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O factóide que ajudou a mudar o rumo da história do país em 1989 |
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Os mesmos personagens que lograram êxito no golpe eleitoral de 1989 estão aí, às vésperas do 2º turno, movimentando-se para fabricar um novo factóide, tão contundente que possa ser capaz de interferir na vontade popular. Hoje existe a internet, existem os blogs, existem os blogs progressistas.
O caminho é mais difícil para os conservadores desfecharem seus golpes com total êxito, mas não se pode, nem tampouco se deve, menosprezar a capacidade que possuem de tentarem, apesar da incrível incapacidade de criarem o novo e se repetirem, exaustivamente, até nos golpes sujos.
O ótimo texto de Sônia Montenegro relembra e refresca a memória de uma página negra da recente democracia brasileira e apresenta as similaridades da sujeira praticada na campanha de 2010. Que sirva de antídoto contra a desinformação e o esquecimento de fatos tão nefastos protagonizados pelos mesmos personagens que hoje disputam as eleições ao lado de Serra e do PSDB.
"O caso Abílio Diniz em 1989"
Sonia Montenegro 26/10/2010
Contexto: O candidato escolhido pela "grande" imprensa nacional era Fernando Collor de Mello, e no começo da campanha do 2º turno, ele tinha uma maioria confortável sobre Lula. Porém essa diferença foi caindo e ameaçando e eleição do Collor. Foi quando o golpe foi arquitetado: Durante a campanha, surgiram boatos de que Lula, caso ganhasse a eleição, iria confiscar casas e apartamentos para alojar seus companheiros.
Mario Amato, então presidente da Fiesp - Federação das Indústrias de SP disse que a vitória de Lula resultaria em um êxodo de centenas de milhares de brasileiros para o exterior.
Collor também disse que o Lula iria confiscar a poupança dos brasileiros, a 1ª coisa feita por ele ao assumir. Acusou o Lula de algo que ele, hoje se sabe, não fez, mas que ele Collor, fez.
Qualquer semelhança com os boatos da atual campanha, não são mera coincidência, como a questão do aborto, da privatização do pré-sal, etc...
Isso faz parte de uma estratégia de baixíssimo nível, de colocar medo na população, para conseguir fazê-la mudar o seu voto.
12/Dez/1989 - Programa eleitoral de Collor leva ao ar o depoimento de Miriam Cordeiro, uma antiga namorada e mãe de uma filha de Lula, dizendo que ele ofereceu dinheiro para que ela provocasse um aborto. Tempos depois ela se confessa arrependida e que recebeu 24 mil dólares para fazer o depoimento.
13/Dez/1989 - TV Globo mostra as imagens do depoimento de Miriam Cordeiro no Jornal Nacional, que antecede a novela no horário nobre da TV. A peça publicitária foi vista por um número de telespectadores maior do que o da audiência do horário eleitoral gratuito.
14/Dez/1989 - Seqüestradores do empresário Abílio Diniz (2 argentinos, 2 canadenses, 5 chilenos e 1 brasileiro) se rendem e o libertam. Luiz Antonio Fleury Filho, secretário de segurança de SP, anuncia que foram encontrados panfletos do PT, que pertenceriam aos seqüestradores de Abílio Diniz.
Posteriormente, foi constatada a fraude armada para mais uma vez favorecer o Collor na eleição e prejudicar o Lula. Os sequestradores e o próprio Abílio Diniz declararam que antes da entrada da imprensa, a cena do crime foi forjada com a inclusão de material de campanha do PT e os sequestradores obrigados a
vestir camisetas do partido, mas não havia mais o horário eleitoral para desmontar a farsa e muitos foram enganados por ela.
No mesmo dia foi realizado o 2ª debate, transmitido por um pool formado pelas 4 principais emissoras de televisão do país: Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT, entre os candidatos à presidência da República: Collor e Lula.
Curiosamente, a Globo não divulga o resultado de uma pesquisa do IBOPE, registrada e anunciada, o que levou uma multidão de artistas e apoiadores do Lula para a porta da emissora, para exigir a divulgação da pesquisa.
15/Dez/1989 - Edição do Jornal Nacional da Rede Globo sobre o último debate entre os candidatos a Presidente do Brasil, Collor e Lula, é modificado por 3 vezes e vai finalmente ao ar cumprindo a missão de ajudar Collor, denunciando a total parcialidade da Rede Globo.
Nela, Collor tem a mais do que Lula, 1 min e 12 segs de exposição, e são pinçados a dedo os melhores momentos de Collor no debate, contra os piores do Lula, editados com o claro intuito de favorecer Collor.
O jornalista Antonio Mello, afirmaria quase 20 anos depois, quando A Globo disponibilizou a íntegra do debate, que os jornalistas escolhidos para fazer perguntas aos candidatos Lula e Collor fizeram visivelmente perguntas para prejudicar Lula. Já as perguntas para Collor eram para levantar a bola para que ele chutasse. Eram eles Boris "Isso é uma Vergonha" Casoy, e Luiz Fernando Emediato.
17/Dez/1989 - Acontece o 2º turno da eleição, com a vitória do Collor. O estrago estava feito, e ele foi eleito, para depois de 2 anos ser defenestrado da presidência.
Deste episódio, fica a lição de que indiscutivelmente a imprensa brasileira se julga no direito de distorcer os fatos para ajudar os seus candidatos, como também, que não tem um histórico de boas escolhas para o Brasil e para o povo brasileiro.
Fonte: Palavras Diversas
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