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domingo, 22 de maio de 2011

Após Folha esticar corda de Palocci até Dilma, Estadão quer pendurá-la em Lula


De mansinho, como quem não quer nada, eles vão jogando as iscas para pegar peixes incautos - que são aqueles que criticam o PIG, mas acreditam em tudo o que ele publica.

A Folha colocou Palocci na roda, escandalizando o nada: um ex-ministro, fora do governo, teria ganhado muito dinheiro com uma empresa de consultoria. Alguma ilegalidade? Não apontam. Falam apenas em quantias enormes.

Depois puxam a quantia para a época da campanha de 2010 ("esquecendo" convenientemente que 2006 também foi ano de campanha e o faturamento da empresa foi pequeno) para levar a rede até Dilma.

Bola levantada pela Folha, repercutida pelo esgoto da Veja, o Estadão tratou de "correr atrás do prejuízo". Suitou a Folha fazendo uma entrevista com o ex-presidente do BNDES no governo Lula, Carlos Lessa.

Lessa, um divertidíssimo homem sério, deu sua opinião sobre o assunto. Até que a entrevistadora, inocentemente, mandou:

Sua tese vale também para ex-presidentes da República?

Pronto. Já, já começam a dizer que palestras de Lula são uma imoralidade. Que ele está rico ganhando centenas de milhares de dólares por elas.

Se falarem que FHC também ganha (muitíssimo menos, por incompetência dele), como Palocci fez em relação a Malan e outros, vão argumentar que o PT dizia que faria diferente.

E assim segue a roda dos inocentes úteis oferecendo seus próprios pescoços para alimentar os predadores famintos que estão fora do poder.

Não contem com o meu.


A edição de hoje da Folha entrega o jogo. Todo mundo estava se perguntando o porquê de tanto fogo em Palocci, um homem do mercado, tido por muitos petistas como um "deles". A Folha hoje responde: porque o alvo é Dilma e o governo do PT.

Começa na primeira página, em parte reproduzida aí em cima. "Empresa de Palocci faturou R$ 20 mi no ano da eleição".

Misturando dinheiro de Palocci com dinheiro de campanha pode-se ampliar o leque da investigação, não é, Folha? Se levarmos em conta que Palocci é do PT e foi coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República, pode-se especular se o dinheiro seria sobra não-contabilizada da campanha de Palocci, do PT ou de Dilma - mas como diferenciar, não é, Folha? Esse seria o caminho natural do processo. Mas a Folha se precipitou, e, pior, se entregou. Mostro como:


Repare na imagem ao lado. É cópia do que está hoje nesta página da Folha (dei print screen, viu Folha?), que o assinante pode conferir ao vivoaqui. A diferença está nos destaques que dei em amarelo e vermelho, na frase e nas duas estrelinhas. A frase puxa Dilma para a roda: "Receita de consultoria deu salto no ano da eleição de Dilma para Presidente". E as estrelinhas? O que fazem ali as estrelinhas que não estão presentes em nenhuma outra reportagem da Folha de hoje, apenas nesta? Simples coincidência? E que a estrela seja o símbolo do PT é apenas outra coincidência?

Então, ao texto da repórter Cátia Seabra.

A empresa de consultoria do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, faturou R$ 20 milhões no ano passado, quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República.
Segundo duas pessoas que examinaram números da empresa e foram ouvidas pela Folha, o desempenho do ano passado representou um salto significativo para a a consultoria, que faturou pouco mais de R$ 160 mil no ano de sua fundação, 2006.

Entendemos, Folha. No ano em que Palocci "atuou como principal coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República" sua empresa deu um salto.

Mas a comparação é com o ano de 2006, o de criação da empresa. E os outros, 2007, 2008, 2009, qual o faturamento? E, já que vocês tiveram acesso ao papelório, porque não divulgaram os anos anteriores? Por que também se esqueceram de dizer que 2006 também foi ano eleitoral, Lula se reelegeu presidente e Palocci se elegeu deputado federal?

Numa reportagem complementar vem a informação de que a receita da empresa de Palocci é similar à das maiores do ramo no país. Só que nenhuma delas tinha à frente o ex-czar da economia do governo Lula, não é? Alguém que havia recém saído do governo e que pertencia (pertence) ao PT.

