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quinta-feira, 31 de março de 2011

O destino de Agnelli

Um leitor me pergunta o que vai acontecer a Roger Agnelli agora que vai perder a boca rica de um salário de 1.3 milhão por mês. Não sei, mas que ninguém se preocupe, ele não vai ter dificuldades.

Imagino que o Bradesco, – desde sempre a casa de Agnelli, que sempre foi ali uma espécie de menino de ouro do presidente Lazaro Brandão, que vai  mexer os pauzinhos para que ele seja absorvido por alguma empresa amiga. Porque, duvido que depois das manobras temerárias do futuro ex presidente da Vale para se segurar no cargo é claro que o bancão não vai coloca -lo na sua própria diretoria.
É provavel que Agnelli possa também contar com uma aposentadoria da Valia – Fundo de Pensão da Empresa que permite que seus diretores, depois de cinco anos de contribuição (com o dobro do valor complementado pelos cofres da vale) se aposentem a partir dos 45 anos ( que maravilha não é? Coitado daqueles a quem o padrinho de Agnelli, Fernando Henrique Cardoso, chamava de vagabundos!)
Ele agora está dizendo que quer ter um trabalho “social” ligado ao terceiro setor. Pelo menos é o que disse ao site “Máquina News“:
“O senhor pensa em voltar ao setor financeiro algum dia? _Não penso. não. Penso no que estou fazendo hoje. Minha cabeça está em 2020. quando eu gostaria de estar em Angra dos Reis. olhando meus filhos. dando gás para os dois. Eles estão indo bem. Mas eu os cobro. É meritocracia em casa. Outro dia falei para meu filho [João. 21 anos]: ” lsso não está bom. tem de melhorar’: Ele está montando uma empresa. e estou dizendo que está devagar. Já devia estar produzindo. É assim que eu me vejo Sem trabalhar? _Sem trabalhar. a minha mulher não agüenta. né? Quero fazer algo ligado a planejamento. estratégia Se puder Integrar ISSO com o terceiro setor. alguma fundação. será maravilhoso. Me dedico muito á fundação da Vale. Estamos fazendo uma revolução social. E não é apenas dinheiro. Dinheiro não falta no mundo. o que falta é Inteligência em projetos sociais.”
A menção a Angra dos Reis é porque lá, numa das paradisíacas ilhas do litoral, fica a casa de férias de Agnelli. Aliás, uma das casas porque a outra, no município é a Casa de Abrigo Roger Agnelli, construida com o dinheiro da Ferrovia Centro Atlântico,  uma das empresas do grupo Vale, e Prefeitura de Angra dos Reis. Note -se o rasgo de modéstia ao batizar a instituição com seu próprio nome. Culto à personalidade é isso aí.
Pode ser também que Agnelli enverede pela política, como diz hoje a colunista Hildegard Angel.

Ele pode ser candidato a prefeito de Angra dos Reis, onde participa de um conselho de “desenvolvimento sustentável” ao lado outros empresários peso-pesado – João Roberto Marinho, Armando Klabin, o empreiteiro Antonio Carlos Lobato e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni – proprietários de ilhas no município.  Seu principal aliado político, o prefeito Tuca Jordão,   ainda no cargo, é ficha-suja e está inelegível por três anos, por decisão do TRE-RJ, por abuso de poder econômico


Chega, Roger! E chega, Folha!



É  dificil saber qaté quando continuará este jogo de intrigas contra o Governo, neste caso da Vale, se Roger Agnelli ou a Folha de S. Paulo.
Depois de ser desmentido ontem pelo Bradesco, em nota oficial – coisa raríssima de banco fazer em relação a noticiário político – o jornal vem hoje com um inacreditável exercício de onipresença jornalística, descrevendo um diálogo telefônico entre Roger Agnelli e Lázaro Brandão.
É inacreditável que o presidente do Bradesco, tido e havido como um homem avesso à publicidade na mídia, fosse travar um diálogo áspero com Agnelli diante de várias testemunhas, uma das quais o narrou ao jornal.
Se admitirmos que ele estivesse com um ou dois auxiliares presentes, ainda assim duvido que um deles fosse se expor a descrever em minúcias a fala particular do chefe a um jornal que acabou de levar um desmentido público da empresa.
Mas a “novela” tem, não se pode negar, um episódio delicioso. É a frase atribuída ao presidente do Brasdesco:
- Chega, Roger, não dá mais!
Embora romanceada, a matéria é muito bem escrita e traz um retrato fiel de como Agnelli tratava a empresa como sua.
Leiam só:
“Inimigo de Guido Mantega (Fazenda), Agnelli passou a significar mais riscos que lucros por conta do passivo de erros estratégicos que cometera (leia quadro ao lado).
A maioria desses erros tem relações com o caráter anfíbio da Vale -a diretoria da empresa comporta-se como seus pares no setor privado, mas o seu controle (exatamente 58,1%) está nas mãos de um fundo de investimentos controlado por um fundo de pensão atrelado ao governo, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil.
A irritação do governo com Agnelli vem de 2009, quando o então presidente Lula sentiu-se afrontado com a demissão de 1.300 trabalhadores da empresa.
Lula ficou contrariado porque pedira aos empresários que não demitissem. Que moral teria para fazer esse pedido ao setor privado se uma empresa controlada por um fundo de pensão público não atendera a seu apelo?”
Ah, quer dizer então que embora “atrelado ao Governo” não seja uma maneira isenta de classificar um fundo de pensão que recebe verbas públicas, finalmente se assume que é a União o acionista controlador da Vale, embora não seja mais diretamente seu maior acionista.
Dá para fazer outras perguntas, usando a mesma lógica da pergunta atribuída a Lula. “Como é que uma empresa controlada por um fundo de pensão público não investe no Brasil, não participa como devia do avanço da siderurgia, não se preocupa em fazer encomendas vultosas, como a de 12 supernavios, à indústria brasileira?”
Como disse, a matéria é imperdível, até porque mostra as íntimas ligações de Agnelli com o DEM (só com o DEM?), articulando até a convocação de ministros ao Cogresso, vazando informações para a imprensa amiga, que o fez de mártir e manipulando tudo para se agarrar ao “empreguinho” de R$ 1,3 milhão por mês (dado que a Folha, claro, não publica).
A edição de hoje, porém, fala pela primeira vez no fato de que a Vale teve uma explosão de lucros, essencialmente, porque houve uma explosão no preço do minério que ela vende em quantidades cada vez mais gigantescas, in natura.
E um mar de contradições. Na página B1, o suposto novo presidnte da empresa, Tito Martins, é apresentado como “um hábil negociador”, embora ligado a Agnelli, na B3, a manchete é de que ele é “linha dura”, usando como exemplo a recusa em negociar com os mineiros da subsidiária da empresa no Canadá e ter vencido pelo cansaço.
E Carla Grasso, a Dama de Ferro de Agnelli, embora tenha sido auxiliar de Fernando Henrique e, até pouco tempo, mulher do tucano de alta plumagem Paulo Renato de Souza é apresentada apenas como “oposição ao PT”.
A matéria sobre “os sete erros estratégicos de Agnelli” está restrita aos asinantes. Tenho de sair para um compromisso, mas a trarei aqui e volto ao assunto.
Fonte: Tijolaço

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