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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

“Me perdoe, me perdoe”…”Eu compreendo”


Pena que eu gastei a foto no post anterior. Porque ela ilustraria perfeitamente o tom da entrevista de José Serra a William Bonner, hoje, no Jornal Nacional.

Começou com uma “levantada de bola” para o personagem “Serrinha Paz e Amor” dizer que “a discussão não é o Lula”.  Não, não é o Lula: é o governo Lula e a reversão dos rumos que o governo FHC-Serra deu ao país  durante oito anos.

Daí em diante foi uma partida de vôlei, num clima de convescote. “O senhor me permita”, dizia Bonner, ao interromper o candidato tucano, ao contrário das interrupções grosseiras que fez com Dilma. E Serra teve todo o espaço para falar da saúde, da saúde, da saúde, sem sequer ter sido confrontado com os números de sua gestão no ministério.

A escalada para questionar – até porque é uma pessoa mais educada que Bonner – foi Fátima Bernardes, que foi infinitamente mais civilizada que o marido na entrevista de Dilma. Ela o desempenhou moderadamente, é verdade, mas não partilhou dos esparramos carinhoso de Bonner para com Serra.

Ao questionar o apoio de Roberto Jefferson, o problema com ele era estar no “mensalão petista”. Os pedágios viraram escada para falar das estradas federais e da CIDE, “esquecendo” que o tal superávit primário vem da gênese tucana do pagamento de juros dos quais nos faltam forças políticas para fugir.
No final, quando Serra estourou o tempo, William Bonner era um outro homem, totalmente diferente do truculento de segunda-feira. O diálogo, que reproduzo acima, retrata o clima de compadrio com que transcorreu a entrevista:

Bonner: – “Me perdoe, me perdoe”…

Serra: “Eu compreendo”…

Nós também compreendemos, faz tempo.

Como fiz com a central antiboatos lançada por José Serra, não posso me furtar a oferecer uma modesta contribuição ao apresentador William Bonner para a entrevista de daqui a pouco com José Serra. Portanto, sugiro meia-dúzia de perguntas, tão ou mais gentis do que as feitas por ele a Dilma, para serem feitas ao candidato tucano.

1 – O senhor, por gentileza, poderia confirmar ou desmentir as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que foi o senhor o grande incentivador da privatização da Vale? O que o senhor acha de ela ter sido vendida por menos do que foi o lucro da empresa, este ano, em apenas três meses?


2- O presidente Fernando Henrique ficou conhecido pela frase “esqueçam o que escrevi”. O senhor escreveu e assinou  a promessa de que não deixaria a prefeitura de São Paulo antes de terminado o mandato. E deixou. Também vale para José Serra o “esqueçam o que escrevi”?


3- O senhor declarou que, ao entrar no Ministério da Saúde, nem sabia o que eram os genéricos. É verdade que os genéricos foram criados muito antes, pelo então ministro Jamil Haddad?


4- Na segunda-feira, eu perguntei a Dilma sobre o apoio de Sarney, de Collor e de Renan Calheiros. Agora eu pergunto  se o PSDB e o senhor, que combateram tanto Paulo Maluf e Orestes Quércia, se os senhores mudaram. Qual Serra estava correto, aquele  que combatia Maluf e que saiu do PMDB de Quércia ou o Serra de agora, apoiado pelos dois?


5- O seu vice, Indio da Costa, declarou que o PT é ligado às Farc e ao narcotráfico. O senhor confirma essa declaração, de que o PT tem ligação com o tráfico de drogas?


6- Na sua campanha, em 2002, o senhor usou como símbolo uma carteira profissional, aquela azulzinha, como representação do sonho de todo brasileiro em ter um emprego. O Governo do qual o senhor participou e do qual foi o candidato, naquela ocasião, criou menos empregos em oito anos que o Governo Lula só nestes sete meses de 2010. O senhor acha que isso é poder mais?


Como vocês podem ler, fui legal e nem falei no pedágio, para que não aconteça com o Bonner o que aconteceu com o Heródoto Barbeiro, da TV Cultura, que perdeu o emprego.

Fonte: Tijolaço

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