Seja bem-vindo. Hoje é

Contador único p/ IP

sábado, 6 de agosto de 2011

Após escândalos do PIG, Globo lança “princípios editoriais”



“Os veículos jornalísticos das Organizações Globo devem ter a isenção como um objetivo consciente e formalmente declarado”, diz o manual de princípios da Globo. Entretanto, a manchete desmente o documento. Isenção é isto?

O Jornal Nacional deste sábado traz uma novidade curiosa. A empresa divulgou, com grande destaque, um documento intitulado “Princípios editoriais das Organizações Globo”.
Algo motivou a Globo em tal investida, evidentemente. Mas o quê?
Por telefone, conversei com a jornalista Conceição Lemes, do blog Viomundo. Ela não viu a matéria do Jornal Nacional mas lembra dos sucessivos escândalos do conglomerado midiático de Rupert Murdoch, envolvido em diversos crimes, inclusive a utilização em larga escala de grampos telefônicos na Inglaterra. Para Conceição Lemes, esta pode ser uma pista importante a seguir para entendermos os tais “princípios editoriais”.
O escândalo Murdoch acendeu a luz amarela das grandes corporações midiáticas de todo o mundo, inclusive na Globo.
Em seguida, lembro eu, veio a denúncia bombástica de Rodrigo Vianna, jornalista que divulgou a disposição da Globo em fritar Celso Amorim.
Outro fato pode ter contribuído para a iniciativa dos Marinho: a concorrência é cada vez maior e a Record está na cola da Globo, investindo alto em jornalismo e roubando anunciantes importantes e uma fatia grande da audiência. O “manual” seria uma forma de acalmar os anunciantes, cada vez mais preocupados com a credibilidade dos veículos em que anunciam.
Coincidência ou não, a verdade é que as organizações Globo resolveram reagir e agora, só agora, afirma seus “princípios”. Quer dizer que até este momento a empresa não tinha “princípios”?
Como diz o ditado, Jaboti não sobe em árvore.
Entretanto, ao analisarmos a manchete do jornal O Globo sobre a demissão do ex-ministro Nelson Jobim e sua substituição por Celso Amorim, chegamos a conclusão de que o documento ainda não foi colocado em prática.
Diante do fato novo, O Globo estampou na manchete: “Dilma troca ministro de Lula por ministro de Lula”. Isto lhe parece uma manchete isenta?
Vai ver o documento só tem validade a partir da data de sua publicação(6/08), por isso não retroagiu à manchete de O Globo.
Será?

A Globo vai partir pra cima de Amorim: isso prova que Dilma escolheu bem!

por Rodrigo Vianna

Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa.

O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: “é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar “turbulência” no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha.

Trata-se do velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel: as “reportagens” devem comprovar as teses que partem da direção.

Foi assim em 2005, quando Kamel queria provar que o “Mensalão” era “o maior escândalo da história republicana”. Quem, a exemplo do então comentarista Franklin Martins, dizia que o “mensalão” era algo a ser provado foi riscado do mapa. Franklin acabou demitido no início de 2006, pouco antes de a campanha eleitoral começar.

No episódio dos “aloprados” e do delegado Bruno, em 2006, foi a mesma coisa. Quem, a exemplo desse escrevinhador e de outros colegas na redação da Globo em São Paulo, ousou questionar (“ok, vamos cobrir a história dos aloprados, mas seria interessante mostrar ao público o outro lado – afinal, o que havia contra Serra no tal dossiê que os aloprados queriam comprar dos Vedoin?”) foi colocado na geladeira. Pior que isso: Ali Kamel e os amigos dele queriam que os jornalistas aderissem a um abaixo-assinado escrito pela direção da emissora, para “defender” a cobertura eleitoral feita pela Globo. Esse escrevinhador, Azenha e o editor Marco Aurélio (que hoje mantem o blog “Doladodelá”) recusamo-nos a assinar. O resultado: demissão.

Agora, passada a lua-de-mel com Dilma, a ordem na Globo é partir pra cima. Eliane Cantanhêde também vai ajudar, com os comentários na “Globo News”. É o que me avisa a fonte. “Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando”.

Detalhe: eu não liguei para o colega jornalista. Foi ele quem me telefonou: “rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo.”

