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sábado, 15 de outubro de 2011

Apolíticos e apartidários: os marchadores que a Globo gosta


Antes que você continue lendo este post, é preciso lembrar que manifestações populares, chamadas por partidos políticos, sindicatos, ONGs ou qualquer outra entidade, são legítimas e fazem parte da democracia que tanto lutamos para conquistar neste país. Acredito nisso e apóio. A questão é quando seus organizadores, pelos motivos mais sombrios e temerosos, resolvem se esconder. Nem na famosa “Marcha Pela Família com Deus Pela Liberdade”, que impulsionou o golpe de 64 contra João Goulart, seus organizadores tiveram a covardia de se esconder. Nas imagens dos eventos ocorridos em São Paulo, e no então Estado da Guanabara, pode-se ver claramente faixas com nomes de entidades que apoiavam o evento.
Nas atuais “Marchas contra a Corrupção” no Brasil, a primeira realizada dia 07/09/2011 e a última no dia 12/10/11, o que se vê são frases de efeito em faixas, máscaras, rostos pintados, mas nenhuma assinatura de quem chama e organiza os marchadores. Todos se intitulam apolíticos e apartidários, pensadores do bem comum que lutam contra a vastidão da corrupção federal que assola o país. Nenhuma menção aqui a qualquer escândalo local em governos de estado ou municípios. A estratégia é simples: para que a população se aglomere ao redor, é necessário que nenhum partido apareça, pois os partidos, como já se sabe, não desfrutam de boa imagem popular, seja de esquerda ou de direita. Parte do plano é usar a internet, mais particularmente o Facebook, para espalhar a palavra de manifesto, aproveitando-se da penetração da ferramenta na classe média “indignada”.
Pois se você acredita mesmo que os marchadores aparecem por geração espontânea, está enganado. A Juventude do PSDB, braço de pensamento Sub16 do partido de José Serra, é uma das entidades organizadoras do movimento. Na imagem abaixo você pode ver o convite feito dias antes da primeira manifestação no dia 07/09. O convite foi publicado no site de notícias do partido, o Tucano.Org, no dia 05/09. O texto é enfático: “A JPSDB convida para um grande ato contra a corrupção no governo federal”. Nada de caso Alstom, que envolve o governo do Estado de São Paulo, ou Paulo Preto. Calma, não acabou. Veja quem assina o convite:
Assinam este singelo chamado popular Paulo Mathias, presidente da JPSDB-SP, Camila Reginato, secretária de eventos, e Raphael Penteado, secretario de comunicação. Para entender um pouco mais a dedicação dos envolvidos com a democracia brasileira, é preciso frisar que Paulo e Camila são funcionários do Governo do Estado de São Paulo. Conforme indicam seus perfis no Facebook (clique nos nomes a seguir) Camila é assessora de imprensa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Metropolitano, ePaulo trabalha na Secretaria Estadual de Educação. Nada contra eles trabalharem lá, isso não desabona ninguém e derruba o mito plantado pelo PSDB e mídia de que o PT e outros partidos de esquerda fazem loteamento de cargos. Imagens abaixo, antes que os perfis sejam alterados. E isto também não lhes confere má conduta com uso de cargos públicos, uma vez que os atos foram organizados em feriados e fora do expediente. Apenas comprova que o partido está por trás dos atos, diferentemente da independência que suas lideranças pregam durante entrevistas.

O site Tucano.Org publicou este convite no dia 05/09 e a matéria com cobertura do ato no dia 08/09 conforme imagem abaixo. Na última marcha, esta do dia 12/10, não se observa nenhum chamado ou matéria de cobertura no site. É evidente que cometeram um erro inicial de estratégia e agora estão se escondendo diante das denúncias de partidarização na blogosfera. Repito: é válido organizar o ato, porém é desonesto se esconder para ludibriar as pessoas.
Sindicatos, CUT, MST, ONGs ou qualquer outra entidade de esquerda que represente trabalhadores, quando fazem suas marchas, nunca escondem seus rostos ou faixas. Todo movimento é assinado e participa quem quer, abrindo caminho inclusive para a velha mídia condenar as manifestações populares. Ser honesto com a população é uma forma de politizar, de expor idéias e ser contraponto diante da censura midiática. Quem aderiu as diversas manifestações nos últimos 20 anos, sabia claramente onde estava se metendo, diferentemente destas Marchas, cujo único objetivo é garantir imagens de manifestações para o programa eleitoral da direita no ano que vem, sapateando em idéias gelatinosas, sem profundidade ou foco. Afinal, contra a corrupção, todo mundo é. Até hoje não vi ninguém honesto ser a favor.

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