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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Carlos Neder: Prefeitura de São Paulo admite usar “jagunço” para remover favela



A truculência da administração Kassab tem nome e sobrenome: Francisco Evandro Ferreira Figueiredo* é o nome completo do funcionário terceirizado que a Secretaria Municipal de Habitação utiliza para a função de amedrontar moradores, com revólver em punho, e derrubar barracos.

“Evandro foi contratado para derrubar as casas, para tirar as pessoas da favela”, admitiu a superintendente de Habitação Social da Secretaria Municipal de Habitação, Elizabete França, em reunião realizada na quinta-feira, dia 10, na sede da secretaria. O relato da declaração da superintendente, que também é secretária adjunta da pasta, foi feito pelo deputado estadual Carlos Neder (PT-SP), que participou da reunião.
“Ela falou isso na frente de dezenas de testemunhas. É um absurdo que a municipalidade use a violência, a intimidação e a truculência como uma praxe administrativa. Quantos outros ‘Evandros’ existem por aí?”, questionou Neder, durante a reunião. Ele disse que a Assembleia tem de apurar esse caso. E lembrou que a Câmara Municipal também tem essa obrigação, aproveitando-se da presença do presidente do Legislativo paulistano, José Police Neto.

Segundo informação levantada por Neder e sua equpe, Evandro é funcionário terceirizado da empresa BST Transportadora, que presta serviços à Secretaria de Habitação. Entretanto, segundo moradores, é ele quem coordena as ações dos funcionários municipais incumbidos de derrubar os barracos.

Foi Evandro, afirmam os moradores, que coordenou a ação truculenta da quinta-feira na Favela do Sapo, localizada na Zona Oeste, entre as pontes do Limão e da Freguesia do Ó. Foram derrubados 17 barracos da favela, sem que houvesse preocupação em verificar se estavam ocupados ou não. Moradores que reclamaram e tiraram fotos foram intimidados por Evandro, que se identifica como policial militar e estava armado – vale lembrar que a gestão Kassab entregou o comando de 16 das 31 subprefeituras da cidade a coronéis da Polícia Militar.

Geladeiras, colchões, fogões e outros pertences de moradores foram jogados pelos funcionários da Prefeitura no córrego Água Branca, que passa no meio da favela, durante a tentativa de desapropriação. As famílias só não foram totalmente retiradas do local graças à ação organizada da sociedade civil com o apoio do deputado Carlos Neder. A expectativa dos moradores e das ONGs, que atuam pela defesa dos direitos de moradia, é de que a Prefeitura tente retomar a remoção dos barracos nesta sexta-feira (11/2).

* A definição do adjetivo “jagunço”, utilizada no título deste texto, é a que consta no dicionário Houaiss: “qualquer homem violento contratado como guarda-costas por indivíduo influente (p.ex., fazendeiro, senhor de engenho, político) e por este homiziado”.


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