Autor: Luis Nassif
Não tem jeito. Vinte anos após o Plano Real, o PSDB continua preso à síndrome dos pacotes.
O que Elena Landau, Edmar Bacha, Arminio Fraga tem a oferecer como bandeira partidária? Com exceção de Elena - que nunca pertenceu aos quadros intelectuais do partido - os demais economistas foram personagens circunstanciais da história do país, com relevância, sem dúvida, mas datados. Tiveram espaço enquanto a bandeira maior era a da estabilização econômica.
De lá para cá o país e a agenda política avançaram de modo irresistível. O país tornou-se uma economia de massa, a política de gabinete ficou irremediavelmente anacrônica, a mística dos grandes sábios da planilha esboroou-se quando, passada a fase da estabilização, o Brasil tornou-se um país complexo, composto por um conjunto de prioridades simultâneas, como mercado de capitais e políticas sociais, participação popular e desburocratização, desenvolvimento regional e globalização da economia.
Cadê os quadros intelectuais que estão pensando o novo? Em vez de garimpar na academis os novos valores - à falta de militância -, o partido vai buscar ícones defasados, de uma época que já foi superada pela história.
O dilema maior é que, se excluir esses quadros de mercado, a bandeira remanescente será da intolerância do pensamento medieval de José Serra.
Fariam muito melhor se, em vez dessa sessão saudades, levassem críticos do partido, pensamento diferenciado para prpovocar, expor os novos tempos, cobrar novas posições. Mas, aparentemente, a renovação nunca virá: o PSDB morrerá junto com seus fundadores. Uma pena!
Por Sérgio Saraiva
PSDB revê ideais para tentar voltar ao poder em 2015
Seminário reunirá expoentes tucanos, 'pais do Real' e acadêmicos para mostrar que sigla 'está voltando a pensar'
José Serra não havia confirmado presença no evento, que pretende ser o embrião de futura revisão do partido
VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO
Há mais de oito anos fora da Presidência, o PSDB inicia amanhã as discussões para tentar quebrar a hegemonia do PT e voltar ao poder.
O pontapé será dado no seminário "A Nova Agenda", promovido pelo ITV (Instituto Teotonio Vilela).
Embora a tentativa seja de renovar o ideário tucano, o evento terá uma cara de reencontro, ao reunir o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e alguns dos chamados "pais do Real", um time de economistas e acadêmicos que atuou no plano de estabilização da moeda.
A coordenação do seminário coube aos economistas Elena Landau e Edmar Bacha, ambos egressos do chamado "grupo da PUC-RJ", que deu as cartas na política econômica nos anos FHC.
O evento também terá participações de outros expoentes da era tucana, como os ex-presidentes do Banco Central Persio Arida, Armínio Fraga e Gustavo Franco, que atuam no mercado financeiro.
Para tentar aliar o resgate do legado de FHC a novas propostas, o partido chamou também nomes com atuação nas áreas sociais.
Segundo o presidente do ITV, o ex-senador Tasso Jereissati, a ideia do seminário é ser o embrião da revisão programática do partido.
"A agenda que se tem hoje é a que o partido formulou e implementou há quase 20 anos. Depois disso não se pensou mais o país. O PT se apropriou da nossa agenda e não avançou", disse à Folha.
O ex-senador faz um mea culpa pelo fato de o PSDB não ter defendido o que foi feito por FHC, sobretudo na economia. "Existe um erro que é entregar as campanhas políticas a marqueteiros".
Até sexta-feira a cúpula do PSDB não contava com a presença do ex-presidenciável José Serra. Preterido para o comando do ITV, Serra trava, desde então, embates por espaço na legenda. Aliados disseram que o seminário foi montado para alavancar a pré-candidatura de Aécio Neves à Presidência.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0611201117.htm
Não tem jeito. Vinte anos após o Plano Real, o PSDB continua preso à síndrome dos pacotes.
O que Elena Landau, Edmar Bacha, Arminio Fraga tem a oferecer como bandeira partidária? Com exceção de Elena - que nunca pertenceu aos quadros intelectuais do partido - os demais economistas foram personagens circunstanciais da história do país, com relevância, sem dúvida, mas datados. Tiveram espaço enquanto a bandeira maior era a da estabilização econômica.
De lá para cá o país e a agenda política avançaram de modo irresistível. O país tornou-se uma economia de massa, a política de gabinete ficou irremediavelmente anacrônica, a mística dos grandes sábios da planilha esboroou-se quando, passada a fase da estabilização, o Brasil tornou-se um país complexo, composto por um conjunto de prioridades simultâneas, como mercado de capitais e políticas sociais, participação popular e desburocratização, desenvolvimento regional e globalização da economia.
Cadê os quadros intelectuais que estão pensando o novo? Em vez de garimpar na academis os novos valores - à falta de militância -, o partido vai buscar ícones defasados, de uma época que já foi superada pela história.
O dilema maior é que, se excluir esses quadros de mercado, a bandeira remanescente será da intolerância do pensamento medieval de José Serra.
Fariam muito melhor se, em vez dessa sessão saudades, levassem críticos do partido, pensamento diferenciado para prpovocar, expor os novos tempos, cobrar novas posições. Mas, aparentemente, a renovação nunca virá: o PSDB morrerá junto com seus fundadores. Uma pena!
Por Sérgio Saraiva
PSDB revê ideais para tentar voltar ao poder em 2015
Seminário reunirá expoentes tucanos, 'pais do Real' e acadêmicos para mostrar que sigla 'está voltando a pensar'
José Serra não havia confirmado presença no evento, que pretende ser o embrião de futura revisão do partido
VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO
Há mais de oito anos fora da Presidência, o PSDB inicia amanhã as discussões para tentar quebrar a hegemonia do PT e voltar ao poder.
O pontapé será dado no seminário "A Nova Agenda", promovido pelo ITV (Instituto Teotonio Vilela).
Embora a tentativa seja de renovar o ideário tucano, o evento terá uma cara de reencontro, ao reunir o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e alguns dos chamados "pais do Real", um time de economistas e acadêmicos que atuou no plano de estabilização da moeda.
A coordenação do seminário coube aos economistas Elena Landau e Edmar Bacha, ambos egressos do chamado "grupo da PUC-RJ", que deu as cartas na política econômica nos anos FHC.
O evento também terá participações de outros expoentes da era tucana, como os ex-presidentes do Banco Central Persio Arida, Armínio Fraga e Gustavo Franco, que atuam no mercado financeiro.
Para tentar aliar o resgate do legado de FHC a novas propostas, o partido chamou também nomes com atuação nas áreas sociais.
Segundo o presidente do ITV, o ex-senador Tasso Jereissati, a ideia do seminário é ser o embrião da revisão programática do partido.
"A agenda que se tem hoje é a que o partido formulou e implementou há quase 20 anos. Depois disso não se pensou mais o país. O PT se apropriou da nossa agenda e não avançou", disse à Folha.
O ex-senador faz um mea culpa pelo fato de o PSDB não ter defendido o que foi feito por FHC, sobretudo na economia. "Existe um erro que é entregar as campanhas políticas a marqueteiros".
Até sexta-feira a cúpula do PSDB não contava com a presença do ex-presidenciável José Serra. Preterido para o comando do ITV, Serra trava, desde então, embates por espaço na legenda. Aliados disseram que o seminário foi montado para alavancar a pré-candidatura de Aécio Neves à Presidência.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0611201117.htm
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