Se fosse apenas pela situação societária da Empresa Jornalística Econômico, que edita o Brasil Econômico e O Dia, apoiaríamos sem problemas a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) em sua cruzada contra o suposto controle estrangeiro de alguns veículos de comunicação no Brasil.
Seria mais cômodo. Afinal, como organização constituída em obediência e sob a proteção da lei do país, nada nos custaria defender os privilégios que o artigo 222 da Constituição reserva para empresas de comunicação controladas por brasileiros natos - o que é exatamente nosso caso.
A coerência, no entanto, nos obriga a discordar de uma campanha baseada na utilização da força de alguns veículos em defesa de um valhacouto que não faz sentido numa sociedade democrática, pluralista e inclusiva como o Brasil.
O que a ANJ e Abert pretendem é defender os interesses de dois de seus associados (as Organizações Globo e de sua sócia, a Folha de S. Paulo) diante das mudanças velozes que vêm acontecendo na mídia do país.
A verdade inconveniente é que o lançamento do Brasil Econômico, em outubro do ano passado, sinalizou uma mudança sensível nesse cenário: o surgimento de um novo grupo de comunicação num mercado modorrento, há décadas acomodado em torno de competidores que o haviam loteado entre si.
A aquisição do grupo O Dia, no final de maio, multiplicou ainda mais esse incômodo.
A quebra de privilégios e o aparecimento de competidores dispostos a investir e a gerar empregos é sempre saudável.
A velha indústria automobilística, nos anos 1990, barrou enquanto teve forças a chegada de novas montadoras ao Brasil. Elas vieram mesmo assim, o que acabou sendo bom para o país.
O mesmo pode ser dito em relação à siderurgia, às telecomunicações, à informática e a um monte de ramos industriais antes protegidos por reservas de mercado indecentes.
A pergunta é: por que a mídia também não pode se abrir a novos competidores? Arejar todos os setores da economia é bom para o Brasil. E, como empresa brasileira que somos, sempre defenderemos o que for melhor para nosso país.
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Ricardo Galuppo é diretor de redação do Brasil Econômico
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