia e ficou sem representação no legislativo estadual até 2007, quando o deputado Pedro Bigardi, ex-PT, filiou-se ao PCdoB. Atualmente, ele é o único representante do partido na Assembléia. Agora em 2010, com chapa própria, o PCdoB almeja ampliar sua bancada, reelegendo Pedro Bigardi e elegendo novos deputados estaduais. Um dos nomes mais fortes do Partido nesta disputa é o da cantora Leci Brandão. Outro nome importante no qual o PCdoB aposta para ampliar sua presença na Assembléia Legislativa é o do ex-vereador paulistano Alcides Amazonas , que nos últimos foi coordenador-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em São Paulo.

Veja, abaixo, um resumo do quadro eleitoral em SP:

PALANQUES PRESIDENCIAIS

SERRA ................................. Geraldo Alckmin (PSDB)
DILMA ................................... Aloizio Mercadante (PT) e Paulo Skaf (PSB)
MARINA ................................ Fábio Feldmann (PV)

PRINCIPAIS CANDIDATOS AO GOVERNO ESTADUAL
Geraldo Alckmin (PSDB, PHS, PPS, DEM, PMDB e PMN)
Aloizio Mercadante (PT, PCdoB, PDT, PSDC, PTN, PRP, PTdoB, PR, PRB, PPL e PRTB)
Celso Russomano (PP-PTC)
Paulo Skaf (PSB-PSL)
Fábio Feldmann (PV)

PRINCIPAIS CANDIDATOS AO SENADO
Marta Suplicy (PT)
Romeu Tuma (PTB)
Netinho de Paula (PCdoB)
Orestes Quércia (PMDB)
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB)

Projeto eleitoral do PCdoB-SP:
Coligação com PT para deputado federal (11 candidatos do PCdoB)
Chapa própria para deputado estadual com 86 candidatos.


Fonte: Vermelho

Um comentário:

  1. Alckmin não tá com nadaaa...Ele só é candidato ao governo de São Paulo porque seus “chefes” mandaram. A carapuça de Picolé de XuXu realmente lhe serve. Ele não diz nada de consistente e o histórico de tucanos no governo de SP há mais de uma década, incluindo ele por duas vezes também comprova. Mercadante só é MUY AMIGO de Lula, mais um candidato sem papo firme. O diferente é Paulo Skaf. Que mesmo na raça, na pura independência e confiança se lançou candidato ao governo. Apesar de não ter um histórico político, por onde Skaf passou fez bem feito – Fiesp, Sesi e Senai.

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