O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta sexta-feira por "um processo de transição ordenada que comece imediatamente" no Egito.
Obama disse também que o presidente egípcio, Hosni Mubarak, deve ouvir a população.
"Ele precisa ouvir o que está sendo dito pela população e fazer um julgamento sobre um rumo a tomar que seja ordenado, significativo e sério", disse Obama em Washington, durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro canadense, Stephen Harper.
"Nós queremos ver este momento de turbulência se transformar em um momento de oportunidade. O mundo inteiro está assistindo", afirmou Obama.
Obama afirmou ainda que as negociações para uma transição de poder devem incluir uma ampla representação da oposição egípcia e tratar das "queixas legítimas daqueles que buscam um futuro melhor".
"Estou confiante de que o povo egípcio pode moldar o futuro que merece e, à medida que o fazem, continuarão a ter uma forte amigo e parceiro nos Estados Unidos", disse.
No início do dia, a União Europeia já havia defendido que uma transição no governo egípcio deveria começar imediatamente.
“O Conselho Europeu está acompanhando com grande preocupação a piora na situação do Egito”, disse um comunicado assinado por 27 líderes do bloco. “Todos os partidos devem se moderar, evitar violência e começar uma transição ordeira para um governo de base ampla”.
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Obama reafirmou a amizade com o povo egípcio |
As manifestações pela saída de Mubarak chegaram ao 11º dia nesta sexta-feira, com milhares de egípcios ocupando a Praça Tahrir, no centro do Cairo. Portando bandeiras e cantando hinos patrióticos, os manifestantes batizaram o evento de "dia da partida".
Outros milhares de manifestantes contrários ao governo se reuniram em frente à maior mesquita de Alexandria, segunda cidade mais populosa do Egito.
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A ONU estima que mais de 300 pessoas já tenham morrido desde o início das manifestações no Egito, no dia 25 de janeiro.
O presidente americano disse que os ataques contra jornalistas e ativistas de direitos humanos registrados nos últimos dias no Egito são inaceitáveis e que a violência não é a resposta para a crise egípcia.
A ONU calcula que mais de 300 pessoas já morreram desde o início dos protestos.
Diálogo
Após dois dias de confrontos violentos entre apoiadores e opositores de Mubarak, a situação parece estar mais calma, e Obama disse que a moderação demonstrada nesta sexta-feira é encojaradora.
O governo dos Estados Unidos diz ter iniciado diálogo com lideranças políticas do Egito sobre planos de uma transição imediata de poder no país, segundo o jornal The New York Times. Uma das opções consideradas seria Mubarak ceder o cargo para um conselho constitucional formado por três pessoas.
Segundo o correspondente da BBC em Washington Mark Mardell, autoridades americanas não negam esta possibilidade, mas deixam claro que diferentes alternativas estão sendo consideradas, e que qualquer decisão deve ser tomada pelo povo egípcio.
Alessandra Corrêa
Da BBC Brasil em Washington
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