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sábado, 13 de novembro de 2010

Folha, Leandro Narloch e Pobres, ou quando os fascistas saem da toca


"Sim, eu tenho preconceito" - Narloch

Típico fascista “descolado”, que posa de moderno, que detesta opoliticamente correto, Leandro Narloch, porém, apenas desfila aqueles mesmos ideais supremacistas e aquela mesma ideologia de ódio do começo do século XX e que foi responsável, sabemos, pelas maiores atrocidades. Seu ódio é contra os pobres, contra os analfabetos, contra aqueles que ele chama de “ignorantes”. Ignorantes por votar diferente dele, por não terem a mesma linha ou forma de raciocínio e concordarem com suas opiniões. Narloch tem preconceito contra quem votou na Dilma, pois, segundo ele, não pensam.
Ou melhor, é daqueles que diz que pensam com a barriga, logo, acusa o governo de compra de votos, de usar programas sociais para ter dividendos políticos. Em sua opinião, bom seria deixar o povo morrer de fome, aí sim votariam com a “consciência”. Pelo menos aqueles que continuassem vivos.
“Eu tenho preconceito contra os cidadãos que nem sequer sabiam, dois meses antes da eleição, quem eram os candidatos a presidente. No fim de julho, antes de o horário eleitoral começar, as pesquisas espontâneas (aquela em que o entrevistador não mostra o nome dos candidatos) tinham percentual de acerto de 45%. Os outros 55% não sabiam dizer o nome dos concorrentes. Isso depois de jornais e canais de TV divulgarem diariamente a agenda dos presidenciáveis.”
Todas as críticas da figura se direcionam, obviamente, para os pobres, mas ele esquece que boa parte dos membros de sua classe, dos playboys de classe média, também não sabia, na época, o nome dos candidatos.
Muitos destes votavam em Serra porque este iria manter os privilégios de sua classe ou na Marina, porque, afinal, todo playboy de classe média gosta de seguir a moda e ser descolado.
Aliás, os dados apresentados por Narloch são interessantes, na tentativa de denegrir o eleitor de Dilma – que em grande parte votou pela continuidade do governo Lula – ele acaba por mostrar que mesmo Serra era desconhecido por 55% dos eleitores, afinal, eles não conheciam o nome de nenhum dos concorrentes.
A direita mais fanática é engraçada, se FHC não presta como cabo eleitoral – na verdade tira votos – e não pode ser usado por Serra, então o PT também não pode usar o Lula. A continuidade é ilegal, porque a do FHC seria um tiro no pé.
“É interessante imaginar a postura desse cidadão diante dos entrevistadores. Vem à mente uma espécie de Homer Simpson verde e amarelo, soltando monossílabos enquanto coça a barriga: “Eu… hum… não sei… hum… o que você… hum… está falando”. Foi gente assim, de todas as regiões do país, que decidiu a eleição.”
Ao invés de ter preconceito contra quem não sabia quais eram os candidatos, Narloch deveria parar e pensar um pouco: Por quê? Por que não sabiam? Será que é porque são pobres e ignorantes ou é porque o sistema político brasileiro é uma farsa? Por que os políticos em geral não investem em educação, em politização, em inclusão social e apenas surgem na hora de pedir voto para, depois, dar uma banana ao eleitor?
Mas não, mais fácil odiar o nordestino pobre e “ignorante”. Talvez os mesmos “ignorantes” que colocavam Serra na frente nestas mesmas primeiras pesquisas… Sinal dos tempos!
A referência ao Homer Simpson, aliás, é providencial. William Bonner já a usou – Vejam como a direita se entende. Se referiu assim aos que assistem o Jornal Nacional. Será, meu caro Narloch, que o povo que você tanto odeia, politicamente alienado – e que não é “apenas” os pobres – assim o é porque sofrem amplo descaso dos políticos e tem uma mídia de merda (perdoem o termo, mas é o mais próximo da realidade) que apenas nos imbeciliza?
“Tampouco simpatizo com quem tem graves deficiências educacionais e se mostra contente com isso e apto a decidir os rumos do país.”
Aliás, vale lembrar, o Narloch, o grande gênio do voto consciente, é editor da revista pseudo-científica Superinteressante, trabalhou na Veja e possivelmente não lê o que publica sobre história na “Aventuras na História”. Ou se lê, não aprende. Não nota que seu ódio contra os “ignorantes” beira o ódio de certos elementos que, daí, passaram ao puro e simples extermínio.
Aliás, a referência educacional claramente faz alusão ao Lula, ao melhor presidente que o país teve em sua história (não que tenha sido, por isto, maravilhoso, claro). A direita ainda não aceita o fato de que um PhD como FHC tenha sido um lixo e que Lula representa um Brasil moderno e respeitado internacionalmente.
Todo o ódio se limita a isto, ao fato de que um cara que veio da pobreza e nunca fez seu doutorado e tampouco pertença ao seleto clube da elite racista do Jardins/Leblon. O ciclo foi quebrado. Collor não era do grupo e logo sofreu um impedimento, não quis dividir o butim, já Lula, meu deus, ele veio da merda, ele era um sindicalista, ele não faz parte do nosso grupo! Intolerável!


