Como não há muito mais o que dizer sobre as pesquisas, prefiro falar daquilo que, em tese, poderia alterá-las. Assisti, pela internet, aos programas de TV da tarde de Dilma e Serra e, na televisão, aos do horário “nobre”, à noite. O que concluí do que vi, parece-me que salta aos olhos e que muitos deverão concluir também.
A primeira impressão que os programas de Serra (tanto o da tarde, quanto o da noite) me causaram foi de déjà vu, ou seja, de já ter visto aquilo antes. O velho esquema de colocar pessoas carentes, em boa parte idosas, para elogiarem um tucano docemente constrangido unido a cenas cinematográficas de obras na saúde que o povo só vê na televisão.
Já os programas de Dilma me impressionarem sobretudo pelo formato inovador e, em certa medida, grandiloqüente, sim, porém transmissor de entusiasmo ao citar conquistas do país que conferem ao presidente da República e ao seu governo os índices estratosféricos de popularidade que se sabe.
Dizem que a coligação que apóia Serra tem um arsenal de ataques à honra de Dilma preparado para explodir na telinha e no rádio nos próximos dias. Pode ser que use. Contudo, não acho que será uma boa idéia em um momento de pura promessa que o país vive.
O brasileiro aprendeu, nos últimos anos, que é possível, sim, mudar de vida através do voto neste ou naquele candidato. Ouso dizer que o cidadão comum já reflete como a decisão que tomou em 2002 o levou aonde está hoje.
A questão é saber onde o brasileiro está, portanto. Pelo que sei, está conseguindo empregos, está conseguindo ver os filhos entrarem na universidade, está tendo aumento de salário, está vendo a renda familiar crescer, enfim, está vendo pontos positivos do país de uma forma que o faz responder como tem respondido às pesquisas sobre como vê o governo do país.
Serra continua com o discurso de 2002, quando o povo se importava com migalhas como os genéricos porque andava com os bolsos furados pelas incessantes crises da era FHC. Hoje, não precisa mais de estratégias de barateamento de itens básicos simplesmente porque tem dinheiro no bolso para comprá-los.
O programa de Dilma foi mais hábil em explorar esse sentimento que ficou conhecido como sensação de bem-estar em massa, ou, como preferem alguns, o “feel god factor”. O de Serra simplesmente acenou com exaltação de um político por supostos feitos de sua autoria que já se incorporaram ao país em uma época que muitos preferem esquecer.
Mas, enfim, essa é só a minha opinião. Em cerca de um mês e meio saberemos se estou certo.
Fonte: Cidadania
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
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