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domingo, 17 de abril de 2011

O nome do “caos aéreo” é Dona Regina

Dona Regina Rocha, cidadã brasileira 
finalmente, vai de avião ver as tias em Belém. 
Esse é o "caos aéreo" que apavora a elite

“Com ganho de R$ 800 mensais, a empregada doméstica Regina Rocha aproveitou a proximidade da Semana Santa e convenceu a patroa a lhe dar uns dias de folga para visitar as tias em Belém. Foi a primeira vez que a carioca viajou de avião na vida e que pôs os pés na capital paraense:
- Aproveitei uma promoção, peguei minhas economias e paguei R$ 400 pela passagem, incluindo ida e volta – diz ela, que embarcou do Galeão na última quinta-feira, acompanhada da mãe.
Regina faz parte de um novo universo de passageiros que eram excluídos das viagens de avião até pouco tempo atrás, os 95 milhões de brasileiros da chamada classe C. O fator decisivo para a inclusão dessa leva de consumidores foi o avanço do rendimento médio mensal, que em fevereiro atingiu R$ 1.540,30 – alta de 3,7% ante igual mês de 2010, segundo os últimos dados disponíveis do IBGE.”
Este trecho da matéria que O Globo publica hoje é o mais perfeito retrato do que foi escrito aui na sexta-feira: o problema aéreo é aquilo que FHC quer esquecer: o povo .

O Brasil era um país no qual 30% das pessoas eram consumidores. A entrada de 30 milhões de pessoas na classe C criou, em pouco sete anos anos, um enorme acréscimo de demanda. Esse contingente representa, para que se tenha uma idéia, representa metade da população da França. Segundo o economista Marcelo Nery, da Fundação Getúlio Vargas, “a renda dos pobres cresceu 540% a mais do que a dos ricos. Isso aumentou o padrão de vida de mais da metade da população”.
Vamos ter de achar espaço nos aeroportos. Vamos ter de dar um jeito nisso, e vamos dar. Porque, se Deus quiser, D. Regina vai gostar da viagem e fazer outra, assim que puder.

Problema aéreo é aquilo que FHC quer esquecer: o povo


No tempo em que o tucanato imperava no país, uma piada dizia que o Brasil tinha duas saídas: o Galeão e Cumbica.
É por aí que agente começa a entender porque o PSDB e a mídia  – que como diz sua líder Judith Brito, executiva da Folha e presidente da Associação Nacional de Jornais, no es lo mismo pero es igual – andam com suas baterias voltadas para a situação dos aeroporto e sua preparação para a Copa do Mundo. Ao ponto de, está semana, numa “coincidencia” nada casual os comerciais dos tucanos na televisão e as manchetes da jornalada puxarem pelo mesmo tema
Que os aeroportos brasileiros, como de resto toda a infraestrutura deste país terem acumulado um atraso enorme ao longo de muitos anos não é novidade para ninguém.
Mas a razão maior para os problemas aeroportuários é outra, que nada tem a ver com nenhum tipo de má administração pública.
Tem, sim, relação com o crescimento da atividade econômica e a elevação do poder de compra da população, que fizeram o avião deixar de ser um transporte de elite e tornar-se um meio de transporte acessível até mesmo a classe média baixa.
Vamos aos números. Em 2003, primeiro ano do Governo Lula, passaram pelos aeroportos brasileiros, entre vôos nacionais e internacionais, 71,2 milhões de passageiros. Oito anos depois, em 2010, o número de passageiros aumentou para 155 milhões.
Ou seja, mais de o dobro de viajantes.
Foi por isso que o ex-presidente Lula, ao voltar a usar os võos comerciais, disse:
- Vocês não sabem o prazer que eu sinto em ver pobre andando de avião. Eu sei que tem gente que reclama, diz que pobre tem que andar de ônibus [...]. Eles [os pobres] não sabem nem como sentar, não sabem nem qual botão apertar, mas estão lá.
O estudo do Ipea não diz que dez dos 13 aeroportos não terão condições de desempenhar suas funções até a Copa de 2014 por falta de investimentos.
Ao contrário, ressalta que “visando a Copa que será realizada no Brasil, o governo federal assegurou à Infraero a disponibilidade de recursos para investir R$ 5,6 bilhões em 13 aeroportos de 2011 a 2014. Isso representa R$ 1,4 bilhão ao ano, um valor bem maior que a média investida em 2003/2010 (R$ 430,3 milhões) e em 2010 (R$ 645,6 milhões).”
O problema apontado é, essencialmente, nos prazos de liberação das licenças de obra e dos atrasos sofridos na execução dos projetos. E é, sim, necessário criar mecanismos e prazos especiais para que – sem prejuízo da regularidade dos projetos – as obras sejam concluídas a tempo. Por exemplo, os prazos  para o Tribunal de Contas da União para apreciar e fazer suas considerações a respeito do custo dos projetos não têm definição e precisam ter, sob pena de impedirem a contratação a tempo das obras.
Agora, convenhamos que, embora só há dois dias FHC tenha dito ao PSDB para esquecer o povão e focar na classe média, o marqueteiro tucano que preparou as inserções do partido e escolheu os aeroportos como tema já tinha adotado a tese, lá isso é.
Porque, como mostram os números, o problema dos aeroportos é que o povão – e a classe média baixa é povão – passou a andar de avião.
Fonte: Tijolaço

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