A questão é: esses ataques vão dar certo? Creio que não. Dilma saiu-se muito bem nas trocas de ministros. A velha mídia está desesperada porque Dilma agora parece encaminhar seu governo para uma agenda mais próxima do lulismo (por mais que, pra isso, tenha tido que se livrar de nomes que Lula deixou pra ela – contradições da vida real).

Nada disso surpreende, na verdade.

O que surprendeu foi ver Dilma na tentativa de se aproximar dessa gente no primeiro semestre. Alguém vendeu à presidenta a idéia de que “era chegada a hora da distensão”. Faltou combinar com os russos.

A realidade, essa danada, com suas contradições, encarregou-se de livrar Dilma de Palocci, Jobim e de certa turma do PR. Acho que aos poucos a realidade também vai indicar à presidenta quem são os verdadeiros aliados. Os “pragmáticos” da esquerda enxergam nas demissões de ministros um “risco” para o governo. Risco de turbulência, risco de Dilma sofrer ataques cada vez mais violentos sem contar agora com as “pontes” (Palocci e Jobim eram parte dessas pontes) com a velha mídia (que comanda a oposição).

Vejo de outra forma. Turbulência e ataques não são risco. São parte da política.

Ao livrar-se de Jobim (que vai mudar para São Paulo, e deve ter o papel de alinhar parcela do PMDB com o demo-tucanismo) e nomear Celso Amorim, Dilma fez uma escolha. Será atacada por isso. Atacada por quem? Pela direita, que detesta Amorim.

Amorim foi a prova – bem-sucedida – de que a política subserviente de FHC estava errada. O Brasil, com Amorim, abandonou a ALCA, alinhou-se com o sul, e só cresceu no Mundo por causa disso.

Amorim é detestado pelos méritos dele. Ou seja: apanhar porque nomeou Amorim é ótimo!

Como disse um leitor no twitter: “Demóstenes, Álvaro Dias e Reinaldo Azevedo atacam o Celso Amorim; isso prova que Dilma acertou na escolha”.

Não se governa sem turbulência. Amorim é um diplomata. Dizer que ele não pode comandar a Defesa porque “diplomatas não sabem fazer a guerra” (como li num jornal hoje) é patético.

O Brasil precisa pensar sua estratégia de Defesa de forma cada vez mais independente. É isso que assusta a velha mídia – acostumada a ver o Brasil como sócio menor e bem-comportado dos EUA. Amorim não é nenhum incediário de esquerda. Mas é um nacionalista. É um homem que fala muitas línguas, conhece o mundo todo. Mas segue a ser profundamente brasileiro. E a gostar do Brasil.

O mundo será, nos próximos anos, cada vez mais turbulento. EUA caminham para crise profunda na economia. Europa também caminha para o colpaso. Para salvar suas economias, precisam inundar nosso crescente mercado consumidor com os produtos que não conseguem vender nos países deles. O Brasil precisa se defender disso. A defesa começa por medidas cambiais, por política industrial que proteja nosso mercado. Dilma já deu os primeiros passos nessa direção.

Mas o Brasil – com seus aliados do Cone Sul, Argentna à frente - não será respeitado só porque tem mercado consumidor forte, diversidade cultural e instituições democráticas. Precisamos, sim, reequipar nossas forças armadas. Precisamos fabricar aviões, armas. Precisamos terminar o projeto do submarino com propulsão nuclear.

Não se trata de “bravata” militarista. Trata-se do mundo real. A maioria absoluta dos militares brasileiros – que gostam do nosso país – não vai dar ouvidos para Elianes e Alis; vai dar apoio a Celso Amorim na Defesa, assim que perceber que ele é um nacionalista moderado, que pode ajudar a transformar o Brasil em gente grande, também na área de Defesa.

O resto é choro de anões que povoam o parlamento e as redações da velha mídia.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

FT: desafio do Brasil é administrar o sucesso


Conversa Afiada reproduz e-mail que recebeu do amigo navegante José Jorge, a propósito de reportagem do repeitado jornal de Economia da Inglaterra, o Financial Times, sobre o desafio de administrar o sucesso.

Que horror !

PHA


tudo bem ?


Leia o que escreví a respeito da matéria do Financial Times no G-1 a respeito do Brasil.