“São sujeitos que não se dão conta de contradições básicas de raciocínio: são a favor do corte de impostos e do aumento dos gastos do Estado; reprovam o aborto, mas acham que as mulheres que tentam interromper a gravidez não devem ser presas; são contra a privatização, mas não largam o terceiro celular dos últimos dois anos. “Olha, hum… tem até câmera!”.”
O ódio de classe e o ódio contra a origem e a história de um nordestino pobre fica, então, escancarado. Este é o problema principal. O povo votou num “ignorante” e a elite não tolera ser desrespeitada, não tolera que passem por cima das suas decisões.
Vejam o raciocínio: “Globo, Folha, Veja, Abril, todos fizeram, junto com a elite, campanha pro Serra. Então como é possível que este povo ignorante tenha escolhido a Dilma! Oras, eles são analfabetos e pobres, não lêem a revista! Então vamos logo atacá-los, mostrar sua inferioridade, lamber nossas feridas atacando, porque nós é que somos inteligentes, letrados, estudados! Nós é que temos de governar este país!”
Mude algumas palavras, mas a idéia permanecerá a mesma. A direita está saindo do armário. A mídia ainda se esconde, se faz de imparcial, mas vários indivíduos-chave começam a se mostrar, a assumir seu racismo e preconceito. Esta elite que vê o mundo preto no branco e não cinza, contraditório, complicado.
Afinal, no poder, fecham os olhos para as classes baixas e governam para si. “Porque descriminalizar o aborto se só pobre morre? Afinal, nossas mulheres, brancas, ricas, podem pagar clínicas e não sofrem nada. Porque aumentar o gasto do governo com programas sociais se a elite não precisa? Ou mesmo os impostos, porque reduzir a carga para os mais pobres se isto significa aumentar a nossa, a dos ricos?”
A direita, a elite, tem um raciocínio linear, não consegue concatenar as idéias, pensamento complexo? Sem chance! Podem até estudar o conceito na universidade, mas a prática é diferente. Sabem usar a palavra, é bonita, “c-o-n-t-r-a-d-i-ç-ã-o”, mas usar, aplicar à realidade…
Aliás, devem estar apavorados, hoje tem mais pobres na universidade que ricos! Como então irão agora chamar os pobres de burros e ignorantes?
“Para gente assim, a vergonha é uma característica redentora; o orgulho é patético. Abster-se do voto, como fizeram cerca de 20% de brasileiros, é, nesse caso, um requisito ético. Também seria ótimo não precisar conviver com os 30% de eleitores que, segundo o Datafolha, não se lembravam, duas semanas depois da eleição, em quem tinham votado para deputado.”
Admito ser difícil ler e comentar parte-a-parte o texto desta figura grotesca, mas é necessário. Precisa ser denunciado, demolido. O bom é que, debaixo de todo este ódio, apenas grassa ignorância, conceitos deturpados ou mesmo um raciocínio tão rasteiro que até envergonha. Sob o perigo de cair na Lei de Godwin, Hitler ao menos sabia discursar. Mussolini tinha estilo. A direita brasileira é apenas patética.
O orgulho é patético. O orgulho daquele pobre que hoje vai à universidade que, mesmo sendo uma Uninove ou uma Uniban, ainda é motivo de orgulho, por ser alguma coisa melhor que a submissão à casta dominante, daquele outro miserável que saiu de lá e pode ter um telefone – mesmo pagando as taxas mais caras do mundo.
Mas, lembrem-se, pela cartilha da direita brasileira, privatizar é bom! Nossa direita é entreguista, sem um pingo de patriotismo ou respeito pelo país, sonha em morar em Miami para não se misturar.
Estes 30% de eleitores que não se lembram do voto são o que? Pobres ignorantes ou apenas uma imensa parcela da população que, independentemente de classe social, não se vê representada pelos políticos eleitos ou não vê na política representativa uma saída ou solução para seus problemas?
“Não estou disposto a adotar uma postura relativista e entender esses indivíduos. Prefiro discriminá-los. Eu tenho preconceito contra quem adere ao “rouba, mas faz”, sejam esses feitos grandes obras urbanas ou conquistas econômicas.”
E isto é problema do desiludido ou é um problema da formação política e social brasileira e do trabalho de imbecilização midiática? Imbecilização esta, aliás, patrocinada por que usa o espaço na mídia para destilar ódio e preconceito.
