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terça-feira, 29 de junho de 2010

A dama de veludo



Ex-dama de ferro – ao menos no dizer da imprensa do PSDB –, Dilma Rousseff, no Roda Viva que foi ao ar pela TV Cultura na noite de segunda-feira, esteve mais para dama de veludo. Diante das provocações até mal-educadas de ao menos dois entrevistadores – como não poderia deixar de ser, o da Folha de São Paulo e o do Globo – soube controlar, de uma forma surpreendente, uma irritação esperável diante de gente que estava ali para provocá-la.

Germano Oliveira, chefe de redação de O Globo, e Sergio Dávila, editor-executivo da Folha de São Paulo, fizeram, respectivamente, duas perguntas evidentemente talhadas para desestabilizar emocionalmente a candidata do PT à Presidência. O primeiro perguntou, na lata, se ela se considerava um “poste”, e o segundo, se ela mandara fazer um dossiê contra o adversário José Serra.


Ainda bem que não sou político. Não teria tido o jogo de cintura de Dilma, em tal situação. Com um sorriso entre maroto e irônico, disse ao atirador de O Globo que dizerem que ela é um poste não a transforma em um. E, ao da Folha, sem sorrisos, mas com impressionante serenidade e suavidade, disse, simplesmente, que a Folha precisa apresentar prova de sua acusação. Foi o que bastou para fechar-lhe a boca.

Mas que ela poderia ter dito àquele menino da Folha que dossiê é a ficha falsa que o jornal que o emprega fez contra si, poderia. Seria um erro, mas eu iria adorar…

Mas Dilma agiu certo. Ao fim do programa, já granjeara a simpatia de praticamente todos, com exceção do enviado do Globo, que não escondia a raiva que parecia sentir diante do baile que a candidata deu nele e em todos os outros, sobretudo por manter a calma e o bom humor diante de perguntas idiotas como a de Vera Brandimarte, do jornal Valor Econômico, que comparou as taxas de juros próximas de zero dos países ricos com a do Brasil, que está subindo.

Explico que a pergunta é idiota porque os países ricos tiveram que levar suas taxas de juros ao chão porque suas economias estão semi-falidas, enquanto que a do Brasil só faz se fortalecer a um ponto que já começa a criar uma inflação de demanda – ocasionada por mais procura por produtos do que a capacidade de produzi-los, o que põe em campo a lei da oferta e da procura.

A calma e o bom humor que Dilma conseguiu manter mesmo diante de eventuais faltas de respeito e de educação dos entrevistadores foram, a meu ver, os pontos altos de sua performance no Roda Viva de ontem. Mais até do que a sua segurança nas respostas, porque esse era o teste que a ela se apresentava, o de saber se manter racional diante de provocações afrontosas.

Impressiona o progresso de Dilma, essa sua capacidade de aprender. E não me refiro a números ou a outros dados que podem ser decorados, mas à inteligência emocional que adquiriu de uns tempos para cá – há pouco tempo, penso que teria se estressado. Aliás, contra Serra, ela deve crescer mais do que no programa em questão. Até porque, quem vem demonstrando dificuldade para se controlar emocionalmente, é ele.


Fonte: Cidadania

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