Um grande abraço, JJ


Os brasileiros, iluminados por Deus, foram sábios em elegerem Lula por dois mandatos e agora Dilma devido a perspicacia, altivez, seriedade e competência de ambos, para segurar as rédeas desse País e dar proseguimento ás politicas econômicas e sociais que foram implementadas e que tanto precisávamos para enfrentar e evitar que fossemos atingidos por uma das piores crises que começou na época do governo Lula em meados de 2008, que começou nos EEUU, permanecendo até hoje e se estendeu para os países da Europa. Para que a mesma não chegue aqui e continuem como “marolinhas” como nosso presidente chamou a mesma na época e provou isso com políticas internas que surtiram efeitos positivos que funcionaram como vacina que imunizou o nosso país contra essa crise que se alastra nos EEUU e Europa como um efeito dominó.

Se não fosse essas políticas implementadas por Lula aqui do Brasil, hoje estariamos todos com a cuia na mão.


Quem fala da situação previlegiada do Brasil diante do cenário mundial perante a crise é nada mais nada menos que o “Financial Times”, um dos jornais mais conceituados do mundo. Mas quem é cego, não vê e não quer enxergar, que continue acreditando no saci pererê, na branca de neve, nos 7 anões, lendo as notícias do “PIG”: Veja, Globo, Folha, Estadão


___________________________________________________


Desafio do Brasil é administrar o sucesso, diz ‘FT’


Para jornal britânico, Brasil assiste à distância dificuldades dos países desenvolvidos, mas precisa agir para evitar problemas futuros.


O Brasil se encontra nos últimos meses na “invejável posição de observador das loucuras do mundo desenvolvido”, mas ainda enfrenta o desafio de “como administrar seu próprio sucesso”, segundo afirma artigo publicado nesta quarta-feira (3) pelo jornal econômico britânico Financial Times.


“Um esforçado mercado emergente há uma década, o Brasil é hoje uma imagem de estabilidade macroeconômica e política comparada com seu antes subjugador parceiro do Norte e as antigas potências coloniais da Europa”, observa o jornal.


O texto observa que o pais é hoje credor dos Estados Unidos, tem mais de US$ 327 bilhões em reservas em moedas estrangeiras, uma economia em crescimento e o desemprego em seu nível mais baixo.


“Ainda assim, com o mundo desenvolvido mostrando tendências antes associadas com os mercados emergentes, o desafio para o Brasil é como administrar seu sucesso”, diz o artigo, assinado pelo correspondente do jornal em São Paulo.


(…)


Clique aqui para ler “Somos senhores do nosso próprio destino.” Dilma e Celso.

Para quem acha que a crise é história…


Um trecho da análise dos jornalistas Andrew Torchia e Paul Carrel, da Reuters londrina mostra bem os níveis de risco que a economia mundial corre, porque à crise econômica se soma o “estouro” dos tesouros nacionais, que livraram o sistema financeiro da bancarrota em 2008:
“Os índices de atividade em todo o mundo caíram para perto ou abaixo da linha de equilíbrio que separa a expansão da contração. Nesta semana, o juro dos bônus britânicos atingiu o menor nível já registrado, salientando o nervosismo dos investidores e o cenário ruim de crescimento.
Em alguns pontos, a situação é mais preocupante do que em 2008: há o risco de um rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos, além de um ataque do mercado de bônus à Itália, terceira maior economia da zona do euro, que colocou em questão a viabilidade da zona do euro no longo prazo. O preço das ações de bancos nos Estados Unidos e na Europa estão de volta aos mesmos níveis da época do colapso do Lehman.
“A diferença (entre 2008 e agora) é que essa não é apenas uma crise monetária e bancária, agora você tem uma crise monetária, bancária e soberana”, disse a analista da Natixis Sylvain Broyer.”

