![]() |
| O sorriso na privatização da Light não esconde a satisfação |
Mais uma vez, as empresa públicas brasileiras estão ameaçadas, com movimentos suspeitos de tucanos de alta plumagem e com as negativas de Serra sobre o assunto. Como se sabe, o candidato tucano costuma agir de forma oposta ao que afirma.
Fernando Henrique Cardoso, que precisa explicar o que fazia ontem com investidores estrangeiros em um hotel de Foz do Iguaçu, veio hoje a público afirmar que a privatização da Petrobras “nunca esteve em cogitação”, como conta o Estadão.
FHC não deixa de ser coerente com o seu mantra de “esqueçam o que eu escrevi”, mas basta uma breve olhada em qualquer publicação da época em que liquidou o patrimônio público brasileiro para ver que a sanha privatista não tinha limites. E que junto com ele estava, entusiasmado, o seu então ministro do Planejamento, José Serra.
Logo no início do processo, em 1995, quando anunciou a venda de 17 estatais, incluindo a Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do mundo, o governo tucano revelava seu apetite em se desfazer das empresas públicas, e entre elas estava a Petrobras. A edição da revista Veja, de 3 de maio de 1995, escreve: “Partiu de Brasília, na semana passada, um sinal de que a intenção é séria. Na sexta-feira, foi demitido da direção da Petrobras José Machado Sobrinho, que criticou o programa de privatização num artigo publicado na imprensa”. Sobrinho alertava que o governo fazia uma lavagem cerebral na opinião pública por não ressaltar a importância das estatais.
Na mesma matéria, Serra fala com todo o entusiasmo do processo de privatizações que passava a chefiar: “Estamos fazendo todo o possível para privatizar em alta velocidade”. A venda do patrimônio público prosseguiu durante todo o governo de FHC e a Petrobras foi sendo preparada para ser ofertada aos investidores, inclusive com a proposta de alterar o seu nome para Petrobrax, mais palatável aos estrangeiros.
Assim como FHC, Serra sempre foi um entusiasta das privatizações e, coerente a seus princípios, a praticou em todos os governos que integrou ou comandou, inclusive o mais recente, o do estado de São Paulo, quando vendeu a Nossa Caixa, felizmente comprada pelo governo federal.
Outra matéria da Veja, também de 1995, traz uma recomendação de FHC a Serra, que certamente ecoa em sua mente, mas que ele não pode mais dizer publicamente: “É preciso dizer sempre e em todo lugar que este governo não retarda privatização, não é contra nenhuma privatização e vai vender tudo o que der para vender.”
É por isso que não se descarta que o encontro de FHC com investidores em Foz do Iguaçu efetivamente tenha tratado da venda de mais estatais, e que Serra jamais tenha esquecido das orientações do presidente a quem serviu em duas pastas.
Hotel confirma reunião de FHC com investidores
![]() |
| O encontro onde FHC teria apresentado as privatizações de Serra a empresários estrangeiros foi no sofisticado Hotel das Cataratas |
Segundo o jornalista mineiro Laerte Braga, em seu blog, Brasil Mobilizado, o propósito do encontro seria apresentar a investidores estrangeiros oportunidades de negócios no Brasil, com a privatização de estatais brasileiras no caso de vitória de José Serra.
Ainda segundo Braga, FHC estaria assumindo com os empresários o compromisso de venda de empresas como a Petrobras, Banco do Brasil e Itaipu, em nome de José Serra.
“Cada um dos investidores recebeu uma pasta com dados sobre o Brasil, artigos de jornais nacionais e internacionais e descrição detalhada do que José FHC Serra vai vender se for eleito”, escreveu Laerte Braga. “E além disso os investidores estão sendo concitados a contribuir para a campanha de José FHC Serra, além de instados a pressionar seus parceiros brasileiros e a mídia privada a aumentar o tom da campanha contra Dilma Roussef.”
Ainda segundo o blog, FHC teria dito, logo após ser apresentado pelo organizador do evento Raphael Ekmann, que “se deixarmos passar a oportunidade agora jamais conseguiremos vender essas empresas.”
Raphael Ekmann, ex-gerente comercial da Globosat, é responsável por relações com investidores do Grupo de Investimentos Tarpon. Em 2006, este grupo fez uma oferta hostil para tentar comprar a Acesita, e em 2009, vendeu sua participação na siderúrgica para a Arcelor Mittal.
Braga cita a presença de outras pessoas, como Alice Handy, que vem a ser fundadora e presidente de um grupo privado de investimentos em Charlottesville, nos Estados Unidos, e de Anjum Hussain, diretor de gerenciamento de risco de outro fundo de investimentos que administra US$ 1,6 bilhão.
A jornalista Hildegard Angel afirmou em seu blog no R7, que “o fato é realmente grave e pode ser visto como um ato contra a soberania brasileira e seria importante tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como o candidato José Serra virem a público esclarecer essa denúncia.”
Fonte: Tijolaço




Nenhum comentário:
Postar um comentário