O Limpinho reproduz tex-to publicado no blog O que será que me dá.
As tragédias das enchentes que assistimos todos os anos e que se tornam cada vez mais dra-máticas são, antes de mais nada, as respostas que a natu-reza nos dá pela devastação que praticamos há mais de um século. Estamos cansados de saber disso. Mas São Paulo e Rio são afetados pela fúria das chuvas de formas bem dife-rentes.
O que acontece no Rio são deslizamentos de terra – fenômenos naturais causados pela chuva e pela erosão do solo em áreas de topografia irregular. A moradia imprópria no pé destes morros é a tragédia desse povo. O maior problema do Rio de Janeiro é habitacional. E este déficit, que só começou a ser enfrentado de verdade no fim do governo Lula com o “Minha Casa, Minha Vida” (e continuará com Dilma), só vai amenizar a situação a médio e longo prazos.
Já em São Paulo , são os alagamentos – causados pela mão e omissão de seus governos. O orçamento anual do estado é de R$140 bilhões, mas as dezenas de piscinões prometidos há quatro campanhas eleitorais jamais foram construídos (e nem serão pelo banana atual). A Sabesp é uma Torre de Babel boiando sobre o esgoto paulista. As calhas dos rios Tietê e Pinheiros não são limpas há décadas e qualquer chuvinha faz com que transbordem, lançando esgoto e resíduos tóxicos para todo lado. Principalmente para a Zona Leste. O prefeito (reeleito!) diminui as verbas do recolhimento do lixo e varreção das ruas todo ano (clique aqui). As empresas contratadas, por sua vez, diminuem os serviços proporcionalmente. E tudo isso resulta na porcaria de uma cidade imunda. Repare: faça um passeio a pé. Em qualquer bairro, Sampa é uma cidade coberta de lixo. Os serviços de limpeza urbana já funcionam a meio vapor há dois mandatos de prefeito. A maior cidade da América Latina e a sexta maior do mundo, que tem um orçamento anual de R$34,6 bilhões, não tem dinheiro para sua própria limpeza! Somando-se a tudo isso, ainda tem o fato de amanhecer cada vez mais impermeabilizada pelo cimento e asfalto – que prevalecem sobre soluções de transporte coletivo. Ano após ano, as inundações, que antes atingiam somente os bairros mais pobres e abandonados, começam a alcançar “outras alturas”. Físicas e sociais.
E o paulista sonha que é europeu, enquanto respira o perfume das marginais!
Segundo o PIG e os governantes de São Paulo, a culpa dos alagamentos paulistas é de Deus, de São Pedro etc. Kassab reprisa o mesmo discurso – “podia ser bem pior, blá blá blá…” –, Alckmin promete verbas que serão engolidas por um esquema viciado em superfaturamento de obras licitadas na base da fraude de carta marcada. Esquema ao qual o PIG fecha os olhos e pelo qual os sucessivos governos do PSDB entopem gavetas de CPIs. E o paulista queimador de gasolina em recordes de congestionamentos e que perde em média 3 horas diárias ao volante, não tem tempo para refletir sobre as administrações que elege e reelege. Engole o blefe ano após ano do mesmo modo em que engole os postos de assalto fantasiados de pedágio. E nas enchentes, é sempre a mesma coisa: o PIG livrando a cara dos fracassados governos do PSDB e DEM que, a meu ver, são os criminosos que já faziam o serviço na periferia habitada por nordestinos, muito antes de Mayara Petruso convocá-los pelo Twitter.
E o paulista sonha que é esperto, ao marcar o “x” da questão na cabine eleitoral de dois em dois anos!
O Jornal Nacional, abarrotado de imagens impactantes e com textos repletos de fatalismos novelescos, deita e rola no drama carioca. Mesmo não sendo o padrão idiotizante habitual de suas novelas “brancas”, catalisa a emoção do telespectador pela dor alheia e empurra-lhe a idéia de que por trás de todos os males está o Lula... ops, a Dilma.
O que o PIG mais AMA é transmitir as tragédias brasileiras. Porque filmar e editar o sofrimento das perdas de entes queridos, abre a defesa racional do cidadão que assiste. E é por meio dessa fresta que incute o ódio e o equívoco. Fizeram o mesmo em diversas oportunidades. Como no caso do acidente da TAM. Na época, tentaram construir argumentos culpando Lula pela morte dos passageiros daquele avião. Mas só conseguiram o ódio da classe média alta que, ao contrário de hoje, era dona exclusiva dos aeroportos e dos horários dos vôos.
Depois de uma edição inteira mostrando o drama destas famílias – intercalando com os insuportáveis comerciais das Casas Bahia –, a próxima atração é a droga da novela. Aquela mesma novela que regravam há 40 anos. Mas relaxa, que agora é tudo de mentirinha, todos são bonitos e perfumados. Depois do Jornal Nacional sempre tem outro “faz de conta”.
Fonte: Limpinho e cheiroso
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