Se conselho fosse bom…


O “Financial Times” e o FMI dão hoje o mesmo conselho ao Brasil: “tá tudo muito bem, tá tudo muito bom, mas vocês precisam botar o pé no freio”.
É mais ou menos a tradução que se pode fazer do que disseram:
“O desafio para o Brasil é como administrar seu sucesso”, diz o FT, segundo a BBC.
“As perspectivas para a economia brasileira são positivas, mas há sinais de superaquecimento, avaliou o Fundo Monetário Internacional”, segundo a Agência Reuters.
Ora, como diria o Nélson Rodrigues, até as pedras da calçada sabem que os riscos e problemas agudos da economia brasileira não são os internos, mas o do mundo desenvolvido que estes nossos “muy amigos” representam.
Não há pressão inflacionária interna – exceto a do etanol – digna de significação, o que há é pressão cambial sobre os juros brasileiros, porque não há o que fazer com o capital sobrante no mundo desenvolvido, cuja economia virou um atoleiro.
Parece que a Presidenta Dilma Roussef estava adivinhando que nos dariam estes conselhos e já dispensou a ajuda, em seu discurso de ontem:
Aos que pensam que, em um momento de incerteza internacional como o que vivemos, o mais prudente é não agir e esperar a onda passar, eu contra-argumento, amparada na experiência que tivemos durante o período do governo do presidente Lula, em 2008 e 2009: é justamente em uma situação de tensões no mundo que devemos mostrar, além do indispensável bom senso, uma boa dose de ousadia.
Em 2008, enfrentamos a crise com desonerações e estímulos ao consumo. Hoje a situação é outra, mas não estamos dispensados de ser ousados. É claro que não vamos abdicar dos fundamentos do nosso modelo de desenvolvimento, baseado no controle da inflação, no rigor fiscal, no crescimento econômico com inclusão social e na preservação do nosso mercado interno. Mas este é, sem dúvida, o momento certo para desenvolver tecnologia e inovação. Este é o momento certo de agregação de valor na indústria nacional.”
É isso aí. Nosso mercado, nossa indústria, nossos empregos, nossa renda e nosso consumo são os combustíveis para fazer a roda girar. Se abrirmos mão deles, se frearmos demais o carro, voltamos a ser o Brasil da Roda Presa.

Fonte: Tijolaço

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O desaparecimento de Rubens Paiva

Por Nilva de Souza

Em 1971, Rubens Paiva saiu de casa para prestar esclarecimentos no Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Nunca mais voltou. Um livro e uma exposição resgatam sua memória e a história da repressão 40 anos depois do desaparecimento que simboliza como nenhum outro os abusos da ditadura militar brasileira

POR TADEU BREDA | ilustração: Thiago Vaz
@tadeubreda @thiagovazbr

No início da madrugada do dia 22 de janeiro de 1971, o telefone tocou na cabeceira da cama do médico Amílcar Lobo. Do outro lado da linha, um oficial do Destacamento de Operações e Informações (DOI) do Primeiro Exército, no Rio de Janeiro, exigia sua presença imediatamente. A missão era bem simples: verificar as condições de saúde de um prisioneiro e dizer se o interrogatório poderia continuar sem que o procedimento acabasse em tragédia.

“Ele era uma equimose só, estava roxo da ponta dos cabelos à ponta dos pés”, afirmaria o dr. Lobo à revista Veja dezessete anos mais tarde. “Ele havia sido torturado e, quando fui examiná-lo, verifiquei que seu abdômen estava endurecido. Suspeitei que teria havido uma ruptura do fígado ou do baço, pois elas provocam uma brutal hemorragia interna.”

A orientação do médico foi clara: “É melhor dar uma parada”, alertou. “Se ele não for para o hospital, vai ter poucas horas de vida.” Os torturadores não ouviram, e o diagnóstico se confirmaria ao amanhecer. “No mesmo dia, quando voltei ao quartel, um oficial me falou: aquele cara morreu.”

Eis um pouco do pouco que se sabe sobre o caso mais emblemático de desaparecimento político durante a ditadura militar brasileira. O cara que morreu – e cujo corpo jamais foi encontrado – era Rubens Paiva, empresário, engenheiro e ex-deputado federal, casado e pai de cinco filhos, rico e influente, mas que, apesar de todos os pesares, saiu de casa acompanhado por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA) no dia 20 de janeiro de 1971 para prestar alguns esclarecimentos, coisa rápida, no quartel da Terceira Zona Aérea. Nunca mais voltou.

Em 2011, quando sua morte completa 40 anos de incertezas, as injustiças cometidas pelo regime militar contra milhares de brasileiros voltam a ganhar espaço na memória coletiva. Por dois motivos.

O primeiro deles é o lançamento do livro Segredo de Estado – O Desaparecimento de Rubens Paiva, publicado pela Editora Objetiva, até agora o material mais completo de que se tem notícia sobre o trágico fim de seu protagonista. O autor da façanha é Jason Tércio, um jornalista carioca que não conhecia Rubens Paiva pessoalmente nem era amigo da família, mas que escreveu o livro “com o coração e as entranhas, porque a história de Rubens Paiva é a história de algo recorrente na humanidade: a luta pela liberdade”.

