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domingo, 12 de dezembro de 2010

Ministros bombeiros

Quando o presidente Lula montou seu ministério em 2002, escolheu alguns ministros que nunca apareceram na foto a seu lado antes.

O próprio Celso Amorim, mesmo sendo um diplomata de carreira, reconhecido por sua competência, só teve ligações partidárias no passado como o PMDB. No governo Itamar, Amorim sucedeu FHC como chanceler, quando o demo-tucano foi para o Ministério da Fazenda (quem iria assumir o Itamaraty era José Aparecido, mas por motivos de saúde, Amorim ficou no lugar). Seu desempenho no governo Lula superou as expectativas.

Outros ministros de Lula eram mais próximos de tucanos. Luiz Fernando Furlan (Do desenvolvimento) foi escolhido para turbinar as exportações. O engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues foi escolhido para o Ministério da Agricultura, para evitar crises no setor (que afeta diretamente o estômago dos brasileiros), e para desenvolver mais o mercado de biocombustíveis. A escolha de Rodrigues, um ministro "bombeiro", permitiu também maior desenvoltura e menor resistência ao Ministério da Reforma Agrária.

O próprio presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi escolhido para tirar o Brasil da reta da Argentina naquela época: quebradeira, quebra de confiança, recessão, desemprego batendo em 20%. A própria estabilidade brasileira, recuperada por Lula, foi fundamental para a recuperação argentina. Se não tivesse o Brasil como parceiro comercial, a Argentina teria demorado muito mais tempo para se recuperar e não teria conseguido renegociar sua dívida em condições tão favoráveis.

Se o presidente Lula não tivesse salvo o Brasil dos rombos deixados por FHC, e caísse em moratória, esta teria sido mais uma década perdida para o Brasil e para a América do Sul. Estaríamos com milhões de desempregados, aumento da pobreza e com problemas sociais agravados em vez de reduzidos. Tão cedo um trabalhador ou político de esquerda não chegaria à presidência de novo.

Márcio Thomaz Bastos era amigo pessoal de Lula, mas não é nenhum petista histórico, e fez um excelente trabalho no Ministério da Justiça e na Polícia Federal.

O ministério de Lula teve grandes nomes dos partidos historicamente próximos e coligados desde 1989. Executaram políticas públicas notáveis, colocaram ministérios que nem existiam de pé, como fez Olívio Dutra com o ministério das cidades; mas também precisou de ministros "bombeiros" para conseguir governar, sobretudo em ministérios sensíveis, e que, muita gente da esquerda, simplesmente não gosta do ministério. E não é difícil entender que não dá certo um ministro fazendo oposição à todo o resto do ministério, em vez de governar.

É nesse mesmo espírito, e como esta mesma lógica, que está sendo montado o ministério de Dilma. O governo foi eleito para os próximos 4 anos. O regime é democrático. Os desafios de governo são para os próximos 4 anos, quando o povo decidirá novamente se continua ou se vota na oposição.

Montar um ministério ideologicamente dos sonhos, simplesmente fará projetos maravilhosos, mas que ficarão 4 anos barrados no Congresso. O resultado seria entregar o governo de mão-beijada à oposição, por sectarismo.

Montar um ministério que não interaja com as forças políticas relevantes da sociedade, corre o risco de repetir Robespierre na Revolução Francesa: isolamento e queda.

Por isso, o melhor ministério não é necessariamente apenas com os melhores nomes notáveis. É com as pessoas que melhor se encaixam nos lugares certos dentro das forças políticas que tensionam o governo, para funcionar bem a partir do dia 2, sem sectarismo, sem focos de crises que paralisam o governo.

Por isso é importante ter também entre eles os ministros bombeiros. Se a presidenta não os tiver, é ela quem terá que apagar incêndios o tempo todo. Além disso, sem eles, outros ministérios enfrentariam mais resistência para aprofundar em suas políticas que desagradem setores privilegiados.

Dilma precisa de ministérios que funcionem para chegar em 2014 com a missão cumprida junto ao povo brasileiro, de entregar um país melhor do que é hoje, como fez Lula em 2002 e 2006, e chegou em 2010 com aprovação quase unânime.

Desafios de um governo de 4 anos convergem em muitas coisas, mas são diferentes dos desafios dos partidos e dos movimentos sociais, cuja agenda não termina daqui a quatro anos.


Fonte: Amigos do Presidente Lula

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