O Imperador Agnelli, que diz ter uma relação “apenas afetiva”com o Bradesco sempre foi o menino-prodígio do banco do velho Amador Aguiar.
Entrou lá em 1981, antes mesmo de formar-se em economia, e só lá trabalhou até assumir a presidência da Vale, há dez anos. Mas um ano antes, já era presidente do Conselho de Administração da empresa e, também, da Bradespar.
No livro “Administração: teoria e prática no contexto brasileiro”(São. Paulo:Pearson Prentice Hall, , 2008), os professores Felipe Sobral e Alketa Peci descrevem assim as relações entre Agnelli e o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão:
“(…)Agnelli soube cultivar uma rede de relacionamentos interpessoais, além de aproximar-se de pessoas poderosas, entre os quais o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, conquistando sua admiração e proteção.”
Ou, como prefere Agnelli, uma “relação afetiva”.
Em 1997, o Bradesco participou da avaliação da Vale. Como acionista da CSN, que arrematou a empresa, participou também da compra daquilo que ele mesmo avaliara.
Isso provocou uma ação do Ministério Público Federal, movida pelo Procurador Ubiratan Cazzeta, do Pará, onde ele aponta, essencialmente, estes argumentos para essa afirmação:
1) A participação indireta do Bradesco no leilão da Vale deu-se da seguinte maneira: as empresas Belapart e Valetron, constituídas às vésperas do leilão e controladas pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas, lançaram no mercado no dia 07 de maio de 1997, dia da venda da Vale, debêntures no valor de R$ 604 milhões. Para a procuradoria, trata-se de uma “coincidência insuperável”. Os papéis foram comprados por uma subsidiária do Bradesco, da qual o banco controla 99% das ações, a União Participações.
2) O dinheiro das debêntures serviu para que o Opportunity financiasse a Elétron, outra empresa que controlava, na compra da Vale. A Elétron integrou o consórcio vencedor. Desembolsou R$ 660 milhões. Com a operação, segundo publicação do próprio banco, “o BRADESCO detém 85,6% do capital total da Elétron S.A., sociedade de participações detentora de 20,7% do capital total da Valepar S.A., que por sua vez é controladora da CVRD, detendo 42,1% do seu capital votante”.
3) O Bradesco detém 17,9% da CSN que, por sua vez, controlava 31% da Vale.
2) O dinheiro das debêntures serviu para que o Opportunity financiasse a Elétron, outra empresa que controlava, na compra da Vale. A Elétron integrou o consórcio vencedor. Desembolsou R$ 660 milhões. Com a operação, segundo publicação do próprio banco, “o BRADESCO detém 85,6% do capital total da Elétron S.A., sociedade de participações detentora de 20,7% do capital total da Valepar S.A., que por sua vez é controladora da CVRD, detendo 42,1% do seu capital votante”.
3) O Bradesco detém 17,9% da CSN que, por sua vez, controlava 31% da Vale.
Resumindo: o financiou debêntures emitidas por duas empresas, que eram controladoras da Elétron: Valetron e Belapart. Tanto a Valetron quanto a Belapart eram de propriedade de uma pessoa física ligada ao Opportunity e ao Sweet River Fund, que participaram da compra de ações da Vale do Rio Doce com direito a voto. Quando as debêntures não foram honradas, ele assumiu o controle.
Na operação de “descruzamento de ações” entre a CSN e a Vale, o Bradesco ficou com uma parcela que lhe permitiu, através da Bradespar, controlar a empresa, mesmo com apenas 21,2% das ações votantes na Valepar, consórcio controlador, enquanto a Previ (previdência do Banco do Brasil) e Funcef (da Caixa), têm 49% e o BNDES mais outros 11,5%.
São, como se vê, relações afetivas e competência gerencial as únicas razões que fazem de Roger Agnelli, o Imperador da Vale, uma figura “imexível”, a quem o país, agradecido por tantos lucros obtidos com a extração de nosso minério, deve curvar-se e reverenciar.
O Imperador da Vale esperneia
Sua Majestade, D. Roger Agnelli I, o Eterno, perdeu a compostura.
Ontem, além do DEM, também o PSDB foi a luta para manter o “menino de ouro” do minério de ferro.
