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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Por uma África próspera e soberana


Ainda dono da popularidade que manteve durante os oito anos de governo, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva arrancou aplausos do público que lotou o Palace des Souvernirs para ouvi-lo falar sobre a África e a geopolítica mundial. A atividade aconteceu nesta segunda, 7, dia dedicado ao tema da diáspora na programação do FSM 2011, que acontece em Dakar, até 11 de fevereiro. Defendendo a autodeterminação do continente, ele propôs uma política mundial visando o desenvolvimento agrícola e a erradicação da fome.

Dividindo a mesa com representantes do FSM Africano, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e com o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, Lula defendeu que o desenvolvimento socioeconômico e a democracia no continente entrem no centro da agenda internacional. “A África precisa forjar sua independência em matéria de produção de alimentos, rompendo os laços de dependências com as antigas metrópoles. Não há soberania política sem soberania alimentar.” Segundo ele, adotando um caminho parecido ao do Brasil, com investimentos em pesquisa e tecnologia agropecuária e políticas apropriadas, seria possível ampliar a produção na savana africana, que tem cultivados apenas 10% dos seus 400 milhões de hectares.

Ele criticou ainda os subsídios agrícolas dos países ricos que sabotam as experiências incipientes das nações em desenvolvimento. “É preciso mudar os padrões de cooperação internacional ou a fome não acabará nunca. Não faz sentido que o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial imponham ajustes que inviabilizem a agricultura dos pobres. “Mais que de ajuda, a África precisa de oportunidade para se desenvolver. Com 800 milhões de habitantes, esse continente tem um futuro extraordinário, que deve e pode ser acelerado”, completou. Para Lula, exigir que se assuma esse compromisso com o continente deve ser uma decisão do FSM.

A vez do Sul



Para Lula, a realização desse potencial está cada vez nas mãos dos povos do Sul, que se mostram aptos a cumprir a tarefa. “Nos últimos dez anos, muitos dogmas foram derrotados. Os que acreditavam no fim da história veem o movimento irresistível dessa história, que acontece na América Latina, no Egito, na Tunísia. Milhões de homens e mulheres se puseram em movimento contra a opressão, a pobreza e a marginalização.” O ex-presidente apontou ainda a impotência dos países ricos diante a crise gerada no centro do capitalismo. “Eles viam a periferia como problemática e até perigosa, mas hoje somos parte da solução.”

Não é possível porém, afirmou, substituir o neoliberalismo por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário. “Essa é a agenda da direita européia e norte-americana, que persegue imigrantes e os direitos dos trabalhadores”. Na opinião de Lula, o momento é o mais propício para se resgatar “a melhor tradição humanista e revolucionária dos líderes da liberação Africana”.

Cultura de paz

Ponto fundamental nessa nova agenda geopolítica é a promoção de uma cultura de paz, que mais que um “adeus às armas”, exigirá o fim da desigualdade, da fome e da intolerância. “Enquanto houver povos do Sul que sejam cotidianamente humilhados, isso não será possível.”

Uma das tarefas para superar esse quadro, disse Lula, é a criação um Estado palestino viável social e economicamente e que conviva em paz com Israel. “A comunidade internacional está numa encruzilhada entre conflito e pobreza e a promoção da paz, da prosperidade e dos direitos humanos, na qual a África e o mundo em desenvolvimento têm mais relevância que nunca.”

Por fim, Lula lembrou a dívida histórica do Brasil em relação à África devido aos milhões de homens e mulheres que foram arrancados do continente e levados para a escravidão do outro lado do Atlântico. “Já pedi perdão em nome do povo brasileiro e a melhor forma de resgatar essa dívida é lutar para que a África seja mais próspera e justa.” (Da ciranda.net)



Lula: "Falta sensibilidade aos países ricos para o problema da fome, para os pobres do mundo"




A chegada do presidente Lula ao FSM 2011

Lula discursou nesta segunda-feira, 7, como estrela do 11º Fórum Social Mundial.

Algumas passagens de seu discurso:

”Essas reuniões são nosso encontro com as ideologias que diziam estar perdidas. No Fórum nos reunimos para dizer que um outro mundo é possível e necessário. Esse é um sonho que não vamos abandonar nunca”.

“Eu participei do G20. Não pensem que lá tem sensibilidade para o problema da fome, para os pobres do mundo. Só fomos chamados para as reuniões dos países ricos porque eles estavam em crise e precisavam da nossa ajuda”.

“É cada vez mais forte a consciência de que o Consenso de Washington faliu. Aqueles que com arrogância nos davam insttruções não evitaram a crise. Hoje somos parte essencial e incontornável da solução da crise internacional”.

"Até recentemente predominava a tese de que o desenvolvimento só era possível para uma pequena fatia da população, qualquer esforço para afrontar a pobreza era visto, e ainda o é, como assistencialismo e populismo. A história está se encarregando de desmentir essas teorias. Felizmente já não predomina a tese do estado mínimo, mas não podemos substituir um neoliberalismo que faliu por um nacionalismo primitivo e autoritário”.

Lula disse que a Rodada Doha só não foi finalizada em 2008 porque os EUA não quiseram: “Mas essa não é uma briga só de presidentes, também de ativistas como vocês”.

A África mereceu destaque no discurso, ao analisar que os países ricos precisam dos país emergentes para sair da crise, e passa pela inclusão dos cidadãos africanos à economia mundial:

“É hora de colocar o desenvolvimento e a democracia no centro da agenda africana e mundial... mais do que ajuda, a África precisa de oportunidade”.

“Nos 29 países que visitei como presidente constatei a vitalidade com que esse continente irmão afirma seu desenvolvimento, sem ingerências externas e com democracia... A África tem um futuro extraordinário, e esse futuro está chegando”.

Lula ainda pediu soluções para a África alcançar a independência na sua produção de alimentos: "Não há soberania real sem soberania alimentar", afirmou.

Ele relembrou que o Brasil tem a segunda maior comunidade negra do mundo, só atrás da Nigéria, e voltou a pedir desculpas pela mácula da escravidão no passado do Brasil.

Falou sobre os “ventos que sacodem o norte da África”, como na Tunísia e Egito.

Muito aplaudido, pediu o reconhecimento do estado palestino “economicamente viável, socialmente integrado e que esteja em paz com Israel”.

Em sua fala, Lula também destacou as conquistas sociais de seu governo, como a criação de 15 milhões de empregos com carteira assinada e o aumento real do salário mínimo.

Fonte: Amigos do Presidente Lula

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