"Não acreditamos que (a medida) contribua para resolver o problema do programa nuclear iraniano", acrescentou.
Brasil e Turquia, que participam como membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, votaram contra a aplicação das sanções. A medida foi defendida principalmente pelos Estados Unidos, com o apoio de outras potências que integram o Conselho.
As sanções foram aprovadas com o argumento de que o Irã estaria desenvolvendo um programa nuclear com fins militares.
Entre as medidas está a proibição da venda de várias categorias de armamentos pesados ao Irã, inclusive helicópteros de ataque, mísseis e navios de guerra.
Além disso, a resolução pede que todos os países inspecionem, em portos e aeroportos dentro de seus territórios, cargas suspeitas de conter itens proibidos a caminho do Irã ou vindos do país.
Multilateralismo
Mesmo tendo sido voto vencido, o Brasil irá adotar as penalidades contra Teerã por “ser fiel ao multilateralismo”, segundo Amorim.
“O presidente Lula assinou o decreto porque o presidente Lula tem a tradição de cumprir com as resoluções do Conselho de Segurança, mesmo quando não concorde com elas, por ser fiel ao multilateralismo e por ser contra decisões unilaterais”, disse o ministro.
As sanções foram aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU menos de um mês depois de Brasil e Turquia terem intermediado uma proposta de acordo com o Irã a respeito de seu programa nuclear.
Naquela semana, em uma entrevista à BBC Brasil, Amorim disse ter ficado “desapontado” com a reação dos Estados Unidos e outros membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, referindo-se ao fato de terem ignorado a tentativa de acordo entre Brasil, Turquia e Irã.
Asilo
Amorim também disse que governo brasileiro formalizou, junto ao governo do Irã, uma proposta de asilo à iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério.
“O presidente Lula expressou o oferecimento do Brasil de recebê-la, se isso ajudar a evitar a execução”, disse o chanceler.
Ainda segundo Amorim, o embaixador brasileiro em Teerã foi “instruído” a comunicar a proposta à chancelaria iraniana.
“A nosso ver, a formalização desse oferecimento é o sentimento do povo brasileiro diante de algo que é desconcertante para a nossa cultura e para o nosso modo de ver”, acrescentou.
Segundo Amorim, as autoridades iranianas ainda não se manifestaram sobre a oferta brasileira.
A proposta de asilo no Brasil havia sido sugerida informalmente por Lula há duas semanas, durante um comício.
“Apelo a Mahmoud Ahmadinejad que permita ao Brasil conceder asilo a esta mulher”, disse o presidente na ocasião.
Fabrícia Peixoto
Da BBC Brasil em Brasília
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