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terça-feira, 12 de abril de 2011

China e Brasil fecham acordos mas não falam sobre iuan

Por Raymond Colitt

PEQUIM (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff não fez reclamações sobre a questão do iuan durante reunião com o presidente da China, Hu Jintao, nesta terça-feira, mas saiu do encontro com um acesso maior ao mercado chinês e promessas de investimento que podem aliviar as tensões comerciais.

As manufatureiras brasileiras têm reclamado que a moeda chinesa está muito depreciada, prejudicando sua competitividade e dando às indústrias da China uma vantagem injusta.

Mas, apesar de ter sinalizado que poderia tocar no assunto, Dilma não discutiu a disputa cambial com Hu durante o encontro em Pequim, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

"Não, não foi (discutido)", disse Pimentel a jornalistas ao ser perguntado se a questão do iuan havia sido mencionada.

A ausência do assunto pode ser considerada uma vitória para a China, que tem resistido à pressão internacional para elevar o valor do iuan.

Mas Dilma conseguiu fechar uma série de acordos comerciais no primeiro dia de sua visita à China. Pimentel disse que empresas chinesas fecharam acordos de investimentos para projetos no Brasil que chegam a 1 bilhão de dólares, além do acordo de compra de 35 jatos comerciais médios fabricados pela Embraer, anunciado mais cedo.


A presidente disse que as relações de comércio bilateral precisam de um salto qualitativo para serem sustentáveis.

"As exportações brasileiras para a China ainda estão excessivamente concentradas em produtos como soja, minério de ferro, petróleo e celulose. Isso é bom, mas não é o bastante", disse Dilma em encerramento de seminário empresarial Brasil-China.

"São todos produtos importantes, cuja exportação queremos incrementar, agregando a eles valor. É necessário, no entanto, diversificá-los para que a expansão do comércio bilateral seja sustentável."

O comunicado conjunto de Dilma e Hu também não mencionou a questão da moeda, e fez pouco progresso em obter apoio da China a um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Sobre esse tema, a China disse apenas apoiar "as aspirações (do Brasil) por um papel mais proeminente nas Nações Unidas".

RELACIONAMENTO DESEQUILIBRADO

A visita de cinco dias de Dilma à China, iniciada na terça-feira, tem o objetivo de garantir mais concessões no que muitos brasileiros consideram uma relação desequilibrada de comércio e investimento entre as maiores economias da América Latina e da Ásia.

O Brasil deseja, particularmente, ganhar mais investimento e acesso ao mercado chinês para produtos com valor agregado. No ano passado, 83 por cento das exportações brasileiras à China foram de produtos básicos, enquanto 98 por cento das importações foram de produtos manufaturados.

Uma das conquistas de Dilma foi um pedido de empresas aéreas chinesas, incluindo a China Southern, por jatos Embraer, cujo valor unitário é de cerca de 40 milhões de dólares, disse o CEO da fabricante brasileira, Frederico Curado, durante evento em Pequim.

Separadamente, a joint venture da Embraer na China, a Harbin Aircraft Ltd, obteve uma permissão de autoridades chinesas para montar o jato comercial da empresa, o Legacy 600.

Outros acordos anunciados durante a visita de Dilma incluem centros de pesquisa e desenvolvimento em Goiás e São Paulo, cada um no valor de 300 milhões de dólares.

O frigorífico Marfrig investirá 250 milhões de dólares em seis centros de distribuição na China.

A Petrobras fechou acordos de transferência de tecnologia com a Sinopec e a Sinochem para desenvolver as reservas de petróleo do pré-sal e aumentar a produção em reservas maduras, respectivamente.

Dilma deve se reunir com outras autoridades chinesas na quarta-feira antes de participar de reunião de cúpula do Brics, grupo que reúne também Rússia e Índia, além do novo membro África do Sul.

(Reportagem adicional de Chris Buckley e Michael Martina)

China incentivará importados de maior valor do Brasil


BRASÍLIA (Reuters) - A China se comprometeu a incentivar o aumento das importações de produtos de maior valor agregado do Brasil, segundo comunicado conjunto dos dois países divulgado nesta terça-feira, durante visita da presidente Dilma Rousseff a Pequim.

A diversificação das exportações à China é uma das principais reivindicações do setor produtivo nacional, que reclama do domínio de produtos básicos, como commodities, na pauta de vendas ao país asiático.

"A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil", afirmou comunicado divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores.

No ano passado, 83 por cento das exportações brasileiras à China foram de produtos básicos, enquanto 98 por cento das importações foram de produtos manufaturados.

Já o Brasil reafirmou o compromisso de tratar com rapidez a questão do reconhecimento da China como economia de mercado, segundo o comunicado conjunto.

Em 2004, o governo brasileiro declarou reconhecer a China mas não formalizou a decisão. A posição é contestada por empresários brasileiros, que acusam exportadores chineses de práticas desleais, como dumping.

Outra questão sensível aos exportadores brasileiros, o valor baixo do iuan, não foi mencionada no comunicado.

Os países também reiteraram o compromisso com as negociações para a conclusão da Rodada de Doha e em ampliar os investimentos recíprocos em diversas áreas, como tecnologia, energia, mineração, logística e setor automotivo.

ONU E DIREITOS HUMANOS

O objetivo do Brasil de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização da Organização das Nações Unidas (ONU) não recebeu apoio formal dos chineses.

Apesar de defender, junto com o Brasil, a necessidade de reforma na entidade, o governo chinês disse apenas que "compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas".

Em relação à questão dos direitos humanos, tema sensível aos chineses, os países fortalecerão consultas bilaterais e promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas".

(Por Hugo Bachega)

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