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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Brasil se diz satisfeito com acordo do G20 sobre indicadores econômicos

Após tensos debates, sobretudo com a China, os ministros da Economia dos países do G20, reunidos em Paris neste sábado, conseguiram fechar um acordo sobre os indicadores que irão medir os desequilíbrios macroeconômicos entre os países.

Os novos indicadores incluem a taxa de câmbio, elemento que o governo brasileiro brasileiro avalia como “muito positivo”.

A China, que até os últimos instantes estava bloqueando as negociações, aceitou, contrariando as expectativas gerais, incluir a taxa de câmbio como um dos elementos que vão ser levados em conta para definir os déficits ou superávits excessivos dos países.

O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil “saiu satisfeito com esse acordo” porque ele contemplou muitos aspectos importantes para o Brasil.

“Nós chegamos a um acordo para colocar os vários indicadores que interessavam ao Brasil, particularmente. O principal para nós eram as contas externas e taxa de câmbio”, disse Mantega.

“O Brasil está plenamente satisfeito porque (o acordo) aponta alguns desequilíbrios externos que indicam que existe guerra cambial, que existem países com o câmbio mais valorizado do que outro. Portanto, vai na direção que o Brasil gostaria”, disse o ministro.

Guerra cambial


A posição brasileira no G20 a respeito da valorização do câmbio em alguns países se torna mais clara após o fechamento do acordo.

Na última sexta-feira, após uma reunião com os ministros da Economia dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, e agora também a África do Sul), Mantega havia preferido não se estender sobre o tema da guerra cambial entre os Estados Unidos e a China.

O ministro havia apenas dito que “não há um único responsável, mas um conjunto de responsáveis pela situação atual do desalinhamento das moedas”.

A definição de uma lista de indicadores para as disparidades macroeconômicas entre os países era uma das grandes prioridades da França, que preside neste ano o grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta.

A pressão dos BRICs conseguiu evitar que as reservas internacionais fossem incluída na lista de indicadores. A China, que possui as maiores reservas cambiais mundiais, e o Brasil se opunham a essa medida.

“As reservas internacionais caíram”, disse laconicamente a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, em uma coletiva após a reunião, reconhecendo que “não foi algo fácil” obter o acordo neste sábado, conseguido nos últimos instantes do encontro.

Os grandes emergentes saíram vitoriosos em alguns aspectos, mas também tiveram de ceder em alguns pontos: a balança de contas correntes, que inclui, além da balança de comércio de bens e serviços, também as remessas e transferências de capitais, acabou fazendo parte na lista final de indicadores.

O ministro Mantega havia dito na véspera do anúncio sobre o fechamento do acordo que os países dos BRICs achavam que a balança comercial é um bom indicador, mas que tinham restrições em relação à inclusão da conta corrente, que inclui aplicações financeiras e “não seria um indicador de desequilíbrio”.

Indicadores

Segundo comunicado oficial, o acordo obtido pelos ministros do G20 neste sábado fixa como indicadores para medir as disparidades econômicas entre os países: a dívida e o déficit público; a poupança e a dívida privada; a balança comercial e de fluxos e as transferências de capitais, “levando em conta a taxa de câmbio, as políticas monetárias e fiscal e outras”.

O ministro Mantega afirma que na noite de sexta-feira houve uma longa discussão sobre a questão da alta dos preços das commodities, outra proposta da presidência francesa no G20, que pretende lutar contra a volatilidade nos preços das matérias-primas.

A França, nos últimos, dias, havia tido de se explicar ao governo brasileiro, afirmando que sua proposta não previa controle dos preços, mas sim a regulação dos mercados de derivativos financeiros das commodities, que contribuem para a especulação nos preços.

“O Brasil se opunha a algum tipo de controle de preço, de controle de estoque ou coisa parecida, e isso não ocorreu”, disse Mantega.

A ministra Christine Lagarde, no entanto, afirmou “que houve grande convergência entre países desenvolvidos e emergentes” em relação à questão da volatilidade nos preços das matérias-primas e da regulação dos derivativos financeiros das commodities.

Lagarde disse ainda que o G20 “tem de ir mais longe em relação à transparência e identificação dos estoques (de commodities) para melhorar o compartilhamento das informações”.


Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil

G20 fecha acordo de indicadores para medir desequilíbrio global



PARIS (Reuters) - Os ministros de Finanças das principais economias do mundo fecharam neste sábado um acordo paliativo para medir os desequilíbrios da economia global, depois que a China conseguiu evitar o uso de taxas cambiais e reservas monetárias como indicadores.

Christine Lagarde, ministra francesa de Finanças que presidiu a cúpula, disse que o acordo entretanto representa um passo significativo para aprimorar a coordenação das políticas econômicas ao redor do globo, no intuito de evitar outra crise financeira.

"As negociações foram francas, às vezes tensas, e conduziram a um compromisso final que não pode ser atribuído a nenhuma delegação em particular, mas que garanto representar um espírito de comprometimento e ambição", declarou ela em uma coletiva de imprensa.

Ministros e presidentes de Bancos Centrais concordaram com uma lista de indicadores que incluem dívidas públicas e déficits fiscais, poupança e empréstimo privados, a balança comercial e outros componentes do balanço de pagamentos, como os fluxo líquido de investimento.

Mas, por insistência da China, não houve menção à taxa de câmbio real nem às reservas de moeda estrangeira.

"As reservas foram deixadas de lado", disse Lagarde, acrescentando que o acordo contemplou um mecanismo para levar em conta as taxas cambiais quando da avaliação do balanço de pagamentos total.

Os Estados Unidos e outros países ocidentais acusam a China de manter o iuan artificialmente desvalorizado para impulsionar suas exportações e acumular grandes reservas de moeda estrangeira, que afirmam distorcer a economia mundial.

O secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, repetiu depois das conversas que a moeda chinesa "continua substancialmente depreciada" e que sua taxa cambial real não se alterou muito apesar de sua lenta apreciação desde uma reforma em junho passado.

A segunda maior economia do mundo, que superou o Japão na semana passada, resistiu à pressão ocidental para revalorizar significativamente sua moeda para ajudar a reequilibrar o crescimento global.

O superávit comercial da China encolheu ultimamente, talvez explicando por que o país prefere essa medida.

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