Aí vem o fecho, com outra reportagem que afirma: Empreiteira com negócios públicos contratou Palocci (aqui, para assinantes). E vai direto ao assunto:

O grupo WTorre, que fechou negócios com fundos de pensão de estatais e com a Petrobras, foi um dos clientes da empresa de consultoria do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
A empreiteira também fez doações de campanha a Palocci (R$ 119 mil), em 2006, e a Dilma Rousseff (R$ 2 milhões), no ano passado.

A partir daí, a reportagem elenca uma série de contratos do grupo WTorre (que "diz manter ativos de R$ 4 bilhões em 200 projetos"), em anos diferentes, sem dizer em momento algum que qualquer deles teve a participação da empresa de Palocci. Os dados são jogados para que o leitor incauto faça a tal ligação.

Ou seja, o ataque a Palocci era para que ele justificasse o aumento de seu patrimônio? Não, era para fazer com que a Petrobras, Previ, a campanha de Dilma, o governo venham a público justificar por que fizeram tal e tal negócio com tal e tal empresa.

Ah, antes que me esqueça. Ao final da reportagem, envergonhadinha, vem a informação:

Em 2010, além da doação de R$ 2 milhões à campanha de Dilma Rousseff, da qual Palocci era coordenador [esta ligação é o que eles querem deixar claro], também houve aporte para o tucano José Serra (R$ 300 mil), adversário na disputa.

Ou seja, a empresa jogou dinheiro no lixo. Aí Palocci deveria vir a público pelo menos para afirmar que isso não foi resultado de sua consultoria... Queima o filme.

A Folha hoje volta à carga contra Palocci, com o objetivo de atacar Dilma e o governo, como demonstrei ontem aqui em  Folha se precipita e entrega o jogo: alvo não é Palocci, é Dilma.

A manchete do jornalão hoje é: "Em 2 meses, após a eleição, Palocci faturou R$ 10 mi". A pergunta é: como a Folha sabe disso se, como afirma Palocci e pelo menos uma das empresas a quem ele prestou consultoria, existe uma cláusula de sigilo nesse tipo de trabalho, que não pode ser rompida pois seria crime, como acontece com os médicos e advogados, por exemplo.

Então a Folha ataca sabendo que ele não pode se defender, a não ser dizendo o que já disse e que nota da empresa volta a repetir ao jornalão hoje sobre os tais R$ 10 milhões, após a eleição.

Sem confirmar os valores, a assessoria da empresa atribuiu a intensa movimentação do fim do ano ao cancelamento de vários contratos após a decisão de Palocci de mudar a Projeto de ramo e encerrar suas atividades como consultor, antes de assumir o comando da Casa Civil.

Agora, repare como a Folha começa a reportagem e verifique se o objetivo não é misturar Palocci à eleição de Dilma:

O faturamento da consultoria do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, no ano passado superou R$ 10 milhões em novembro e dezembro, os dois meses que separaram a eleição da presidente Dilma Rousseff e sua posse.
Palocci foi o principal coordenador da campanha de Dilma e chefiou a equipe que organizou a transição para o novo governo nesse período. Dilma anunciou sua escolha como ministro da Casa Civil no dia 3 de dezembro.
O valor obtido nos últimos dois meses do ano pela empresa de Palocci, a Projeto, representa mais da metade de sua receita no ano passado. A consultoria faturou R$ 20 milhões em 2010, segundo duas pessoas que examinaram seus números e foram ouvidas pela Folha.

E se essas "duas pessoas que examinaram seus números e foram ouvidas pela Folha" forem as mesmas que produziram a ficha falsa de Dilma publicada na primeira página da Folha?

Aqui, não se trata de defender Palocci - ele é bem crescidinho, tem bastante dinheiro e é poderoso -, mas de desmascarar a manobra da Folha que quer puxar Dilma para a roda, já que não conseguiram emplacar seu candidato. Para isso usam a estratégia de um antigo comercial deles mesmos: "É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade". Antigo comercial da Folha virou seu Manual de Redação.


Trecho final do comercial parece escrito para o leitor da Folha: "É preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe".

Por isso fui contra o discurso da presidenta na festa dos 90 anos da Folha, a critiquei aqui, De Dilma para Octavio Frias de Oliveira e deste para Estela (codinome de Dilma na luta contra a ditadura).

Fui acusado de não ter percebido a sutileza da presidenta, que Dilma teria dado tapa com luvas de pelica. Taí a resposta. 



Fonte: Mello

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