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domingo, 24 de outubro de 2010

Paulo Preto, o democrata da engenharia


Paulo Vieira de Souza, o desconhecido mais famoso do Brasil, deve ter um conceito extraordinário sobre seus colegas de engenharia. Numa entrevista à Folha de S. Paulo – a internet é implacável – sobre as causas do desmoronamento das vigas do Rodoanel que só por milagre não tirou a vida de ninguém desqualificou grosseiramente o seu órgão de classe, e olhe que nem estava reagindo a qualquer acusação.
O famoso Paulo Preto comparou as opiniões do presidente do Conselho de Engenharia e Arquitetura de São Paulo, às de qualquer pessoa leiga, dando como exemplos a sua mulher (que é decoradora) e sua empregada doméstica.
Para que não achem que é mais um “trololó petista”, até porque eu não gosto de trololós e muito menos sou petista, reproduzo a matéria publicada  pela Folha de S. Paulo no dia 20 de novembro do ano passado:

Dersa iguala opinião do Crea sobre obra do Rodoanel à de doméstica

ROGÉRIO PAGNAN
ALENCAR IZIDORO
 
da Folha de S.Paulo
A Dersa (estatal do governo paulista) autoriza as construtoras do Rodoanel a manterem a estratégia adotada na instalação das vigas que desabaram no trecho sul e que foi considerada tecnicamente incorreta pelo Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura). O órgão da gestão José Serra (PSDB) não vê nenhum problema no fato de as empreiteiras terem inserido na construção do viaduto que caiu só quatro das cinco vigas previstas –a última seria colocada depois.
O presidente do Crea-SP, José Tadeu da Silva, afirmou nesta semana, em entrevista coletiva, que esse procedimento desrespeita as boas práticas da engenharia, que ele pode provocar sobrecarga e que essa é a principal hipótese do acidente da última sexta-feira, quando a estrutura desabou sobre veículos na Régis Bittencourt.
O diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, disse que as construtoras estão liberadas para repetir esse procedimento (de não instalar todas as vigas de uma só vez), inclusive quando for retomada a obra do viaduto que desabou.
“Pode deixar uma só viga lá por dez anos. Não cai. É garantido. Isso não é causa de acidente”, afirmou Souza à Folha, comparando a manifestação do Crea, cujo presidente é engenheiro civil, à de leigos. “Não são especialistas. Se perguntar para minha esposa [que é decoradora], ela tem uma opinião. A empregada de casa também. Todo mundo [tem]“, declarou.
Aliás, aproveito o post para dar razão a José Serra de dizer que desconhecia Paulo Preto, mostrando esta imagem da inauguração do Rodoanel,  há seis meses. Ele, de fato não podia saber que a mão que o protegia era de Paulo Vieira de Souza, pois estava de costas…

Paulo Preto, o desconhecido mais rápido do Oeste

Não deviam mesmo ter largado “um líder ferido na beira da estrada”. Paulo Preto está se revelando mesmo o “homem-bomba” da campanha serrista. Hoje, o repórter Alencar Isidoro, da Folha de S. Paulo, conta que “um dia após assumir a diretoria da Dersa responsável pelo Rodoanel, Paulo Vieira de Souza assinou uma alteração contratual na obra que deu liberdade para empreiteiras fazerem mudanças no projeto e, na prática, até usarem materiais mais baratos.”
Ou seja, o “não sei quem é Paulo Preto” foi a pessoa de confiança escolhida por Serra para mudar as regras do contrato de construção do Rodoanel, esbatelecidas ainda no Governo Geraldo Alckmin. Pois só isso explica que o engenheiro José Carlos Karabolad, até então diretor de Engenharia do órgão, ter se demitido dois dias antes, sendo imediatamente substituído por Paulo Preto que, apesar de não ter até o momento qualquer ligação direta com o projeto do Rodoanel, como gênio da engenharia que é, em apenas 24 analisou todas as implicações da mudança e a autorizou.
Todo mundo pode fingir que não tem nada a ver uma coisa com a outra, sair de fininho, assobiando, porque o simples bom-senso refuta a idéia de que possa ter sido mera coincidência. Até porque, para qualquer pessoa minimamente responsável, num contrato milionário como o do Rodoanel, sobre um projeto de engenharia complexo (só de viadutos, como aquele cujas vigas caíram, são 136!) não poderia ter liquidado o exame destas alterações em 24 horas, pois se tratava de substituir o preço por serviço específico executado – mensurável – por uma negociação de “pacote”, do tipo empreitada a preço fechado.
A própria Folha afirma que “a mudança contratual enfrentava resistência na estatal, tanto pelo aspecto jurídico como pela avaliação de que não evitaria mais gastos”.
Paulo Preto está doendo na cabeça de Serra mais, muito mais  do que uma bolinha de papel.
Fonte: Tijolaço

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