Sua Alteza, pessoalmente, disparou e-mails e mandou distrubuir entre os politicos material que tece loas à sua administração, cujo mandato já se encerrou e foi prorrogada, por acordo, no período eleitoral.
Mobilizou inclusive a alma penada de plantão, José “Bolinha” Serra. para dar declarações a seu favor e chamar de “aparelhamento” a ação do governo federal em tentar influir na escolha do novo presidente da empresa, da qual é acionista controlador, através do BNDES e dos fundos estatais de pensão.
Curiosa é a declaração de outro peso-pesado, o senador Francisco Dornelles dizendo que espera que o Governo não vá “utilizar os mecanismos que tem para intervir no seu processo decisório e na formação de sua diretoria”.
Ora, o que deveria o Governo, se tem mecanismos (legais e legítimos, estabelecidos na Lei Complementar 109) para influir no processo decisório?
Omitir-se? Deixar que D. Agnelli diga que “a Vale sou eu”?
O fato concreto, que já foi lido pelo mercado, é que D. Agnelli perdeu a cobertura do Bradesco, do qual era, como ex-funcionário, o homem de confiança na mineradora.
Tornou-se um problema para o banco, que só não o defenestrou, ainda, porque quer negociar sua saída.
D. Agnelli, porém, está possuido pela soberba e não consegue ver que foi para este cargo como um empregado do Bradesco, onde fez sua carreira.
Sua Alteza esqueceu que foi ao trono por conveniência e por conveniência será destronado por quem o coroou.
Quem está aparelhando politicamente a Vale não é o Governo, mas ele. Para se manter no “sacrificante” cargo, não hesita em partidarizar explicitamente sua permanência.
Ou seja, se tinha alguma boa chance de ficar, neste momento só conta com a possibilidade de que a “cara feia” dos políticos de oposição – ou apenas aderidos ao Governo – e as matracas dos colunistas de economia da grande imprensa fazerem medo ao Governo e impedirem o inevitável.
Improvável, mesmo com o apoio da “Globby”.
Ontem, além do DEM, também o PSDB foi a luta para manter o “menino de ouro” do minério de ferro.
Sua Alteza, pessoalmente, disparou e-mails e mandou distrubuir entre os politicos material que tece loas à sua administração, cujo mandato já se encerrou e foi prorrogada, por acordo, no período eleitoral.
Mobilizou inclusive a alma penada de plantão, José “Bolinha” Serra. para dar declarações a seu favor e chamar de “aparelhamento” a ação do governo federal em tentar influir na escolha do novo presidente da empresa, da qual é acionista controlador, através do BNDES e dos fundos estatais de pensão.
Curiosa é a declaração de outro peso-pesado, o senador Francisco Dornelles dizendo que espera que o Governo não vá “utilizar os mecanismos que tem para intervir no seu processo decisório e na formação de sua diretoria”.
Ora, o que deveria o Governo, se tem mecanismos (legais e legítimos, estabelecidos na Lei Complementar 109) para influir no processo decisório?
Omitir-se? Deixar que D. Agnelli diga que “a Vale sou eu”?
O fato concreto, que já foi lido pelo mercado, é que D. Agnelli perdeu a cobertura do Bradesco, do qual era, como ex-funcionário, o homem de confiança na mineradora.
Tornou-se um problema para o banco, que só não o defenestrou, ainda, porque quer negociar sua saída.
D. Agnelli, porém, está possuido pela soberba e não consegue ver que foi para este cargo como um empregado do Bradesco, onde fez sua carreira.
Sua Alteza esqueceu que foi ao trono por conveniência e por conveniência será destronado por quem o coroou.
Quem está aparelhando politicamente a Vale não é o Governo, mas ele. Para se manter no “sacrificante” cargo, não hesita em partidarizar explicitamente sua permanência.
Ou seja, se tinha alguma boa chance de ficar, neste momento só conta com a possibilidade de que a “cara feia” dos políticos de oposição – ou apenas aderidos ao Governo – e as matracas dos colunistas de economia da grande imprensa fazerem medo ao Governo e impedirem o inevitável.
Improvável, mesmo com o apoio da “Globby”.
Fonte: Tijolaço
Nenhum comentário:
Postar um comentário