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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Após Brasil, Argentina reconhece Estado palestino com fronteiras de 1967

A Argentina anunciou nesta segunda-feira que reconhece o Estado palestino com suas fronteiras de 1967, poucos dias depois de o governo brasileiro adotar a mesma medida.

Segundo o chanceler argentino, Héctor Timerman, a presidente do país, Cristina Kirchner, enviou uma mensagem a seu colega da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, reconhecendo "um Estado (palestino) livre e independente, dentro das fronteiras existentes em 1967".

Os territórios palestinos em questão incluem a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza. Estas áreas foram ocupadas por Israel depois da Guerra dos Seis Dias, deflagrada em junho de 1967, na qual Egito, Jordânia e Síria foram derrotados.

Na última sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhecia o Estado palestino com as fronteiras demarcadas em 1967.

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O anúncio do Brasil ocorre depois de Abbas enviar uma carta a Lula, em 24 de novembro, pedindo o reconhecimento. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) saudou a decisão brasileira, enquanto Israel manifestou "decepção".

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Missão diplomática

O chanceler argentino afirmou, segundo a agência estatal Telam, que o país "tradicionalmente tem defendido o direito do povo palestino de constituir um Estado independente, assim como o direito do Estado de Israel de viver em paz junto a seus vizinhos dentro das fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas."

"Com esse objetivo, nosso país apoiou sempre as iniciativas da comunidade internacional dirigidas a obter uma solução justa, pacífica e definitiva do conflito palestino-israelense", disse Timerman durante entrevista coletiva no Palácio San Martín - sede da diplomacia argentina.

O chanceler lembrou que a Autoridade Palestina abriu uma missão diplomática em Buenos Aires em 1996, enquanto a Argentina inaugurou sua representação em Ramallah em 2008.


Timerman disse que a Argentina é favorável aos direitos humanos e contra o terrorismo, assim como se declara contrária à política de construção de assentamentos judeus em territórios ocupados.

O chanceler também destacou as "relações de amizade e cooperação" do Mercosul com Israel, relembrando que o acordo de livre comércio firmado com o Estado judeu foi o primeiro do bloco sul-americano fora do continente.

A Argentina tem a maior comunidade de judeus da América Latina, com cerca de 200 mil pessoas. Em 1994, um atentado a bomba contra uma associação judaica em Buenos Aires matou 85 pessoas e feriu centenas de outras. Até hoje, ninguém foi condenado pelo episódio.

Palestinos saúdam reconhecimento e dizem que Brasil é pioneiro

Governo de Abbas saúda Brasil e
Argentina por reconhecer Estado
O porta-voz do gabinete palestino, Ghassan Hatib, declarou nesta segunda-feira que os palestinos ficaram extremamente satisfeitos com a decisão da Argentina de seguir o exemplo do Brasil e reconhecer o Estado palestino com as fronteiras existentes em 1967.

"O Brasil é, sem dúvida, o pioneiro nesse processo, dando um exemplo que já foi seguido pela Argentina e que esperamos também seja seguido por outros países da América Latina", disse o porta-voz palestino à BBC Brasil.

Na sexta feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta a seu colega da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarando que o Brasil reconhece o Estado palestino nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, deflagrada em 1967, que incluem a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.

O Brasil e a Argentina foram os primeiros países ocidentais a reconhecer o Estado palestino, que já havia sido reconhecido por cerca de cem países da Ásia e da África.

O ministério das Relações Exteriores de Israel manifestou "pesar e decepção" com a decisão do presidente brasileiro e afirmou que o reconhecimento "prejudica o processo de paz".

O governo israelense considera ainda que o reconhecimento "constitui uma violação do acordo interino firmado em 1995, que estabelecia que o status da Cisjordânia e da Faixa de Gaza será determinado em uma negociação entre as partes".

Pressão

Hatib afirmou que o presidente Abbas ficou "muito grato e otimista" após a declaração de Lula e "já previa que outros países iriam seguir o exemplo do Brasil".

Para Ghassan Hatib, o reconhecimento tem uma importância diplomática "muito grande".

"Se vários países da América Latina reconhecerem nosso Estado, haverá um impacto sobre toda a comunidade internacional, que poderá levar ao reconhecimento de um Estado palestino independente, no próximo verão, pelo Conselho de Segurança da ONU", disse.

O porta-voz também mencionou "efeitos concretos" do reconhecimento, como a transformação das representações diplomáticas palestinas em embaixadas e uma maior facilidade para a assinatura de acordos bilaterais envolvendo os palestinos.

Para o porta-voz, o reconhecimento crescente do Estado palestino poderá contribuir para o avanço do processo de paz, pois, segundo ele, "constituirá uma pressão sobre Israel para voltar à mesa de negociações".

"Estamos dispostos a retomar as negociações a qualquer momento, mas Israel optou por ampliar os assentamentos em vez de negociar", acrescentou.

Já a diretora do departamento de América Latina do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Dorit Shavit, disse à BBC Brasil que o reconhecimento do Estado palestino "prejudica o processo de paz, pois diminui a motivação dos palestinos para retomar as negociações".

"Se eles (os palestinos) podem conseguir um Estado sem negociar, para que negociar?", questionou a diplomata israelense.

Fonte: BBC Brasil

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