Não faltou motivação, portanto, para que Tércio se debruçasse sobre qualquer pedaço de papel que, perdido nos escassos arquivos disponíveis em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, pudesse oferecer alguma pista sobre seu personagem. Nos quatro anos e meio que dedicou ao livro, num trabalho diário de pesquisa e sistematização, o autor também entrevistou a mais de 50 pessoas. E, quando sentou para escrevê-lo, lançou mão de recursos literários para “exprimir todo o conteúdo humano” presente nesta vida e morte desaparecida.

“Meu objetivo é contar quem foi Rubens Paiva e como tudo aconteceu”, define Jason Tércio. “Há partes no livro que são invenções, mas não no sentido de mentira, e sim no de recriação da realidade. Todos os fatos relacionados à prisão, interrogatório e morte de Rubens Paiva estão rigorosamente baseados em documentação, depoimentos e outras fontes de informação. Trata-se de um romance de não-ficção.”

Apesar de haver trabalhado duro para lançar Segredo de Estado, e ter conseguido produzir uma obra elogiada pela família e amigos do desaparecido, Tércio faz questão de frisar que seu livro não deve ser encarado como a versão definitiva do caso Rubens Paiva. “Todo livro revela uma verdade provisória”, sublinha. “A história está sendo permanentemente reescrita na medida em que novos documentos são encontrados e reinterpretados.”

Além da “narrativa de fricção” escrita pelo jornalista carioca, há também uma exposição sobre Rubens percorrendo o circuito cultural brasileiro. Não tens epitáfio pois és bandeira pendurou nas paredes do Memorial da Resistência de São Paulo uma série de imagens, documentos e informações sobre a vida, os ideais e o sumiço do ex-deputado – sem esquecer da luta da família Paiva para conhecer seu paradeiro.

“Rubens Paiva foi o único deputado federal eleito pelo voto e cassado pelos militares que desaparece durante o regime. E não some no fundo da floresta, como aconteceu com os guerrilheiros que combateram no Araguaia. Era um sujeito com vida legal, com escritório de engenharia, nascido numa família de posses e que, de repente, foi sequestrado por agentes da Aeronáutica dentro de casa”, avalia Vladimir Sacchetta, curador da mostra. “O Rubens puxa uma fila de 184 nomes de desaparecidos políticos no Brasil, número que pode ser ainda maior. E o sentido da exposição, ao mostrar a história desse desaparecido emblemático, é exatamente evocar a memória de todas as pessoas que caíram fazendo resistência à ditadura.”

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ativismo: Cai Fora Ricardo Teixeira


Autor: 
 
Bola da Vez ESPN Brasil: Andrew Jennings volta ao Brasil - 09 Jul 2011
O Jornalista da BBC, Andrew Jennings, participou da gravação do programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, que foi ao ar no sábado 09 Jul às 21h - esta é a segunda vez que o jornalista é entrevistado pelo programa.
Autor das reportagens veiculadas na emissora pública inglesa BBC com denúncias contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Teixeira.


