É imperdível a matéria de hoje do Valor Econômico - para assinantes, mas reproduzida aqui – onde o diretor brasileiro do FMI, Paulo Nogueira Batista Júnior (foto) se insurge contra a decisão do Fundo – controlado, como se sabe, pelos países desenvolvidos – de querer impor regras que proíbam o controle de fluxos de capital pelos países que estão sofrendo com a enxurrada de dólares que ingressam em suas economias.
O FMI, não faz três anos, provou sua completa incapacidade de lidar com a crise econômica mundial.
Isso não é uma acusação, é uma confissão, e do próprio presidente do órgão, Dominique Strauss-Kahn.
“A incapacidade do Fundo para prevenir a possibilidade de uma crise sistêmica de forma precoce, aguda e eficaz é um fato que deveria nos tornar mais humildes (e) que a instituição reconhece com sinceridade e ao qual está pronta para responder”.
Essa declaração é fresquinha, foi feita em fevereiro deste ano.
Em um estudo publicado naquela época, um grupo de especialistas do FMI afirmou que, em determinadas circunstâncias, “os controles sobre o capital são um componente legítimo da resposta a uma grande entrada de capital”. Os países cuja economia está acelerada, que contam com amplas reservas de divisas e cuja taxa de juros não está desvalorizada, poderiam se servir deles para restringir fluxos transitórios de dinheiro, diz o estudo.
Agora, Strauss-Kahn mudou de posição e sugeriu que os países deixem que suas moedas se valorizem, segundo um resumo de seu discurso postado no site do Fundo. “Em alguns casos, os controles de capital podem ser úteis, mas não devem substituir os ajustes fundamentais das políticas”, afirmou.
E hoje o Fundo divulgou novo relatório, onde ataca a política brasileira de tentar frear a entrada de dólares pela via fiscal, através do IOF. O FMI quer que o Governo permita maior redução do dólar, aperte a política fiscal e corte o crédito, sobretudo o destinado à infraestrutura, via BNDES.
No Valor, Paulo Nogueira Batista Junior abre o verbo. Diz que o FMI está “tentando enquadrar” os países em desenvolvimento, sem atacar o problema provocado pelos países que originam este fluxo de capital.
“Nós nos opomos fortemente a qualquer diretriz ou código de conduta que estabeleça, uniformize, priorize ou restrinja o conjunto de instrumentos dos países para enfrentar movimentos de capital de grande volume e voláteis”, diz ele, afirmando que a atual discussão no FMI é uma “tentativa para preparar o terreno para mais interferência do Fundo nas politicas dos paises emergentes”
- O que o Brasil quer é uma abordagem equilibrada do tema, sem preconceitos, e não venha com código de condutas, regras, que sequer estão pensadas.
Fonte: Tijolaço



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