Mas o caro Narloch subestima o povo. Chama-o de imbecil, de idiota, de inferior… É o último estágio dos fascistas brasileiros, impotentes frente à vitória de Dilma. Se o governo será bom ou ruim, difícil saber, mas é herdeiro de um governo cujo presidente ultrapassa os 80% de aprovação e em que nem a direita mais odiosa consegue demonizar ou, se o faz, não consegue fazer ressoar pela sociedade.
Discriminar é aquele estágio final em que viram que seu poder de fogo é quase zero, que seus diplomas – por enquanto, os “ignorantes” estão chegando! – não valem de nada, não mudam a balança eleitoral. É melhor, então, apenas admitir que tem horror a pobre, a cheiro de pobre e viver com isso.
Conquistas econômicas só para a elite. Pobre não pode ter dinheiro! Absurdo! Reforma urbana, casas para sem-teto e população de baixa renda, urbanização de favelas, todas obras que merecem repúdio. Obra boa mesmo é aquela patrocinada pelo Kassab, sanitarista, higienista, que tire os pobres sujos do caminho e deixe a elite andar em paz.
Referência ao Mensalão, talvez? Ao caixa dois que, de fato existiu, mas começou em minas com o PSDB e é praticado por TODOS os partidos com exceção de poucos como o PSOL? Não é justificável, mas condenar um em detrimento de outros é atitude tão burra quanto.
“Contra quem se vale de um marketing da pobreza e culpa os outros (geralmente as potências mundiais, os “coronéis”, os grandes empresários) por seus problemas. Como é preciso conviver com opiniões diferentes, eu faço um tremendo esforço para não prejulgar quem ainda defende Cuba e acredita em mitos marxistas que tornariam possível a existência de um “candidato dos pobres” contra um “candidato dos ricos”.”
“Marketing da pobreza”, adorei! Vai ver que as crianças pedindo esmola no sinal, ou as favelas – pegando fogo – ou mesmo os indigentes dormindo nas calçadas sejam só intriga da situação. É marketing. Querer tirar estes da miséria? Marketing.
Mas, realmente, terrível culpa os “outros”. Culpar as potências mundiais que, com seus acordos e organizações perpetuam a pobreza ao impor concertos econômicos esdrúxulos aos países pobres? Absurdo!
Culpar os coronéis que mantiveram – e ainda mantém – os pobres das cidades mais desgraçadas (no sentido de pobres, por favor) na mais completa miséria e ignorância? Jamais!
Oras, vejam que disparate, culpar os empresários, só porque estes formam cartéis, aprovam o monopólio, praticam uma mais-valia assustadora, escravizam trabalhadores e se recusam a reconhecer os direitos sociais e trabalhistas de seus funcionários? Inaceitável! Acusação vil!
A referência à Cuba é a cereja do bolo. Sempre. É a Lei de Godwin da direita. Ou a Lei de Fidel. Sempre que uma discussão com a direita esquentar, eles apelarão pra Cuba. Não importa que críticas faça a própria esquerda à Cuba, nem o embargo, nem os sucessos, é sempre a saída final, aquilo que acaba com a discussão – para eles.
Falando nesta direita acéfala, não é de surpreender que o artigo tenha sido publicado pela Folha (acesso restrito para assinates – se não for assinante, leia aqui) e logo depois re-postado pelo Augusto Nunes, o cão de guarda da Veja que foi humilhado pelo Zé Dirceu no Roda viva (vale à pena assistir), que demonstra a cada post o nível (ou a falta) da atual direita brasileira. Ressentida, acuada, sem argumentos e em franco desespero.
A direita brasileira é tão burra que sequer sabe aproveitar o fato de boa parte da população ser conservadora. Partem logo para a agressão, afastando os mais moderados  e virando mero motivo de piada.
* Continue lendo no blog The Angry Brazilian, aqui.

Um comentário:

  1. O Volksdeutsche Herr Leandro Narloch assume sua face, defendendo o preconceito. Seu discurso pseudo-politizado desaba diante de trechos reveladores como dizer-se "Contra quem se vale de um marketing da pobreza e culpa os outros (geralmente as potências mundiais, os “coronéis”, os grandes empresários) por seus problemas". Em suma, é um pela saco do grande capital, do imperialismo e das elites. Só faltou acabar seu artigo com um Sieg Heil!
    P.S. Aquele livrinho dele "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" é péssimo. Um amontoado de achismos defecados por um ignorante. Não serve nem de forro de gaiola de passarinho.

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