Segredos Sujos da Fifa




Fonte: Nassif

A ‘Disneylandia’ do filho de FHC


A perseguição da mídia a Lula e à sua família não terminou depois que ele deixou o poder. Desde a semana seguinte à posse de Dilma Rousseff, em janeiro, que os ataques ao ex-presidente miram todo e qualquer aspecto de sua vida particular – desde os valores que cobra para dar conferências (como faz seu antecessor Fernando Henrique Cardoso desde que deixou o poder) até as atividades privadas de seus familiares.
Essa perseguição obstinada, irrefreável e interminável acaba de ganhar mais um capítulo. Neste domingo, o jornal Folha de São Paulo expõe uma neta do ex-presidente-operário, Bia Lula, de 16 anos, que integra o elenco de uma peça de teatro que recebeu financiamento de 300 mil reais da operadora de telefonia OI. A matéria insinua que o financiamento só ocorreu devido à influência de Lula.
Este post, porém, não pretende questionar a função fiscalizadora da imprensa nas democracias e, sim, a seletividade nessa fiscalização. Não é ruim que a imprensa fiscalize a vida privada dos políticos desde que não faça isso em benefício de outros políticos, tornando-se partícipe do jogo político-partidário, o que lhe retira a credibilidade, razão pela qual esses conglomerados de mídia negam até a morte que têm qualquer preferência política.
Mas o que explica, então, que as atividades privadas dos filhos de um ex-presidente de determinado partido sejam devassadas dessa forma – não poupando nem uma garota de 16 anos ao lhe reproduzir a foto em uma matéria em que, ao fim e ao cabo, chama seu avô de ladrão (nas entrelinhas) – enquanto não acontece o mesmo com os negócios para lá de esquisitos do filho de FHC Paulo Henrique Cardoso, por exemplo?
Fico imaginando o que teria acontecido se Lula tivesse feito em relação ao seu filho o que fez o antecessor em relação ao dele, enquanto ambos  governavam…
Em 1996, Paulo Henrique Cardoso era casado com a filha do dono do Banco Nacional, cuja falência foi evitada por medida provisória editada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Aquela medida tornou possível a venda de parte boa do Banco Nacional para o Unibanco. A parte podre — de seis bilhões de dólares — ficou para o governo pagar. Este blogueiro se cansou de ler editoriais do Estadão defendendo a negociata.
Em 2000, dois anos antes de deixar o poder, FHC autorizou financiamento do seu governo à empresa do próprio filho, Paulo Henrique Cardoso, para montar o pavilhão brasileiro na Expo 2000 na Alemanha, na cidade de Hannover. Foram doados pelo governo federal, então, 14 milhões de reais. O Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal chiaram, inclusive. A imprensa, porém, deu algumas raras reportagens sobre o caso e nunca mais tocou no assunto, sobretudo depois que FHC deixou o poder.
A boa e velha hipocrisia da mídia dirá que tudo isso aconteceu faz tempo e tentará convencer os incautos de que naquela época foi feito um barulho sequer parecido com o que se faz hoje sob meras especulações e não sob fatos concretos como aqueles que pesavam sobre o filho do ex-presidente tucano. Contra Fábio Luís Lula da Silva, por exemplo, afirmam que financiamento da OI à empresa dele seria escandaloso. Mas alguém viu algum jornalista chamar de escandalosos os fatos sobre o filho de FHC?
E o pior é que PHC continua se metendo em negócios estranhos, para dizer o mínimo. A mídia deveria ter curiosidade sobre seus negócios porque seu pai é o líder máximo do maior partido de oposição, partido que controla governos estaduais poderosos como os de São Paulo (o mais rico do país) e Minas Gerais, sem falar da ascendência do ex-presidente sobre a grande mídia, o que faz dele político a ser agradado por empresas privadas.
Veja só, leitor, o negócio fechado no fim do ano passado pelo filho de um dos políticos mais poderosos e influentes do Brasil, um negócio sobre o qual a grande mídia não especulou nada, não quis saber nada e não publicou nada. Em 29 de novembro do ano passado a Rádio Disney estreou oficialmente no Brasil na frequência FM 91,3 MHz de São Paulo. A emissora foi negociada no começo do ano, quando a Walt Disney Company se uniu à Rádio Holding Ltda. e comprou a concessão. A Holding pertence a Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e detém 71% do negócio.
Walt Disney Company é um dos maiores grupos de mídia dos Estados Unidos e esse será o seu maior investimento no Brasil. Teve que se associar minoritariamente ao filho de FHC porque a legislação brasileira não permite que empresas estrangeiras controlem veículos de comunicação. Por isso precisa de um brasileiro…
O filho de Lula, dito “Lulinha” pela mídia, recebeu acusações explícitas e incessantes por receber financiamento de uma grande empresa. Por que foi diferente com o filho de FHC? O caso deles é bastante parecido, ora. Ambos têm sócios poderosos em empresas de comunicação – “Lulinha” produz conteúdo para uma televisão UHF e Paulo Henrique é sócio de um tubarão internacional numa rádio.
É injusto dizer que há irregularidades nesses negócios de familiares dos ex-presidentes. Para expor as famílias da forma como a Folha fez com a neta de Lula, deveria haver mais do que especulações. Tanto para a família do ex-presidente petista quanto para a do tucano. Os valores que eles cobram pelas palestras, idem. Mas se a mídia quer investigar, que faça com todos os políticos e não só com aqueles dos quais não gosta.
Fonte: Cidadania