Natalia Viana
A mensagem em que os norte-americanos descrevem as articulações dos partidos nanicos em torno do nome de Ciro Gomes já fazia menção ao escândalo de Arruda. Naquela época, o DEM já se preparava para expulsar seu único governador da legenda. Um membro não-identificado do partido resumiu-se a dizer que o incidente ainda era “muito desastroso para se falar sobre agora”.
O nome de José Roberto Arruda era o mais cotado dentro do DEM para ser vice na chapa de Serra. Sua plataforma política no DF pautava-se pela eficácia, a ponto de Arruda proibir o uso do gerundismo no atendimento dos órgãos do GDF. Onyx Larenzoni (DEM-RS) e outros co-partidários disseram a diplomatas norte-americanos que acreditavam que Arruda ficaria no Palácio do Buriti até as eleições de outubro mesmo com todos os processos contra ele e dos esforços em se arrolar um impeachment do governador. A mensagem observa que isto era dito “sem nenhum grau de raiva ou frustração”.
De acordo ainda com o telegrama, a grande preocupação sobre o mensalão do DEM no DF era que três das mesmas empreiteiras envolvidas nas propinas a deputados distritais tinham forte presença em estados governados pela oposição como Minas Gerais e São Paulo. O então senador Gim Argello (PTB-DF) disse aos norte-americanos que duvidava que estas empresas participassem de práticas deste tipo nos outros estados. Notado na mensagem como um “investidor do ramo imobiliário com seus próprios interesses”, Argello descreveu o escândalo de Arruda como algo endêmico ao DF. “A corrupção de Arruda era conhecida entre os empreiteiros da região e isso criou um ambiente em que propinas eram necessárias”, explicou Argello aos norte-americanos.
Em face dos vídeos “parecidos com YouTube” de políticos ligados a Arruda colocando maços de dinheiro em maletas e meias, os norte-americanos avaliaram que a vaga de um vice do DEM na chapa da oposição como nas últimas eleições presidenciais estaria perdida. Em conversa com um oficial político da embaixada, ACM Neto (DEM-BA) confessou que seu partido planejava concorrer com uma plataforma de governo eficaz que “não tinha uma mensagem identificável”.
A possibilidade de uma chapa da oposição sem um vice do DEM era bem vista pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). No entanto, Araújo estava preocupado que outros escândalos envolvendo o PSDB viessem à tona, forçando o partido a esmerar-se pela sua imagem de “partido do bom governo”. De acordo com ele, o caso do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) envolvido em um esquema de mensalão em sua campanha para governador de 1998 era “tudo fumaça, nada de fogo”.
Ronaldo Caiado (DEM-GO), então líder do partido na Câmara, já admitia que o escândalo de Arruda atingiria o partido dono das terceiras maiores bancadas na Câmara e no Senado nas eleições. Caiado colocou que o DEM se distinguiria dos demais partidos expulsando Arruda. “Ao contrário do PT, que não fez nada com os envolvidos no mensalão”, teria dito Caiado. “Licitações estaduais e federais geralmente lançam fundos para contratar empresas mensalmente, com controles fracos para detalhamento e justificativa de itens e gastos, fazendo com que o mensalão seja facilmente o esquema bipartidário favorito de corrupção no Brasil”, descrevem os norte-americanos.
Via CartaCapital Wikileaks
Fonte: Linpinho & Cheiroso
A mensagem em que os norte-americanos descrevem as articulações dos partidos nanicos em torno do nome de Ciro Gomes já fazia menção ao escândalo de Arruda. Naquela época, o DEM já se preparava para expulsar seu único governador da legenda. Um membro não-identificado do partido resumiu-se a dizer que o incidente ainda era “muito desastroso para se falar sobre agora”.
O nome de José Roberto Arruda era o mais cotado dentro do DEM para ser vice na chapa de Serra. Sua plataforma política no DF pautava-se pela eficácia, a ponto de Arruda proibir o uso do gerundismo no atendimento dos órgãos do GDF. Onyx Larenzoni (DEM-RS) e outros co-partidários disseram a diplomatas norte-americanos que acreditavam que Arruda ficaria no Palácio do Buriti até as eleições de outubro mesmo com todos os processos contra ele e dos esforços em se arrolar um impeachment do governador. A mensagem observa que isto era dito “sem nenhum grau de raiva ou frustração”.
De acordo ainda com o telegrama, a grande preocupação sobre o mensalão do DEM no DF era que três das mesmas empreiteiras envolvidas nas propinas a deputados distritais tinham forte presença em estados governados pela oposição como Minas Gerais e São Paulo. O então senador Gim Argello (PTB-DF) disse aos norte-americanos que duvidava que estas empresas participassem de práticas deste tipo nos outros estados. Notado na mensagem como um “investidor do ramo imobiliário com seus próprios interesses”, Argello descreveu o escândalo de Arruda como algo endêmico ao DF. “A corrupção de Arruda era conhecida entre os empreiteiros da região e isso criou um ambiente em que propinas eram necessárias”, explicou Argello aos norte-americanos.
Em face dos vídeos “parecidos com YouTube” de políticos ligados a Arruda colocando maços de dinheiro em maletas e meias, os norte-americanos avaliaram que a vaga de um vice do DEM na chapa da oposição como nas últimas eleições presidenciais estaria perdida. Em conversa com um oficial político da embaixada, ACM Neto (DEM-BA) confessou que seu partido planejava concorrer com uma plataforma de governo eficaz que “não tinha uma mensagem identificável”.
A possibilidade de uma chapa da oposição sem um vice do DEM era bem vista pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). No entanto, Araújo estava preocupado que outros escândalos envolvendo o PSDB viessem à tona, forçando o partido a esmerar-se pela sua imagem de “partido do bom governo”. De acordo com ele, o caso do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) envolvido em um esquema de mensalão em sua campanha para governador de 1998 era “tudo fumaça, nada de fogo”.
Ronaldo Caiado (DEM-GO), então líder do partido na Câmara, já admitia que o escândalo de Arruda atingiria o partido dono das terceiras maiores bancadas na Câmara e no Senado nas eleições. Caiado colocou que o DEM se distinguiria dos demais partidos expulsando Arruda. “Ao contrário do PT, que não fez nada com os envolvidos no mensalão”, teria dito Caiado. “Licitações estaduais e federais geralmente lançam fundos para contratar empresas mensalmente, com controles fracos para detalhamento e justificativa de itens e gastos, fazendo com que o mensalão seja facilmente o esquema bipartidário favorito de corrupção no Brasil”, descrevem os norte-americanos.
Via CartaCapital Wikileaks
Fonte: Linpinho & Cheiroso
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